Montadoras já têm carros 2016; saiba o impacto para o consumidor
Você ainda está se preparando para o carnaval deste ano, mas as montadoras já estão em 2016: Honda Civic, Fiat Bravo e Hyundai Tucson “viraram” de ano há pouco. A prática de antecipar o lançamento de linhas com modelo do ano seguinte é comum na indústria automobilística, mas cada vez mais recai sobre modelos com poucas ou nenhuma alteração importante, caso desses três. Só que preço sempre sobe.
“Não tem ciência oculta. É uma questão de marketing e de comportamento do mercado. Há 20 anos havia uma concorrência bem controlada, o mercado estava muito bem repartido entre Ford, GM, Volkswagen e Fiat. Hoje a disputa está muito mais forte e é preciso sair melhor que o concorrente”, explica Gerardo San Roman, presidente da Jato Dynamics do Brasil, consultoria especializada no setor automotivo.
Sem grandes mudanças
Não há nova geração nem mudanças importantes nos 3 modelos que já estão em 2016. A Fiat reestilizou o Bravo, que ainda estava na linha 2014. Com um “tapa” no visual e melhoria no pacote de equipamentos, o hatch ficou mais caro.
O Civic não mudou no exterior, mas retomou a versão mais completa, EXR, e ficou mais equipado na configuração que mais vende, a intermediária LXR. Todas as versões ficaram, em média, R$ 2,5 mil mais caras.
O Tucson não teve nenhuma alteração importante, além do preço: de R$ 69.900 para R$ 75.990. Segundo a Hyundai Caoa, que produz o modelo em Anápolis (GO), não houve reajuste ao longo de todo o ano passado.
“Antigamente, quando um carro tinha mudanças ao longo do ano, elas eram divididas em séries. Hoje, há diversas alterações em pacote de equipamentos, motorização e design. Então, as montadoras encontraram o recurso do ano/modelo para mostrar para o público que há mudanças. Porém, isso causa confusão na cabeça do consumidor”, falou Paulo Roberto Garbossa, da consultoria ADK Automotive.
O que muda para o consumidor
Há casos, portanto, de uma concessionária que pode ter em estoque dois modelos praticamente idênticos, mas com ano/modelo diferentes. Nesse caso, a orientação dos consultores é fazer as contas antes de fechar um negócio.
“Normalmente nesses casos, a decisão é financeira. As facilidades [na negociação] estarão com o veículo do ano/modelo anterior, pois não vão oferecer nenhuma facilidade para um modelo mais novo”, explica San Roman.
Por outro lado, o valor de revenda será menor. “O mercado trabalha pelo ano modelo. Um carro feito em 2015 com modelo 2015 vai custar menos do que um 2015/2016, mesmo os dois dividindo o showroom”, completa Garbossa.
Para San Roman, se há poucas mudanças de um para outro, a depreciação também será pequena, na comparação entre eles. Segundo a Jato, um Civic 2015 que, na última quarta (11), tinha como preço sugerido R$ 68.400 na versão de entrada 1.8 LXS, com câmbio manual, terá cerca de 20% de desvalorização daqui a um ano.
Projeto de lei quer vetar
Tramita pela Câmara dos Deputados um projeto de lei que tenta proibir os fabricantes de virarem o ano/modelo dos veículos antes de 1º de setembro. Ele ainda terá que passar pelas comissões de Defesa do Consumidor (CDC), Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) e Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC).
Por André Paixão e Luciana de Oliveira, do G1.