Economia brasileira sai da recessão técnica e cresce 0,59% no terceiro trimestre, calcula BC

BRASÍLIA – A economia brasileira saiu da recessão técnica ao voltar a crescer no terceiro trimestre deste ano. Nas contas do Banco Central, a atividade aumentou 0,59% no período. Esse é o resultado do IBC-Br (índice da autoridade monetária que mede a atividade no Brasil). O dado foi melhor que o esperado pelos analistas do mercado financeiro. Na média, era aguardada uma expansão de 0,2%. Até os economistas mais otimistas não apostavam em algo maior que 0,5%.
Os números oficiais do IBGE mostram que a economia encolheu nos dois primeiros trimestres deste ano. Por isso, havia um quadro de recessão técnica, que foi encerrado agora, já que o desempenho do terceiro trimestre foi o melhor desde o segundo trimestre do ano passado, quando os dados oficiais revelaram que o Brasil cresceu 2,1%.
Os especialistas, entretanto, chamam a atenção para o fato de a economia continuar num processo de desaceleração. Nos últimos 12 meses, o crescimento medido pelo IBC-Br foi de 0,6%. Até o mês passado, essa taxa era de 0,8%. O ritmo de expansão da economia acumulado é de apenas 0,01% nos nove primeiros meses de 2014.
E os economistas do mercado financeiro não projetam melhora para este ano. A estimativa é que o Brasil tenha um crescimento pífio, perto de zero. A aposta é de 0,21% em 2014. Para o ano que vem, a ideia é que não haverá uma recuperação tão forte: a expectativa é de 0,8% de expansão econômica.
No mês passado, o Banco Central mostrou que a economia brasileira cresceu 0,4% em setembro. É mais do que apostavam os economistas. Há diferenças metodológicas importantes entre o cálculo do BC e os dados oficiais do IBGE. A conta da autoridade monetária é muito mais simples. No entanto, ela é divulgada com antecedência e pode nortear decisões do mercado financeiro, empresários e consumidores.
“A despeito do resultado reportado, mantemos a nossa expectativa de expansão de 0,2% para o PIB do terceiro trimestre (que será divulgado no final da próxima semana pelo IBGE), levando em conta as diferenças metodológicas entre os dois indicadores”, disse o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros em comunicado aos clientes.
Por causa dessas divergências, o IBC-Br mostra uma retração maior que a oficial no segundo trimestre: de 0,79%. O dado do IBGE era de queda de 0,6%. Por outro lado, o PIB do BC mostra um leve crescimento no primeiro trimestre deste ano de 0,09%. Já o dado oficial é que a economia encolheu 0,2% nesse período.
Apesar de incompleto, o IBC-Br serve para balizar as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). A cúpula do BC iniciou no mês passado um movimento de alta de juros para conter a inflação mesmo com a economia em quadro de recessão técnica.
Isso porque a inflação estourou a meta. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 6,59%. O objetivo para este ano é de 4,5% com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para baixo ou para cima.
DIFERENÇAS DO CÁLCULO OFICIAL DO PIB
O IBC-Br é o que os economistas chamam de proxy, uma aproximação, e indica a tendência da atividade econômica, o que ajuda a dar uma avaliação geral do PIB. O indicador do BC leva em conta trajetória de variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (indústria, agropecuária e serviços).
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Já o PIB é calculado pelo IBGE a partir da soma dos bens e serviços produzidos na economia. Pelo lado da produção, considera-se a agropecuária, a indústria, os serviços, além dos impostos. Já pelo lado da demanda, são computados dados do consumo das famílias, consumo do governo e investimentos, além de exportações e importações.
RECESSÃO TÉCNICA
A última vez que o Brasil registrou uma recessão técnica foi no quarto trimestre de 2008 e no primeiro de 2009 na esteira da crise internacional. A economia registrou recuo de 4,2% e de 1,7% respectivamente, na comparação com o trimestre anterior. Apesar de mais forte, ela foi rápida e no segundo trimestre de 2009, o PIB já crescia 1,9%.
Por Gabriela Valente, de O Globo.

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