Fiat e Jeep pegam carona na locação

Na nova economia, nada é tão novo quanto o hábito de utilizar sem comprar. Usufruir e experimentar, sem a obrigação da posse. E poucos setores simbolizam tão bem esse fenômeno como o mercado automobilístico. Entre as grandes montadoras, a palavra de ordem agora é pagar pelo uso – modelo popularmente conhecido como locação. A mais recente iniciativa – com certo atraso em relação a alguns de seus principais concorrentes – partiu da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), dona de marcas como Fiat e Jeep. A companhia anunciou na última semana uma nova empresa no País. Chamada Flua!, a divisão vai operar exclusivamente no mercado de carro por assinatura. A ideia é atender pessoas físicas e jurídicas, com prazos de locação de 12, 24 e 36 meses, sempre oferecendo carro zero.

A empresa no Brasil irá replicar a estrutura de negócio do grupo com aluguel de carros na Itália, com algumas adaptações para o consumidor brasileiro. “É uma nova empresa de mobilidade que vai dar a opção ao cliente de locação de carros por assinatura, com liberdade para escolher modelo, cor e opcionais que desejar”, disse Fabio Siracusa, executivo da FCA que recebeu a missão de comandar a nova companhia. Segundo ele, os carros locados sempre serão zero quilômetro e, a partir do pedido feito digitalmente, o cliente poderá acompanhar o tempo para a produção do veículo. “Esse mercado acompanha uma tendência que vem crescendo no Brasil e no mundo, diante da mudança de hábitos das pessoas, que priorizam mais o senso de mobilidade do que o senso de propriedade”, afirmou o executivo.

Os valores mensais da assinatura serão definidos em janeiro, quando a Flua! começa a operar ainda como projeto-piloto. A estratégia da FCA é expandir para outras cidades conforme a demanda for crescendo. A assinatura poderá ser feita pelo aplicativo da Flua! ou presencialmente nas 32 concessionárias das marcas Fiat e Jeep, em São Paulo e no Paraná, que serão parceiras do projeto. Haverá franquias de 1 mil, 2 mil e 3 mil quilômetros para rodar por mês. No pacote de assinatura, estão incluídos seguro, manutenção preventiva e assistência 24 horas.

Pelo aplicativo Flua! será possível acompanhar eventuais infrações de trânsito no período do contrato. Serão oferecidos oito modelos da Fiat (Argo, Cronos, Dobló, Ducato, Fiorino, Grand Siena, nova Strada e Toro) e dois da Jeep (Compass e Renegade, em diferentes versões). O cliente que rescindir o contrato antes do prazo terá de pagar multa de 50% do valor. Num primeiro momento, a FCA não oferecerá gestão terceirizada de frotas, como já fazem algumas montadoras (leia mais no quadro acima). No entanto, haverá planos especiais de assinaturas para pequenas e médias empresas. Quando um contrato terminar, o veículo pode ser adquirido pelo próprio locador. O carro que não for adquirido será enviado para revenda. O cardápio mostra uma mudança de comportamento de condumo. “O mercado de locação de carros vai continuar crescendo muito com essa mudança do consumidor, que dá prioridade à mobilidade e não à posse”, disse Antônio Jorge Martins, coordenador de cursos automotivos da Fundação Getulio Vargas (FGV).

E esse movimento parece um caminho sem volta. A produção global de automóveis, que superou 100 milhões de unidades nos últimos três anos, deve cair para 80 milhões neste ano, o que tem obrigado as montadoras a criar alternativas de faturamento. Atualmente, 45% da produção automotiva já é destinada às locadoras. “Estamos vivendo um mercado novo em que se faz necessário termos uma nova forma de venda de automóveis. É o momento de conquistarmos um público novo”, afirmou Marcos Penna, diretor do Grupo Sinal, um dos maiores aglomerados concessionários da marca FCA no Brasil.

Desapego é a aposta das montadoras

A FCA não está sozinha nesse mercado de locações. Ao contrário, estaria na lanterna se a disputa fosse uma corrida por novos consumidores. No mês passado, a Toyota anunciou a sua frente de locação, a Kinto One, que terá como alvo pequenas e médias empresas, além de frotistas. A estratégia vale tanto para os modelos da marca Toyota quanto para os da Lexus, no segmento premium. Já em 2021, a ideia é trazer o Kinto Flex, com foco também nos consumidores pessoa física.

Uma das pioneiras é a francesa Renault, que há quase uma década lançou projetos de compartilhamento (carsharing). A montadora, por meio do Renault Mobility, sistema que utiliza aplicativo para oferecer locação de carros, está atraindo empresas para que veículos da marca sejam oferecidos aos funcionários. “Queremos ser referência em projetos de mobilidade sustentável no País”, disse Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil, ao fechar acordo com a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) na semana passada.

Outra concorrente de peso é a Volkswagen, que desde novembro oferece assinatura do T-Cross, a partir de R$ 1.899/mês no plano de 12 meses, e Tiguan Comfortline a partir de R$ 3.659/mês no plano de 24 meses. A montadora alemã também criou há dois anos a Fleet, de gestão e terceirização de frotas. Já a Audi oferece até carro blindado. O modelo A6 tem parcelas de R$ 9.590 por mês.

Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br/fiat-e-jeep-pegam-carona-na-locacao/

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