Detran de SP apreende mais de 70 veículos com multas milionárias
Em 2017, o estado de São Paulo apreendeu mais de 70 veículos com dívidas milionárias em multas. Só um deles tem quase R$ 26 milhões para pagar.
O pneu está careca, o para-choque desalinhado. Mas a Kombi foi recolhida por outro motivo: as multas. Em oito anos acelerando pelas ruas de São Paulo, ela levou duas mil multas e atingiu a marca de quase R$ 26 milhões em dívidas com o estado.
O valor de mercado da Kombi, ano 2008, é de R$ 21.812. Com o valor das multas, daria para comprar 1.184 carros iguaizinhos.
O carro pertence a uma empresa e isso explica a dívida milionária. É que, quando uma empresa recebe uma multa e não indica o motorista ao Detran, o valor é multiplicado pelo número de vezes que a infração foi cometida no último ano.
“Por exemplo, se ela cometeu o excesso de velocidade por dez vezes, essa multa vai ser multiplicada por dez. Por isso que chega a esses valores aí altos”, explica Maxwell Vieira, diretor-presidente do Detran-SP.
No pátio, todos os veículos têm dívidas. Os valores ficam marcados no para-brisa. Em 2017, o Detran de São Paulo já apreendeu mais de 70 veículos com débitos milionários.
Existe um ranking dos veículos com as maiores dívidas em São Paulo e um deles é um caminhão.
São quase R$ 20 milhões. Um carro-forte azul tem a dívida atualizada e passa dos R$ 18,5 milhões.
Com esses valores milionários dificilmente os donos pagam a dívida para recuperar os veículos. E, se não há o pagamento, o estado manda os veículos para leilões.
“Do valor arrecadado é descontado esse débito e o que faltar continua no nome dessa empresa. Então esses valores não somem do prontuário daquele veículo”, disse Maxwell Vieira.
Maurício Januzzi, especialista em leis de trânsito, diz que o estado precisa ser mais rigoroso com quem comete infrações graves e ainda não paga as multas.
“Todos nós contribuintes estamos perdendo. Porque esses indivíduos que fazem uso desses veículos, sabedores que não tem condição de pagar, porque é uma dívida impagável, ainda continuam se utilizando daquele bem. Para mim, é uma atitude dolosa que configura crime e que, portanto, incidiria num inquérito policial, numa apuração de um fato criminoso com até eventualmente processo crime e prisão dos responsáveis”, explicou Maurício Januzzi, presidente da Comissão de Sistema Viário da OAB-SP.
Do Jornal Nacional.