Mercado de seminovos prevê crescer até 6% este ano

Para cada carro zero quilometro vendido, outros três seminovos são comercializados no país. A diferença no desempenho pode ser explicada por diversas razões, entre elas, a restrição de crédito das instituições financeiras, o aumento de preços dos carros novos devido à obrigatoriedade de inclusão de airbags e freios ABS e a baixa confiança do consumidor na economia, que apresenta juros e inflação mais altos. Segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), no primeiro semestre, a venda de seminovos cresceu 4,6% em comparação com o mesmo período do ano passado. A expectativa é que o crescimento chegue à casa dos 6% no fechamento do ano, diferentemente do que ocorre com os carros zero quilômetro, que devem ter estagnação ou até mesmo queda nas vendas frente a 2013.
“Nos últimos dois anos, o mercado de seminovos voltou a crescer e ganha cada vez mais força entre os consumidores, que preferem desembolsar menos e ter um carro mais completo”, afirma Eduardo Ribeiro dos Santos, diretor-geral da Matel, empresa especializada em organizar feirões de veículos em todo o Brasil, entre eles, o tradicional de Belo Horizonte que acontecia no Mineirão, migrou para o Mega Space, devido à reforma do estádio, e agora retornou para a Pampulha, no estacionamento do Shopping Del Rey. Ainda segundo Eduardo, enquanto a indústria era incentivada com a redução de IPI, por exemplo, e a linha de crédito estava mais acessível, era vendido 1,2 carro seminovo a cada zero, fazendo com que os estoques de usados ficassem altos, desvalorizando o produto.
Entre as razões que favorecem o mercado de seminovos, está a facilidade de aprovação do crédito para compra de carros usados, uma vez que os bancos aumentaram os índices de aprovação desse tipo de financiamento, ao contrário do que ocorre com empréstimo para aquisição de novos. Eduardo explica que hoje, das transações realizadas no mercado automotivo, são financiadas 70% das vendas de novos e 30% dos seminovos.
Segundo ele, o mercado em Belo Horizonte tem se tornado cada vez mais atrativo, uma vez que o feirão de seminovos realizado na capital acompanha a taxa do maior feirão do país, que ocorre em São Paulo. “Depois que retornamos para a Pampulha, o feirão teve aumento de 10% no movimento por semana. Hoje, recebemos cerca de 700 carros a cada domingo. Desses, 35% chegam a fechar negócio no local e a maioria das vendas é feita à vista, o que favorece o crescimento do setor”, completa o diretor da Matel. Ele afirma ainda que a expectativa é de chegar a expor 2 mil carros por domingo em até seis meses.
Em vez de aplicar um valor mais alto em um zero quilômetro, o cirurgião militar Eudes Libânio preferiu investir menos em um seminovo, evitando o financiamento. Ele estava de olho em Mitsubishi ASX, ano 2015, zero quilômetro que é comercializado por cerca de R$ 86 mil. No entanto, na hora de garimpar, Eudes viu a oportunidade de um negócio melhor na loja de seminovos, com o mesmo carro, com um ano de uso, 10 mil quilômetros rodados, oferecido por R$ 68,9 mil. “Paguei quase R$ 20 mil a menos por um carro com as mesmas características e opcionais. É uma economia muito boa”, afirma. O cirurgião alerta que uma das coisas mais importantes na hora de fechar a compra de um carro seminovo é saber a procedência. Para ele, outra vantagem de comprar o carro usado é garantir que, quando for fazer uma nova troca, não vai perder tanto dinheiro, como perderia comprando um carro zero, que já desvaloriza cerca de 30% quando sai da agência.
Combustível do 13º Na Zero Quilômetro, loja especializada na venda de seminovos, as vendas aumentaram 20% este mês, se comparadas aos meses anteriores. A expectativa do proprietário, Ricardo Machado, é que o crescimento chegue a 30% no resultado de novembro e permaneça neste mês. “Ainda temos muito produto no mercado para pouco comprador, mas os negócios estão melhorando. Com a injeção do 13º salário na economia, esta tende a ser a melhor temporada para o setor. É sempre no fim de ano que as pessoas querem trocar o carro e, se vendermos bem, vamos fechar o ano com crescimento”, afirma.
Em outra loja da capital, a ADM Automóveis, o movimento aumentou e as vendas e o faturamento cresceram 20% nos últimos seis meses. Segundo o proprietário da revenda, Marcelo Maria de Souza, a expectativa é que este mês seja ainda melhor. “Estou bastante otimista. O mercado está melhorando, conseguimos vender, mas quase sempre temos que colocar o preço abaixo da tabela Fipe para fechar o negócio”, explica. Segundo Marcelo, entre os modelos mais procurados na loja, estão os carros populares como Pálio, da Fiat e Gol, da Volkswagen; além de toda linha Honda e de modelos da Toyota.
ENQUANTO ISSO…
…otimismo para 2015
Para o próximo ano, empresários também estão otimistas e apostam que o mercado de veículos seminovos continuará a crescer mais do que o dos zero quilômetro. Entre os fatores que contribuem para esse otimismo, está o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis a partir de janeiro, que deve encarecer a linha 2015. Sem espaço no caixa para manter desonerações fiscais, o governo resolveu suspender as reduções de alíquota que beneficiavam o setor. O gerente da Seminovos Locamérica Contagem, Marco Túlio Silva Ribeiro, afirma que o segmento ganhou força no segundo semestre deste ano, quando chegou a vender 35% a mais. Com o retorno das alíquotas originais, o IPI cobrado de carros populares (motor 1.0) passará de 3% para 7%. No caso dos veículos médios, o imposto vai de 9% a 11% para os que têm motor flex, e de 10% para 13% nos movidos a gasolina. Carros com motor acima de 2 litros não tiveram descontos; portanto, as alíquotas continuarão em 18% (flex) e em 25% (gasolina).
Por Francelle Marzano, do Jornal Estado de Minas.

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