“Com menos aviões e risco no transporte público, carro sai da pandemia mais forte do que entrou”, diz CFO da Movida
SÃO PAULO — A pandemia de coronavírus prejudicou o balanço da Movida (MOVI3) no segundo trimestre, mas a empresa já observou uma recuperação entre julho e setembro, na avaliação de Edmar Lopes, CFO da companhia. A expectativa, segundo ele, é de que a empresa apresente um resultado expressivo no último quarto deste ano.
“A gente já voltou a crescer, isso é uma notícia boa. Acrescentamos três mil carros à nossa frota. Mantivemos o patamar da receita em R$ 1 bilhão, o que também mostra crescimento em relação ao mesmo trimestre do ano passado. O Ebitda se recupera de maneira muito importante. Foi de R$ 213 milhões, o que é muito mais do que os R$ 151 milhões que a gente tinha feito no segundo trimestre, no meio da pandemia. E o lucro avançou 14 vezes quando você compara de um trimestre para o outro”, afirmou.
Ele participou nesta sexta-feira (13) de uma live no InfoMoney da série Por Dentro dos Resultados, onde executivos de importantes empresas da Bolsa apresentam os principais destaques financeiros do terceiro trimestre, comentam os números e falam sobre perspectivas.
O executivo afirmou que a empresa segue com um patamar de caixa robusto, de R$ 1,7 bilhão, além dos R$ 600 milhões captados em debêntures. “Isso nos dá tranquilidade de ter as dívidas pagas até 2022”, disse. Ele descartou a possibilidade de usar o dinheiro para uma eventual aquisição: “o momento é de preservação de caixa.”
Lopes afirmou ainda que a receita bruta por carro voltou a R$ 1.800, nos níveis pré-pandemia. A depreciação, no entanto, segue elevada, mas na avaliação dele tende a cair. “Já caiu em outubro e, a partir de agora, vai para baixo. É muito difícil falar que vai voltar a subir ou se estabilizar com as condições atuais do negócio”, afirmou o executivo.
Sobre a venda de seminovos, o CFO da Movida disse que foram vendidos 14.300 carros entre julho e setembro, com um valor médio superior do que no trimestre anterior, de cerca de R$ 45 mil. “Em outubro, já subiu para R$ 48 mil”, disse. A Movida não pretende por enquanto abrir novas lojas de vendas de seminovos, já que também investiu em sua operação online e digitalização de serviços.
“No segmento de carros alugados para motoristas de app, mantivemos o mesmo nível do pré-pandemia, o que é bom sinal. Com o aumento do desemprego no país, isso pode estimular uma alta nos alugueis para motoristas de aplicativo”, disse.
Lopes afirmou que o Brasil “está começando a entender o que é aluguel de carro”, comparando ao leasing americano. “Temos uma avenida enorme de crescimento”, disse. Um dos vetores desse crescimento, segundo ele, pode ser o de aluguel de longo prazo, um serviço que foi relançado pela companhia e que, de acordo com o CFO, tem registrado uma demanda crescente no país.
“Estamos nos preparando para o turismo doméstico. Vemos nos alugueis dos nossos clientes que tem muita gente alugando carro para fazer viagens de até 800km. Há um risco alto [de infecção pelo novo coronavírus] no uso de transporte público e as viagens de avião estão restritas ou sendo evitadas. O carro sai da pandemia muito melhor do que entrou. As pessoas estão utilizando mais o carro agora”, afirmou Lopes.
O CFO da Movida comentou ainda sobre o lançamento da Movida Cargo e a parceria anunciada recentemente com a Magazine Luiza para entregas: “estamos conversando com outros parceiros grandes e vamos ter mil carros até a metade do ano que vem”, disse. Ele também falou sobre o carro elétrico da Nissan que passou a ser disponibilizado aos clientes da Movida e sobre o impacto da junção entre Unidas e Localiza sobre os serviços da companhia.
FONTE: INFODINHEIRO