Você sabe de verdade como funciona a servicificação?
Por conta da pandemia, empresas e pessoas passaram a refletir mais sobre autonomia e necessidade real de posse, com ótimas opções no mercado que se adequam a essa nova necessidade do consumidor de pagar pelo quanto se utiliza um produto ou serviço. Por que comprar se é possível alugar?
Victor Cremasco, sócio da Mandalah, consultoria de gerenciamento e inovação para multinacionais, apontou como o “novo normal” a necessidade de mudança de alguns comportamentos do consumidor, como a servicificação, tendência essa que já vinha ocorrendo desde meados de 2010, segundo ele, mas que tornou-se realidade em meio nos últimos meses, comenta no segundo dia do Whow! Festival de Inovação 2020.
Para Antonio Santos, diretor de Marketing da Localiza para América Latina, empresa que iniciou oferecendo serviços de locação de veículos e hoje atende também ao consumidor que deseja possuir seu seminovo, alugar frotas ou até mesmo fazer o aluguel de um carro para poder trabalhar em plataformas como Uber e 99. O executivo aponta que entender as novas necessidades do seu consumidor foi essencial para o crescimento e perpetuação do negócio.
“As pessoas estão se acostumando ao fato de que elas podem ter acesso sem necessariamente ter a posse, mas conseguimos navegar nos dois cenários.”
Antonio Santos, diretor de Marketing da Localiza para América Latina
“A locação corporativa e a flexibilidade eram palavras que não se conversavas. E o coworking veio pra quebrar essa dinâmica”, destaca Fernando Bottura, CEO da GoWork, empresa que oferece espaços compartilhados de trabalho. Ele ressalta que, há dez anos, quando iniciou a empresa não era algo factível pensar em empresas de grande porte deixarem o modelo tradicional de locação de espaços e migrarem para espaços híbridos, que é uma realidade hoje.
Cada vez mais, vemos empresas que adotaram o home office inicialmente por tempo determinado e que, hoje, não enxergam mais a necessidade de manter um escritório com aluguel e aí entra o coworking.
O poder de compra para todos
Mariana Penazzo, cofundadora da Dress & Go, marketplace de venda e aluguel de vestidos de grandes estilistas com valor acessível que surgiu em 2012, ressalta que o mundo da moda não era um mercado no qual pensava-se em sustentabilidade. “É muito mais inteligente você não precisar guardar o seu vestido no armário por anos, pois você pode inclusive rentabilizar isso deixando-o no nosso closet”, comenta.
Já para Nathan Janovich,CEO e fundador da Rentbrella, startup que faz o aluguel de guardas-chuvas localizados em locais estratégicos, ao observar novos comportamentos dos consumidores ele notou que era preciso ressignificar o objeto de algo pessoal para algo compartilhado, assim como as bicicletas, carros, etc.
Durante o bate-papo, a pandemia significou observar com mais cuidado para os consumidores que mudaram radicalmente, com pessoas que não queriam se expor ao risco. Ao contrário do que era esperado, as pessoas não voltaram imediatamente para o status anterior de ter a necessidade de posse. Assim observou-se que é possível, e mais viável economicamente e pensando no meio ambiente, alugar e usar conforme a real necessidade.
Em um primeiro momento para os palestrantes, os últimos oitos meses se mostraram desafiadores, mas encontraram a oportunidade de inovar e repensar os modelos de seus negócios.
Como se reinventar em meio aos novos comportamentos do consumidor? Para os palestrantes, apesar de cada um estar em um seguimento diferente, todos concordam que é um desafio, mas que a chave para se manter no mercado é a inovação e ressignificar a experiência de seus clientes.
Todos foram unânimes ao dizer que é essencial conhecer o consumidor, por meio de pesquisas, redes sociais e escutá-los, para assim, entender o que cada persona espera, e assim cada cliente será único.
Lições aprendidas com a servicificação
A pandemia ainda trouxe uma reflexão mundial sobre o consumo, para que todos consigam usar o que querem e o que precisam, dessa forma, fazendo com o que todos tenham autonomia.
“O futuro é de gente que empreende e pra quem tem senso de dono. Isso vai gerar fluidez por meio de compartilhamento e coletividade, tirando o senso de propriedade que cria barreiras, com mais tempo, mais equidade e mais qualidade de vida”, afirma o CEO da GoWork
A lição aprendida é que o futuro é agora, tudo pode mudar em três meses, como está acontecendo neste “novo normal” e o consumidor passou a ressignificar tudo e entender o que realmente é necessário, para ter uma vida confortável e sustentável. E no caso das empresas, entender esse movimento é essencial para se manter no mercado.
FONTE: WHOW