Eleições serão o motor de crescimento das locadoras de automóveis
Depois de um primeiro semestre decepcionante, o mercado de locação de veículos deve crescer até 12% nos últimos seis meses do ano, impulsionado pelas eleições majoritárias de outubro. Para 2014, a projeção da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) é de que a expansão do setor — que no ano passado faturou R$ 6,52 bilhões — fique próxima do percentual registrado no ano passado, quando o crescimento foi de 4,73%.
O impacto do pleito tende a ser maior do que o da Copa do Mundo pelo fato de o aumento da demanda ser menos localizado, ocorrendo num intervalo de tempo maior quando comparado à competição esportiva. “Enquanto o aumento dos aluguéis na Copa foi sentido apenas nas cidades-sede e por no máximo um mês, as eleições têm alcance nacional”, sustenta Paulo Nemer, presidente do Conselho Nacional da Abla. “Antes e durante a Copa, tivemos demanda nas 12 cidades-sede, mas o restante do país parou. Tanto o turismo de negócios como o de lazer foram afetados pelo Custo Brasil mais alto, principalmente no caso das passagens aéreas e das diárias de hotéis.”
De acordo com Nemer, o impacto das eleições deve se estender por agosto, setembro e outubro, em contratos de base mensal. “O automóvel é uma ferramenta fundamental no período eleitoral”, diz o executivo. A expectativa positiva com relação aos próximos três meses também é compartilhada pelo diretor de Finanças e Relações com Investidores da Localiza, Roberto Mendes. “No próximo trimestre (o terceiro), esperamos um adicional de demanda que vem das eleições, das campanhas”, disse Mendes ontem, durante teleconferência com analistas de mercado sobre os resultados da Localiza no segundo trimestre.
O CFO da Localiza estima que o nível de utilização dos veículos alugados pela empresa deverá superar o patamar de 70%. No segundo trimestre de 2014, esse indicador ficou em 70,7% no negócio de locação de carros, 3,6 pontos percentuais acima do resultado obtido pela Localiza no mesmo período do ano passado (67,1%). Mas em relação ao primeiro trimestre deste ano — quando o percentual de utilização foi de 72,2% — houve queda. “A receita da atividade de aluguel de carros apresentou crescimento de dois dígitos no segundo trimestre de 2014, mesmo com o baixo crescimento da atividade econômica. A queda nas viagens corporativas foi mais do que compensada pelo aumento da demanda de turismo”, afirmou a diretora de Relações com Investidores da Localiza, Nora Lanari, na teleconferência de ontem. Apesar do bom resultado na comparação anual (+13%), a receita líquida da Divisão de Aluguel de Carros despencou de R$ 716,6 milhões no primeiro trimestre deste ano para R$ 316,7 milhões (abril a julho). Entre abril e junho, o lucro líquido da Localiza totalizou R$ 100,6 milhões, um recuo de 2,7% em relação aos R$ 103,4 milhões obtidos em igual período de 2013. Segundo informou a companhia, a diminuição foi consequência de um aumento nas despesas financeiras, pressionadas pela subida na taxa básica de juros (Selic), entre outros fatores. Também contribuiu para o resultado o pagamento não recorrente de um prêmio de R$ 4,1 milhões, referente à liquidação antecipada de um empréstimo em moeda estrangeira no valor de R$ 258, milhões. Para liquidação antecipada do financiamento foi necessário pagar o prêmio, inferior ao custo de carregamento do caixa até o seu vencimento (maio de 2016). Já a geração de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) avançou 7,3% no segundo trimestre deste ano frente ao mesmo período de 2013, somando R$ 241,6 milhões. A receita líquida consolidada alcançou R$ 904,6 milhões, um avanço de 11,2% sobre o total obtido entre abril e junho do ano passado (R$ 813,1 milhões). Um dos fatores que impulsionou o incremento da receita líquida foi a venda de veículos seminovos para renovação de frota, que apresentou expansão de 16,5% no segundo trimestre, ante o mesmo período do ano passado, chegando a R$ 443,6 milhões.
O diretor de Finanças e RI da companhia frisou que a Localiza se prepara para enfrentar um cenário macroeconômico desfavorável em 2015, com baixo crescimento econômico e inflação no topo da meta. “Até 2013, o setor vinha crescendo sempre no patamar de dois dígitos”, lembra Nemer, da Abla, para quem a política do governo de descontos no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) incidente sobre automóveis caracteriza “uma economia bipolar”. “Para o varejo, a redução do IPI é excelente mas o empresário que trabalha com locação de automóveis fica inseguro em investir. Se o IPI baixa, nossos veículos se desvalorizam. Quando sobe, aumenta o custo de renovação da frota”, resume.
Fonte: Brasil Econômico