"Carro próprio" vai acabar, prevê especialista; estamos prontos?
A transformação de uma das maiores indústrias do mundo está logo aí. A posse do carro vai mudar e, quando isso acontecer, será um dos deslocamentos mais monumentais de riqueza que a economia mundial já viu.
Talvez o caminho para o segmento automotivo e da mobilidade será o de, ao invés de se concentrar no veículo ou no serviço como foco da marca, tornar-se fornecedor de uma máquina de branding — uma ideia, uma solução que alavanca a marca. Nesse aspecto, carro será a plataforma na qual esta oportunidade se baseia.
Especialistas da indústria automotiva dizem que Tesla, Google e Apple serão as próximas empresas dominantes da mobilidade no mundo. E que Uber, Lyft, Gett e Didi significarão o fim da posse do carro tradicional como conhecemos.
Também dizem que os concessionários de veículos irão acabar nas mãos de sites de compra online, como Beepi, Carvana, Vroom e Shift. No entanto, vendas de veículos nos Estados Unidos estão nos maiores níveis de todos os tempos.
Consumo em alta… e financiado
Para colocar isso em perspectiva, os saldos de financiamento de veículos naquele país totalizam mais de US$ 106 trilhões (R$ 340 trilhões) em 2016. E olha que esse número não inclui o enorme mercado de leasing. Como no Brasil, os braços financeiros das montadoras nos EUA são conhecidos como bancos de varejo.
No Brasil, a crise nas vendas é, na verdade, uma crise de financiamento. A escassez de crédito (a maioria dos tomadores tem alguma restrição) e os juros altos tornam difícil a negociação, agravada pela falta de confiança do consumidor no futuro da economia.
A China é exceção, um gigante onde só 26% dos veículos são financiados. Esse número era bem menor há alguns anos, o que significa que a direção é a mesma.
Apesar de todo o discurso questionando (ou mesmo condenando) o papel do carro na sociedade contemporânea, a “geração Y” está comprando mais automóveis do que nunca. E as vendas, em todo o mundo, estão intrinsecamente ligadas ao mercado de financiamento.
Sem produtos de financiamento individuais, as vendas não acontecem.
Por José Rinaldo Caporal, do UOL.