Venda de veículos novos cresce 32% em Campinas no semestre, mas efeitos da pandemia travam reação
O total de emplacamentos de veículos novos em Campinas (SP) apresentou alta de 32% no primeiro semestre de 2021 na comparação com o mesmo período de 2020, segundo dados da Fenabrave, associação dos concessionários. Mesmo com números positivos e sinais de recuperação, efeitos da pandemia da Covid-19 ainda travam uma reação do setor, segundo avaliação do economista Paulo Oliveira, do Observatório PUC-Campinas.
- 1º semestre/2021 (auto, moto, comerciais leves, caminhões e ônibus): 11.342
- 1º semestre/2020 (auto, moto, comerciais leves, caminhões e ônibus): 8.539
- 1º semestre/2019 (auto, moto, comerciais leves, caminhões e ônibus): 15.412
Analisando os dados por categoria, a de venda de automóveis é uma das que apresenta números tímidos, considerando que em 2020 a redução do mercado foi drástica, inclusive com montadoras chegando a suspender a produção por alguns períodos.
Foram 6.553 emplacamentos entre janeiro e junho, contra 5.787 no mesmo período de 2020, uma alta de 13,2%. Como efeito de comparação, no primeiro semestre de 2019, a metrópole registrou a venda de 10.892 automóveis. Ou seja, em 2021 o total de carros vendidos representa 60,1% do pré-pandemia.
“A base de comparação de 2020 é muito ruim, é dramática e faz os dados de 2021 parecerem positivos”, explica o economista.
Além de questões econômicas relacionadas ao crédito, como inflação e aumento da taxa básica de juros, que afetam demais a venda de veículos no Brasil, o professor da PUC destaca que a indústria automobilística mundial enfrenta, desde 2020, problema com a oferta de semicondutores, presente em praticamente todas as partes elétricas dos veículos.
Isso faz com que montadoras tenham problemas com a produção e há, inclusive, fila para compra de veículos zero quilômetro. E essa seria uma dessas “travas” na recuperação provocadas pela pandemia, e que deve ser prolongada.
“Há uma projeção de consultoria da área que a oferta de semicondutores deve se normalizar no segundo semestre de 2022”, destaca Oliveira.
Emplacamentos de veículos em Campinas
Período | Auto | Moto | Comercial leve | Caminhão | Ônibus |
Jan-Jun/2019 | 10.892 | 2.929 | 1.232 | 260 | 99 |
Jan-jun/2020 | 5.787 | 1.703 | 820 | 163 | 66 |
Jan-Jun/2021 | 6.553 | 3.411 | 1.091 | 234 | 53 |
Impulsionados pela pandemia
Se a pandemia da Covid ainda provoca travas no setor e impacta na renda e oferta de créditos para venda de carros, é ela também que influencia, mas positivamente, números de emplacamentos de outras categorias. O crescimento de comerciais leves e caminhões tem influência direta da “nova realidade” de setores econômicos.
“Esses dois tiveram uma recuperação, por conta do próprio comportamento de alguns setores na pandemia. O escoamento da agricultura, o e-commerce”, pontua.
Uma categoria que vem se mantendo em alta e apresenta dados superiores ao pré-pandemia é o de motos novas. Seja pela demanda dos serviços de entrega ou como opção de transporte mais barato, o setor acumula altas.
Foram 3.411 motocicletas zero quilômetro emplacadas no primeiro semestre de 2021, contra 1.703 nos primeiros seis meses de 2020 (100% de aumento), e 2.929 entre janeiro e junho de 2019 (alta de 16,4%).