Governo prevê queda de 40% do preço do gás natural em dois anos

Criação de comitê para coordenar a implementação de medidas para a abertura do mercado do gás, hoje concentrado na Petrobras, deve reduzir preços

A previsão da equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro é que o preço do gás natural, o GNV, caia cerca de 40% em dois anos com a criação do comitê que pretende pôr fim ao monopólio do mercado em questão. Nas simulações mais otimistas do Governo, o preço do combustível pode cair até 50% já no primeiro ano, de acordo com estimativa do ministro da Economia, Paulo Guedes.

O presidente da Companhia de Gás do Ceará (Cegás), Hugo Figueirêdo, explica que dois fatores explicam a provável queda no preço do gás natural. O primeiro deles é a exploração dos recursos por mais empresas. “A Petrobras é hoje a detentora de grande parte da produção do GNV. Com mais empresas podendo explorar, nós, distribuidores, teremos mais oferta e seremos beneficiados com a competição”, aponta.

Figueirêdo também comemora a liberação de novos campos de pré-sal para utilização na produção do gás natural. Para ele, mais área despertaria o interesse das empresas. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse durante anúncio que, “com o alvorecer do novo mercado, até 2029, a nossa produção passará dos atuais 124 para 267 milhões de metros cúbicos de gás por dia”.

Transporte

Após a produção, o GNV é transportado até as distribuidoras. O presidente da Cegás ressalta que a Petrobras também é predominante nessa etapa. “É importante que haja maior transparência também nas tarifas de transporte. A Petrobras já vendeu uma parte de suas transportadoras e será obrigada a vender o resto. Com mais gás escoando, é natural que as tarifas caiam”, diz Figueirêdo.

Ele ressalta, no entanto, que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) possui uma diretriz que quer diferenciar a tarifa locacional conforme a distância das locadoras para as produtoras. “Quanto mais distante, maior a tarifa. Hoje, esse valor é único. Nós, distribuidores do Nordeste, somos expressamente contra. A curto prazo, em vez de reduzir o preço, ele poderá aumentar”.

Comercialização

No Ceará, a Cegás continua sendo a única empresa responsável pela distribuição do gás natural. “Existe uma regulamentação estadual que prevê contratos de concessão de 50 anos. A Cegás hoje está exatamente na metade do contrato. É um monopólio natural, porque não faz sentido várias empresas investirem em infraestruturas para levar o mesmo produto aos mesmos locais. É o mesmo com a distribuição de energia elétrica, por exemplo”, explica.

Ele acrescenta que o que pode acontecer é o surgimento de mais comercializadoras. “As pessoas poderão comprar o GNV que não seja da Cegás, mas ele necessariamente tem de passar pelos gasodutos da nossa empresa”, afirma. O presidente ainda diz não ver isso como negativo, pois acredita “que tem de haver mais transparência e competição, sim”.

Fonte: Diário do Nordeste

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