Briga de Apple e Google deve influenciar compra do carro; há alternativa?
Acredite: esse duelo vai definir também a forma como as pessoas escolherão seus carros.
No passado, a indústria automotiva vendia carros baseada em fatores como liberdade, charme, velocidade, preço, praticidade e conveniência. Mas para um número crescente de jovens compradores que chegam ao mercado os fatores fundamentais mudaram: importam custo do financiamento… e conectividade.
Fabricantes de veículos já surfam esta nova onda de sistemas de conectividade em que as funções de um telefone inteligente são replicadas nas telas multimídias cada vez mais presentes. Longe de ter apenas chamadas de voz, oferecem mapas com rotas alternativas em tempo real, atualização de aplicativos e tela rolável com a ponta dos dedos. Tudo, claro, pode ser comandado por comandos verbais evitando que o condutor tire as mãos do volante.
Segundo a empresa britânica Glass’s, consultoria que publica desde 1933 tabelas de preços de veículos usados, a preferência pessoal por iPhone ou telefones com Android podem em futuro breve ditar a escolha de um automóvel no caso de clientes mais jovens. Telefones inteligentes e tabletes são indissociáveis de seu estilo de vida, embora a Glass’s reconheça que esse fator não tem o mesmo efeito entre as pessoas mais velhas.
Duelo de celulares chega ao carro
As alternativas mais populares dos novos sistemas automotivos replicam a briga vista no setor de tecnologia: há o Car Play, da Apple, e o Android Auto, da Google. Esses dois sistemas, no entanto, são incompatíveis e isto pode se tornar um problema para motoristas e fabricantes. Gigantes automotivas como a GM acenam com a possibilidade de vender versões do carro com o ambiente operacional da Apple, enquanto outras versões serão equipadas com o da Google — além dos EUA, Brasil, México e Canadá devem receber suas versões do MyLink (o ambiente multimídia da Chevrolet) para cada uma das plataformas nos próximos meses.
Nem todas as fabricantes, porém, conseguirão barganhar a possibilidade de escolha com as gigantes de tecnologia. Segundo Rupert Pontin, executivo da Glass’s, “se uma marca optar por Android conseguiria vender seus modelos para usuários fieis de Apple? Seria indiferente para compradores de meia-idade em diante, mas para pessoas a partir de 16 anos (em alguns países) até a faixa dos 25 anos pode se transformar em fator ponderável de escolha”.
Ele diz, ainda, que seria admissível prever uma situação em que o tipo de sistema operacional em um carro teria efeito direto sobre o preço no mercado de usados.
“Trata-se de decisões difíceis que os produtores de veículos deverão tomar nos próximos anos. Apostar no ‘cavalo errado’ nessa corrida pode significar oferecer modelos menos atraentes para um grupo crescente de clientes, sem desprezar o impacto potencial de desvalorização nos anos seguintes”, acrescenta Pontin.
Em busca da rota alternativa
Uma solução seria fabricantes de carros e dispositivos móveis trabalharem em conjunto visando a encontrar algum meio de compatibilidade entre os sistemas operacionais. Outra via é a do espelhamento (Mirror Link) — ou reprodução na tela do carro de toda operação feita no celular — com ganhos e perdas.
Utilizado por fabricantes como JAC, Honda e pretendido pela alemã Opel, permite, por um lado, compatibilidade maior ou menor com todos os sistemas; por outro, dá menor segurança para o condutor, que poderá se distrair usando aplicativos concebidos para o ambiente do telefone, não do automóvel.
Há ainda o caso da sueca Volvo, que desenvolve um ambiente operacional próprio (o Sensus), compatível tanto com celulares Android quanto com o iPhone — neste caso, resta saber se haverá atualizações para manter a compatibilidade com futuras versões dos aparelhos e seus sistemas operacionais.
Pelo que sabe hoje é muito difícil um acordo entre os gigantes da informática que inclui, ainda, a Microsoft com sua capacidade tecnológica e financeira, embora de fraca presença no setor de telefones. Se isso não acontecer, há possibilidade de prejuízos tanto para as fábricas quanto para seus clientes antes do que se imagina.(Com Redação do UOL)
Fonte: UOL Carros