BTG Pactual eleva preço-alvo da Simpar em 70% e avisa: mercado precisa abrir o olho
O mercado não está vendo, mas a Simpar (SIMH3), que controla empresas como Movida (MOVI3) e JSL (JSLG3), está caminhando para se tornar uma das maiores holdings e alocadoras de capital do país.
Esta é a visão dos analistas do BTG Pactual, que recomendam a compra da ação e elevaram o preço-alvo da Simpar de R$ 10 para R$ 17.
“Acreditamos que o mercado está fechando os olhos para a construção de uma das maiores incorporações do país, com a Simpar se transformando em uma das maiores holdings e alocadoras de capital do Brasil. A reiteração da nossa recomendação de compra mostra que discordamos da visão do mercado”, escrevem os analistas, em relatório publicado nesta segunda-feira (30).
A reavaliação da companhia ocorre depois do Simpar Day, realizado na última sexta-feira (27). Segundo o BTG, o evento destacou que o grupo vem criando constantemente novas avenidas de crescimento, tem como foco o aumento da lucratividade e a alocação de capital, e se destaca pela retenção dos melhores talentos.
Projeções
O grande destaque, porém, foram as projeções da companhia. Primeiramente, a empresa antecipou em um ano o prazo para atingir a meta de R$ 35 bilhões em receita – de 2025 para 2024 -, o que demonstra que o crescimento tem sido mais forte do que o esperado.
Além disso, as projeções para 2025 anunciadas no ano passado foram reiteradas, o que indica que a deterioração recente das condições econômicas não alterou os planos da holding.
Outro ponto positivo foram os comentários da gestão da empresa sobre os efeitos da inflação. De acordo com a Simpar, o aumento do valor de mercado de seus ativos tem mais do que compensado o aumento das despesas financeiras.
“Em suma, o evento foi uma afirmação poderosa do grupo, que continua sendo uma imensa potência de crescimento dentro de nossa cobertura, apesar da diversificação de negócios relevante nos últimos anos”, diz o BTG.
Já o novo preço-alvo, que representa valorização de 41% em relação ao preço da ação no fechamento de sexta-feira (27), de R$ 12,06, reflete principalmente aquisições recentes, explicam os analistas.
Nesse sentido, o banco avalia que as ações estão sendo negociadas a preços muito baixos, provavelmente devido à menor liquidez e ao endividamento da empresa, que tende a ser uma fonte de preocupação em momentos de alta de juros.
Por volta das 13h50 desta segunda, os papéis operavam em baixa de 1,82%, a R$ 11,84.
Simpar
Um ponto de destaque da Simpar, na visão do BTG, é sua forte atividade de fusões e aquisições. Que continuam sendo um ponto central da estratégia de crescimento da holding. Atualmente, diz o banco, a companhia negocia 35 potenciais novas aquisições e tem sete negócios em andamento.
Os objetivos por trás da estratégia, segundo o BTG, são a expansão da presença global, a adição de serviços e modelos de negócio complementares e o aumento da digitalização.
JSL
Para a companhia de soluções de logística JSL, o destaque recente foi a aquisição da Truckpad, empresa que foca em conectar caminhoneiros e cargas na América Latina. Um ponto positivo da operação é que os termos definem que a JSL irá assumir as dívidas de cerca de R$ 10 milhões da Truckpad, sem injetar capital na compra.
Além disso, a aquisição sinaliza o foco da JSL na digitalização de suas operações, o que o BTG considera “altamente estratégico”. “Esperamos que a transação traga maiores volumes, bem como eficiência de ganhos para a JSL, além de oferecer diversas oportunidades de venda cruzada entre a atual base de clientes da Truckpad”, dizem os analistas.
Outro ponto de destaque é que a companhia foi capaz de superar as metas estipuladas no ambiente do IPO. Mesmo em um cenário macroeconômico desafiador. Os principais motivos para isso, segundo o BTG, são o alto nível de diversificação, o relacionamento de longo prazo com os clientes e o crescimento inorgânico.
Durante o Simpar Day, a JSL reiterou sua meta de alcançar R$ 11 bilhões em receita bruta em 2025, dos quais R$ 6 bilhões já foram atingidos. “No futuro, o ritmo de crescimento deve permanecer forte. Dado o enorme mercado potencial endereçável a ser explorado no Brasil. Enquanto a expansão da presença global também é uma meta”, diz o relatório.
Apesar da visão positiva, o BTG reduziu o preço-alvo da ação da JSL para R$ 12, de R$ 16. Refletindo a expectativa de um aumento no custo de capital. E uma redução do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Mas manteve a recomendação de compra.
Nesta segunda, em torno de 13h50, a ação caía 3,49%, a R$ 6,37.
Movida
Em relação à Movida, o BTG destaca que e meta de encerrar 2025 com frota entre 260 mil e 340 mil veículos deve ser superada;. Uma vez que, ao fim do primeiro trimestre deste ano, a frota da locadora de veículos contava com 192 mil veículos.
O objetivo de fechar 2025 com lucro líquido entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,6 bilhão também vem se mostrando factível, diz o BTG. Uma vez que o lucro líquido já está em R$ 1 bilhão.
Um dos principais pontos positivos da companhia, segundo o BTG, é a idade média de sua frota. Inferior à média do setor. O banco recomenda compra para a ação da Movida. E os analistas elevaram seu preço-alvo para R$ 28, de R$ 27. O papel operava em baixa de 0,77%, a R$ 17,96.
Vamos
No caso da Vamos, a equipe de gestão reiterou sua meta de alcançar uma frota de 100 mil veículos até 2025. Outro ponto destacado pelo BTG foram os comentários da administração sobre o enorme mercado endereçável da empresa. Mesmo que a meta de 100 mil veículos seja alcançada, isso ainda corresponderia a menos de 3% do mercado de caminhões no Brasil.
O fator que o BTG considera mais importante, porém, é que a companhia tem sustentado níveis sólidos de rendimento. O que indica que tem conseguido ajustar os preços dos aluguéis para repassar o aumento de custos.
Para a Vamos, o BTG reiterou seu preço-alvo de R$ 19 e a recomendação de compra. A ação tinha queda de 1,57%, a R$ 15,08.
CS Infra
A operadora de infraestrutura CS Infra também reiterou suas projeções para o longo prazo. E tem como meta alcançar receitas de R$ 904 milhões e margem Ebitda de 51% até 2025.
A gestão da companhia também manteve sua estratégia de focar em ativos com baixa exigência de investimento. Geração de receita resiliente e condições de financiamento atraentes. O que deve contribuir para uma maior diversificação de receita e de portfólio.
Automob
A Automob, novo nome da Original, é uma holding de concessionárias de veículos e equipamentos. E se destaca por sua estrutura diversificada, o que permite a oferta de um portfólio completo de soluções aos clientes.
Um dos fatores que jogam a favor da companhia, segundo o BTG, é que, apesar de ter posição de liderança na comercialização de veículos, detém menos de 1% do mercado, o que demonstra seu grande espaço para crescimento.
BBC
O banco digital BBC, que recebeu autorização para se tornar um banco múltiplo no final do ano passado, planeja duas novas fases de expansão. Na primeira, passará a oferecer crédito e antecipação de fornecedores. Enquanto na segunda irá oferecer novos meios de pagamento e outros produtos.
Esse crescimento, segundo a gestão, pode ocorrer tanto dentro do próprio grupo Simpar, por meio de venda cruzada, tanto por meio da atuação com outros players do setor.