Experiência da indústria automobilística serve de referência
O carro é tido por muitos especialistas como a grande fronteira. A Google desenvolve, há quase uma década, um veículo completamente autônomo, que se locomove sem intervenção humana e interage com outros automóveis e com a infraestrutura de tráfego. Embora ainda existam vários obstáculos de tecnologia e legislação, a frota da Google já andou sozinha quase 2,5 milhões de quilômetros por ruas americanas.
No Brasil, três carros desse tipo vêm sendo desenvolvidos por universidades, entre elas a Universidade de São Paulo (USP). Em paralelo, grandes fabricantes de veículos estão implementando graus crescentes de autonomia em seus modelos atuais.
A Intel está envolvida em solução para o Sistema Nacional de Identificação de Veículos (Siniav), projeto do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) que obrigará a instalação de chips em toda a frota do País. O objetivo é usar dados gerados pelos sensores para gerenciar o tráfego em tempo real, fiscalizar irregularidades e identificar carros roubados. A companhia desenvolveu com a mineira Autofind uma solução completa, que vai desde os chips de identificação por radiofrequência instalados no carro até antenas que “leem” as informações conforme os veículos passam.
Após diversos adiamentos, apenas Roraima começou a testar o Siniav. O Paraná, segundo o Denatran, está prestes a abrir licitação para implantá-lo. O órgão está revendo as normas, e o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) tratará do novo prazo. “Essa é uma das áreas de maior potencial de crescimento no Brasil. A solução pode vir a ser complementada no futuro com iniciativas que já estão sendo feitas em redes de postos de gasolina, como Petrobras e Shell”, afirma Max Leite, da Intel, que participa junto com parceiras de um centro de IoT voltado ao agronegócio em Pompeia (SP) com o objetivo de antecipar pragas.
A BR Distribuidora, da Petrobras, criou, em parceria com a Intel, um posto de gasolina futurista onde todas as etapas – do abastecimento ao pagamento, passando pela loja de conveniência e pelo banheiro – são baseadas em coisas conectadas. O projeto-piloto funciona desde 2011 no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. “Cerca de 40% do tempo que o cliente fica em um posto de gasolina é consumido pelo processo de pagamento. Esse conceito é único no mundo e abre possibilidades adicionais de modelos de negócios”, prossegue Leite.
A gestão de frotas é também um dos principais segmentos de atuação da Vivo, que hoje lidera, com fatia de 37,8%, o mercado de comunicação máquina a máquina (M2M, na sigla em inglês, que usa a rede celular). Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) compilados pela Teleco, existem hoje no Brasil 11,5 milhões de terminais de M2M, 16,5% mais que no fim de 2014. “Embora implantar a gestão de frota implique um custo, ele se paga rapidamente, pois proporciona redução de combustível de até 15% e protege contra roubos”, observa Surya Mendonça, vice-presidente de serviços corporativos da Vivo.
A Liberty Seguros usa no Brasil a telemetria para oferecer aos motoristas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina preços de apólices personalizados. Os clientes que instalam o chip no carro também podem acompanhar, em tempo real, pelo celular, os dados de sua direção, como quantidade de freadas bruscas ou curvas forçadas.
O governo federal quer lançar, ainda neste semestre, consulta pública para um plano nacional de Internet das Coisas. Segundo Thales Marçal, gerente de projetos do Ministério das Comunicações, a ideia é que ele seja similar ao Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), com a definição de metas para a implementação da tecnologia. Marçal informa que incentivos tributários estão sendo discutidos, mas eles dependerão de outras áreas do governo. “É uma janela de oportunidades para o Brasil. O País é um dos que mais têm startups, e essas empresas desenvolvem soluções que podem ser aplicadas nesse conceito”, diz Marçal. Para o setor público, é uma oportunidade de aumento da eficiência.
Fonte: Jornal do Comércio