Locadoras resistem à crise nacional

Principais compradoras diretas dos veículos produzidos no Brasil, as locadoras de automóveis encerraram o ano de 2017 na contramão de diversos setores geradores de economia e renda no País. No ano passado, conforme dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), a participação do setor no total de emplacamentos no Brasil foi de 16,56%. Foram emplacadas 359.702 unidades contra 217.848 veículos em 2016. O setor faturou R$ 15,5 bilhões – representando crescimento de 12,3% em relação ao ano anterior. No Rio Grande do Norte, onde a recessão econômica culminou na redução da frota de um ano para o outro, as locadoras mudaram o foco do negócio para conquistar novos clientes.

“Hoje atuamos com terceirização da frota para empresas privadas e órgãos públicos. Sem essa tendência de locação de frota, a situação estaria muito pior”, comenta o diretor regional da Abla no Rio Grande do Norte, João Bosco da Silva. Ele destaca que, somada à recessão que abalou a economia nacional de 2014 a 2017, a queda das operações internacionais no turismo potiguar – cujo número de turistas europeus e norte-americanos reduziu em cerca de 75% na última década – contribuiu negativamente para a redução da frota das locadoras instaladas no estado. Somente de 2016 para 2017, o número de carros à disposição caiu de 4.763 para 4.135.

Apesar da manutenção de empresas em operação de um ano para o outro, algumas locadoras fecharam nos último dez anos no estado, relembra João Bosco da Silva. “A crise provocou a falência de cerca de 20% das empresas do setor na última década. Desde 2008, há uma estagnação do nosso setor turístico. A queda da locação de automóveis voltada para esse segmento foi em torno de 40%. O turismo está muito aquém do que esperávamos. Falta uma priorização desse setor pelos entes públicos”, destaca João Bosco da Silva. Na baixa estação, quando o fluxo de turistas nacionais e internacionais reduz, a diminuição supera os 50%.

Na tentativa de manter os negócios em funcionamento, a maioria das locadoras passou a atuar na locação da frota para empresas públicas e privadas. Nos dias atuais, conforme dados da Abla no Rio Grande do Norte, cerca de 70% dos veículos estão disponibilizados para tais contratos. “Hoje, nós invertemos a lógica. Destinamos 70% para terceirização da frota e 30% para turismo e negócios”, declara. Com essa mudança de perfil de negócio, as locadoras passaram a investir mais em novos e modernos veículos, além de diminuir o tempo para renovação da frota.

Ao longo de 2017, as 319 locadoras que exploram o mercado de locação no estado compraram 1.147 automóveis novos. “Estamos sempre renovando a frota diante das exigências do mercado. A renovação demanda um investimento alto, caro. Ao longo dos anos, as diárias de locação praticamente se congelaram e, por isso, tivemos que ampliar nossa atuação para a terceirização da frota”, comenta João Bosco da Silva. A cada dois anos, em média, as empresas que atuam nesse segmento do mercado trocam os veículos. Os usados são vendidos para particulares ou lojas especializadas na comercialização de seminovos.

O diretor regional da Abla ressalta a importância dessa troca de veículos para a economia. “Nós mantivemos, ao longo de 2017, a produção das montadoras no Brasil. Somos o maior comprador direto. Se não fosse a nossa demanda, a crise no setor automobilístico seria maior. Nós precisamos de incentivo governamental, de linha de crédito específica, com juros menores para que os negócios progridam”, alerta. João Bosco diz que os juros cobrados na atualidade pelos bancos comerciais, além da restrição ao crédito em decorrência da alta inadimplência no País são pontos negativos para o setor de locação de veículos.

 

Fonte: Tribuna do Norte

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