Nas locadoras, fim de semana é réveillon

Depois de acelerarem as vendas de veículos usados, as locadoras começam a colocar o pé no freio nesse tipo de negócio. Embora o ambiente seja favorável, pois os preços dos carros estão subindo, as locadoras não podem continuar vendendo a frota atual sem ter recebido carros novos das montadoras, que enfrentam gargalos em sua produção e pedem de 90 a 180 dias para entregar um veículo novo. E isso ocorre enquanto a demanda por aluguel de carros cresce – a taxa de ocupação da frota das locadoras está na faixa de 80%.

“Todo réveillon falta carro, mas atualmente todo fim de semana é réveillon”, diz o presidente da Movida, Renato Franklin.

No terceiro trimestre, as locadoras conseguiram aumentar o preço médio dos veículos vendidos. A Movida, por exemplo, chegou ao valor recorde de R$ 45,3 mil por carro. A vantagem no curto prazo gerada com a venda se refletiu, de maneira geral, em frotas menores. Na comparação com o ano anterior, a Localiza reduziu sua frota em 6,7%. A da Movida caiu 1,4%, embora tenha retomado as compras. Já a Unidas aumentou as aquisições e terminou o período com a frota 6,5% maior.

O analista de mercado do BB Investimentos Renato Hallgren diz que o movimento de intensificação na venda de seminovos foi mais evidente no terceiro trimestre, mas já deve voltar a patamares históricos no quarto trimestre. Afirma que as companhias não vão enfrentar problemas de estoques. “As locadoras não têm risco no curto prazo e a pandemia mostrou que esse setor está só começando.”

A desaceleração de venda já deu sinais no resultado do terceiro trimestre da Movida, que tinha antecipado o movimento no segundo trimestre, quando vendeu 18,5 mil veículos, 15% mais do que um ano antes. No trimestre terminado em setembro, a venda voltou ao patamar de 14,3 mil carros, 1,5% a menos na base anual. “O quarto trimestre também será de redução de unidades vendidas. Mas o preço [mais alto] do veículo zero ajudou e vai continuar ajudando na divisão de seminovos”, diz o presidente da Movida.

Com taxa de ocupação de 82,7% ao fim do terceiro trimestre, Franklin diz que o aquecimento do mercado de turismo doméstico é umas das principais razões por trás do avanço da locação no varejo e que esse cenário tem provocado mudanças na dinâmica do setor. Ele conta que, historicamente, 80% das reservas de fim de ano eram feitas com 48 horas de antecedência. Hoje, ao menos metade dos veículos para Natal e Ano Novo já está reservada.

O presidente da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), Paulo Miguel Jr., avalia que, por conta desse aumento do turismo interno, algumas regiões do país devem ficar sem carros nas férias de dezembro e janeiro. Ele calcula que os pedidos do setor às montadoras até o fim do ano sejam de 150 mil veículos, mas acredita que a entrega não deva ultrapassar 90 mil unidades. Segundo ele, o prazo de entrega das montadoras está entre 90 dias e 180 dias, a depender do veículo. “Na média, o prazo de entrega [antes da pandemia] era de 30 dias no máximo.”

A Anfavea, que representa a indústria automotiva, diz que a demanda vem sendo atendida. Segundo o presidente Luiz Carlos Moraes, as empresas têm produzido sem excessos para proteger o caixa. “No segundo trimestre, tínhamos produtos e não havia locadora comprando.”

Moraes afirmou, recentemente, que, como a cadeia produtiva do setor envolve diversos fornecedores, “não dá para entregar 150 mil ou 200 mil unidades de um mês para o outro”. Acrescentou a que as locadoras vão ser atendidas, “mas não na velocidade que elas gostariam”.

O diretor da Unidas Carlos Sarquis disse, quando comentou sobre os resultados do terceiro trimestre, que a empresa está negociando com as montadoras e que intensificou o trabalho para não deixar clientes sem carro. “De fato, estamos rodando com menos carros do que gostaríamos no RAC [‘rent a car’ ou negócio da locação de varejo], o que explica a taxa de ocupação e tira, sim, parte do fôlego de crescimento.”

FONTE: MINASPETRO

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