Muito além de carros: estudo global da Ernst & Young (EY) mostra o que o setor automotivo deve fazer para acompanhar as novas demandas

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O mercado automotivo sempre foi inovador e disruptivo, desde a substituição dos cavalos que puxavam as velhas carroças por motores movidos a combustão, até os novos protótipos, que não precisam nem mesmo de um condutor para se movimentar pelas cidades.

Porém, ao mesmo tempo em que esse setor precisa apresentar lançamentos para se mostrar competitivo, novos aplicativos de compartilhamento, como o Uber e Cabify, surgem para mudar o panorama de um mercado que se mostrava consolidado como vital em todo o mundo.

Desde a criação dos primeiros modelos de carros no século 19, a indústria automotiva prosperou e amadureceu, se tornando um dos principais setores da economia mundial.

Porém, com a consolidação, as montadoras se fecharam para uma mudança na administração e na forma de encarar as novas demandas do mercado e, esse bloqueio ao novo, fez com que, na proporção que novas formas de mobilidade surgiam, as vendas do segmento diminuíram expressivamente.

Com a demanda evidente do novo ecossistema de mobilidade e de seus desafios para colher melhores resultados em um futuro próximo, a Ernst & Young (EY), apresenta a pesquisa Remodeling for mobility, que traça um panorama sobre as barreiras que os players do setor estão encontrando em um mercado cada vez mais integrado e compartilhado.

Dadas as previsões para o futuro da mobilidade urbana nas grandes cidades, há potencial para novas ideias e soluções para as montadoras.

Porém, para aproveitar esse gap, é necessário que essas empresas deixem o status quo de lado e apostem em inovação para se aproximar de seus clientes e se adaptarem ao novo momento do mercado.

“É necessário que essas grandes empresas, com alta confiabilidade no mercado, não tenham receio de fazer diferente e fiquem cientes que elas só terão êxito se enfrentarem seus antigos modos de operar, superando as restrições e repensando seu modelo de negócios”, afirma Rene Martinez, sócio de consultoria e líder da indústria automotiva da EY.

Segundo o estudo, os carros deixarão de ser o ponto focal da mobilidade, tornando-se apenas mais um elemento de uma plataforma muito maior de experiências adaptadas às necessidades multifacetadas dos consumidores individuais.

A perspectiva futura de um ecossistema integrado e colaborativo enfatiza o intercâmbio aberto de dados entre as partes interessadas para criar benefícios compartilhados, o que força as montadoras a assumir um papel igualitário, uma vez que o poder muda para a mão dos consumidores.

“Há pouco tempo, uma das metas de vida dos jovens era ter o carro próprio. Hoje, com as inúmeras ferramentas de compartilhamento, colaboração e o alto valor de manutenção de um automóvel, esse objetivo deixou de ser primordial. Estamos diante de uma geração que opta por vivenciar em rede com eficiência invés de se importar com a propriedade, diz Martinez.

A partir desse levantamento, a EY identificou cinco desafios inerentes que os fabricantes devem superar.

A conversão desses problemas em oportunidades exigirá que eles mudem radicalmente seus pensamentos sobre seus clientes, parceiros de negócios, funcionários e – especialmente – eles próprios.

  1. Inovação: Apesar de o mercado automobilístico ter uma história de aperfeiçoamentos e de os veículos de hoje serem muito mais técnicos e avançados do que no passado, a criação de um novo modelo de negócios, que enfatize uma maior diversidade de pensamentos, design e que abranja o risco e o fracasso é primordial.

Segundo os dados do levantamento, poucas companhias têm uma abordagem sólida para desenvolver e avaliar novas ideias.

Portanto, apesar de as montadoras empregarem graus variados de experimentação em seus projetos, poucas estão engajadas em maneiras verdadeiramente inovadoras para revolucionar o seu próprio negócio.

  1. Conectividade: As montadoras precisam ver os consumidores como indivíduos para quem as experiências, produtos e serviços devem ser personalizados. Este tema é especialmente crítico, principalmente com as novas gerações, que se acostumaram com serviços móveis e sob demanda. O grande problema é que esses players não têm nenhum tipo de relacionamento contínuo com os consumidores. Após uma única transação, as interações com os clientes são infrequentes e impessoais e, em muitos casos, gerenciadas por uma concessionária terceirizada. Portanto, o contato desse consumidor com a marca é praticamente inexistente.

Em contrapartida, os potenciais operadores no mercado e os principais fornecedores de partilha de viagens se beneficiam de uma ligação muito mais estreita com seus clientes, por meio de avaliações diretas e respostas pessoais no aplicativo e nas redes sociais.

Como as escolhas dos consumidores está cada vez mais baseada nas suas experiências, a conectividade entre as empresas e seus consumidores será a chave para o sucesso.

Por isso, é prudente que as montadoras melhorem drasticamente a capacidade de interação e de oferecer serviços on demand.

  1. Colaboração externa: As montadoras estabeleceram por anos uma relação muito rígida com o mercado e seus parceiros, porém, a nova indústria de mobilidade requer um trabalho de colaboração mais amplo, envolvendo todos os parceiros do ecossistema. Apesar de terem motivações e objetivos diferentes, todas as engrenagens desse mercado devem compartilhar experiências e informações, a fim de oferecer um serviço focado e personalizado aos seus clientes.
  2. Novos talentos: A indústria automotiva sempre buscou os melhores engenheiros automobilísticos e mecânicos do mercado, porém, nunca apostou em inteligência artificial ou cientistas de dados. As construções organizacionais tradicionais e os modelos de compensação e incentivos impedem as empresas de atrair e reter o talento necessário para inovar e sustentar um negócio disruptivo.

Uma pesquisa com jovens profissionais de empresas de tecnologia e startups apontou que esses especialistas não enxergam o mercado automotivo como inovador.

Isso mostra que o grande desafio do segmento é propor novos modelos de trabalho para desenvolver e reter talentos em sua força de trabalho.

  1. Modelos operacionais desatualizados: As grandes companhias preferem alavancar seus antigos processos operacionais e sistemas ao invés de investir em novas formas de executar essas ações. No entanto, vários desafios relacionados à governança, inovação, parcerias, retenção de talentos e serviços de back-office surgem da excessiva dependência do modelo operacional básico do negócio. Por isso, ao passo que as montadoras criem novas unidades de negócios para competir na nova indústria, devem também projetar modelos operacionais condizentes a essas unidades.

Fonte: Mecânica Online 

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