Mercado de veículos eletrificados deve crescer 42% em 2021

O grande obstáculo às vendas está no preço. “Atualmente os veículos elétricos custam o dobro dos convencionais”, diz Paulo Cardamone, CEO da Bright Consulting.

 

O incipiente mercado brasileiro de veículos eletrificados teve desempenho recorde no primeiro quadrimestre deste ano. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), as vendas do segmento cresceram 29,4% nos primeiros quatros meses, com 7.290 unidades emplacadas, na comparação com o mesmo período de 2020. As estatísticas incluem automóveis e comerciais leves e excluem ônibus, caminhões e motos. Para este ano, a entidade prevê aumento de 42% em relação aos 19.745 veículos emplacados em 2020, quando a quantidade de unidades vendidas superou em 66% a de 2019.

Os números são claros: apesar da expansão, o mercado ainda é pequeno. “Em 2020, os elétricos e híbridos [modelos dotados também de motor a combustão] chegaram pela primeira vez a 1% das vendas totais no Brasil. Em abril, atingiram 1,6%, mas seguimos distantes dos principais mercados globais”, diz o presidente da ABVE, Adalberto Maluf. “Se considerados só os veículos elétricos com recarga externa, a fatia é de apenas 0,2% do mercado brasileiro em 2020, em contraste com os 4,6% do resto do mundo”, afirma.

O grande obstáculo às vendas está no preço.

“Atualmente os veículos elétricos custam o dobro dos convencionais”, diz Paulo Cardamone, CEO da Bright Consulting. O modelo mais barato – o Corolla Hybrid Flex – sai em torno de R$ 130 mil. Já os híbridos plug-in (recarregáveis na rede elétrica) ou carros totalmente elétricos têm preço médio em torno de R$ 360 mil, segundo levantamento realizado pela consultoria. “O carro elétrico hoje só se viabiliza com 25% de subsídio, como ocorre no caso da Alemanha e da China”, diz Cardamone.

“O futuro do carro é sem dúvida elétrico, mas isso ainda depende de muitos fatores, como custo, infraestrutura para abastecimento e crescimento das fontes de energia limpa, como a solar e eólica”, acrescenta ele. Para 2030, sua empresa prevê que os elétricos respondam por 16,5% do mercado mundial e 4,8% do brasileiro. Já a parcela dos híbridos deve ser maior: 48,0% no mundo e 10,6% no Brasil.

No Brasil, segundo Maluf, a recarga dos carros elétricos costuma ser realizada na garagem dos proprietários, à noite.

De acordo com ele, o país tem também cerca de 500 carregadores instalados em estabelecimentos como supermercados, estacionamentos, shopping centers, que oferecem aos clientes recarga gratuita. Em rodovias como a Presidente Dutra o motorista também não paga para abastecer. Mas a EDP, holding do setor elétrico gestora dos eletropostos da estrada, está estudando modelos e valores para passar a cobrar pelo serviço. O mesmo ocorre com a Neoenergia, que deve inaugurar em julho 17 eletropostos ao longo dos 1.200 km entre Salvador, na Bahia, e Natal, no Rio Grande do Norte – trajeto que cruza também Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba.

O projeto tem investimento de R$ 20,5 milhões. “Queremos um modelo que também seja sustentável economicamente e estamos estudando o valor a ser cobrado pelas recargas, que serão pagas por nosso aplicativo”, diz José Antonio de Souza Brito, gerente corporativo de pesquisa e desenvolvimento.

Em outra frente do mercado, empresas começam a gerar energia limpa para a frota própria.

Em Brasília, a Viação Piracicabana investiu R$ 716 mil em 2019 no sistema de painéis fotovoltaicos para captação de energia solar em suas três garagens e outros R$ 450 mil na construção de uma subestação elétrica. Com isso, gera mensalmente 11,5 mil quilowatts para seus seis ônibus elétricos, adquiridos em 2018 e 2020. A energia solar gerada é utilizada na manutenção da garagem. O excedente é captado pela rede da Companhia Elétrica de Brasília (CEB) e transformado em crédito na conta de luz, utilizado para abastecer os ônibus à noite. Cada um dos veículos custou cerca R$ 1,2 milhão – três vezes mais que um ônibus a diesel equivalente. Atualmente, eles consomem R$ 0,93 em energia por km rodado.

Nos ônibus a diesel, a cifra é R$ 1,71 por km. “Somos pioneiros e, como tudo é novo, ainda não sabemos qual será o prazo do retorno do investimento”, diz Marco Mansur, responsável pela manutenção da frota.

Estratégia semelhante, em maior escala, será adotada pela TB Green, locadora de caminhões e vans com frota de 200 veículos elétricos e clientes como em clientes como DHL e Heineken.

Em agosto, a empresa deve inaugurar a própria usina solar em General Salgado, interior de São Paulo. Inicialmente o sistema gerará energia suficiente para abastecer 60 caminhões, com a produção de cinco megawatts a cada cinco horas de insolação, conforme informa o diretor da empresa, Carlos Augusto Serra. O investimento na primeira fase é de R$ 35 milhões. O projeto prevê mais cinco fases, para geração de capacidade de cinco megawatts cada e custo estimado em R$ 35 milhões.

Fonte: Valor Econômico

plugins premium WordPress
Receba as últimas notícias

Assine a nossa news gratuitamente.
Mantenha-se atualizado com
as notícias mais relevantes diretamente em seu e-mail.