Venda de carros aumenta 8,57% no 1º mês de programa de incentivo do governo
Em junho, primeiro mês do programa governamental que concedeu incentivos fiscais, foram licenciados 179,6 mil carros e comerciais leves, um aumento de 8,57% na comparação com junho de 2022 e incremento de 7,98% em relação a maio. Mas o volume vendido em junho ficou abaixo do projetado pela Bright para o mês (182,5 mil unidades) pela ausência das locadoras.
Os dados, referentes aos licenciamentos informados pelo Denatran, foram apurados pela Bright Consulting, especializada no acompanhamento desse mercado.
No semestre, a venda de carros e comerciais leves somou 934,5 mil unidades. Isso representa um aumento de 9,7% na comparação com a primeira metade de 2022, mas uma queda de 7% em relação ao mesmo período de 2021.
Segundo a Bright Consulting, em junho, houve uma aceleração de emplacamentos na última semana, principalmente na sexta-feira, último dia do mês. Na sexta, foram licenciados 26 mil veículos. É bem acima do dobro das médias recentes.
Para a comparação com maio é necessário lembrar que o mercado ficou estagnado na última semana de maio porque o governo anunciou antecipadamente que lançaria o programa.
O anúncio foi feito na última semana de maio, mas, como a Fazenda pediu tempo para analisar as regras da renúncia fiscal, o programa só começou a valer no dia 6 de junho.
Para não ter o mesmo tipo de carro com preços diferentes nas lojas, a indústria cancelou o faturamento de carros que haviam sido encaminhados para a venda entre a data do anúncio e o dia em que o programa passou a valer, afirma Murilo Briganti, diretor de produtos da Bright Consulting.
“Os veículos ainda não entregues aos clientes finais foram ‘desfaturados’ tanto pelas montadoras quanto pelos concessionários e refaturados com o incentivo, chegando ao emplacamento durante a semana que passou”, explica o consultor. Daí o acúmulo de licenciamentos no fim do mês, o que ajudou a elevar as vendas em junho.
O volume vendido em junho ficou abaixo do projetado pela Bright para o mês (182,5 mil unidades) pela ausência das locadoras. A venda direta para pessoas jurídicas foi proibida durante o primeiro mês de vigência do programa.
Com recursos da reoneração do diesel, o programa começou concedendo R$ 500 milhões para dar descontos (calculados entre R$ 8 mil e R$ 10 mil) em carros e comerciais leves com preços até R$ 120 mil. No primeiro mês de vigência do programa, as montadoras, no entanto, fizeram campanhas promocionais que envolveram carros acima dessa faixa. E com descontos maiores em muitos casos.
A regra inicial determinava que nos primeiros 15 dias os carros beneficiados no programa (de até R$ 120 mil) poderiam ser vendidos somente para pessoas físicas. Mas esse prazo foi estendido, posteriormente, para 15 dias mais. Os R$ 500 milhões se esgotaram e as locadoras, que compram em grandes quantidades, ficaram de fora, o que provocou acúmulo de estoques nos pátios das fábricas.
Por isso, com a Medida Provisória assinada na sexta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os R$ 300 milhões extras, liberados a partir desta segunda-feira, devem atender principalmente as vendas para pessoas jurídicas, que esperaram a vez para entrar no programa.
A liberação dos novos recursos para pessoas jurídicas fará com que o volume de emplacamentos mantenha-se num ritmo acelerado nos próximos dias, segundo Briganti. “Depois disso, no entanto, é esperado um hiato de vendas pela antecipação de compras, para participar do benefício”, destaca.
A espera das locadoras para usufruir do programa provocou até mudança de participação nos Estados.
Minas Gerais, onde há uma concentração de vendas diretas para locadoras, e que costuma ficar com 25% do mercado, fechou o mês com fatia de 20%, o que deixou São Paulo na liderança do mercado com 27,3% das vendas do país.
Os dados serão detalhados nesta terça-feira pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos), que representa os concessionários.
Fonte: valor.globo.com