Número de vítimas de acidentes de trânsito cresce 78%
O Ministério da Saúde tem desembolsado mais recursos para atender pessoas vítimas de acidentes de trânsito. Aumentaram as internações e o custo por elas, de acordo com os dados da pasta. Em 2012, o custo por 159.251 internações chegou a R$ 211 milhões. Já em 2003, foram gastos R$ 144,8 milhões com 109.696 internações em consequência das colisões. Esse último valor já está corrigido pela inflação do período, para permitir a comparação.
Entre janeiro e agosto deste ano, 102.146 pessoas foram parar no hospital por conta de acidentes de trânsito, o que significa um crescimento de 78% em relação ao mesmo período de 2003. O Ministério da Saúde informou que lançou uma estratégia para melhorar o atendimento de vítimas de causas externas, que incluem os acidentes de trânsito. Este ano, a pasta criou a Linha de Cuidado do Trauma na Rede de Atenção às Urgências e Emergências do Sistema Único de Saúde (SUS) e definiu um incremento de 80% a mais para pagamento de serviços referentes a 148 procedimentos.
Diante do aumento de acidentes, a pasta estabeleceu regras para habilitação de centros especializados em trauma, com o objetivo de organizar a rede hospitalar, padronizar e agilizar o atendimento às vítimas de violências e acidentes em geral e, com isso, evitar óbitos, complicações e sequelas graves.
O médico João da Veiga preside o Comitê de Prevenção aos Acidentes de Moto em Pernambuco, instituído em 2011, quando o problema começou a se agravar no estado, onde a frota de motos evoluiu 337% entre 2003 e setembro deste ano. Segundo ele, hoje, o primeiro lugar de internação nos setores de trauma é o acidentado de moto.
“A julgar pelo Hospital da Restauração, em Recife, que acompanhei de perto por muito tempo, o impacto não só no Ministério da Saúde como na própria Previdência é grande. Normalmente, esses pacientes estão em idade laboral, passam em média 45 dias internados, necessitam de no mínimo duas cirurgias e ficam até seis meses sem trabalhar. Quando deixam o hospital, 11% se aposentam devido a amputações ou desfuncionalização dos membros”, afirma Veiga.
Em Recife, os traumas causados por motocicletas eram a quarta causa de internação nas emergências da capital pernambucana até o final da década passada. Agora, já respondem pela ocupação de 90% dos leitos de alta complexidade nas áreas de traumatologia e neurocirurgia dos quatro maiores hospitais públicos da cidade.
Antes, a liderança pertencia às armas de fogo, atropelamentos e colisões. Os óbitos em transportes terrestres já somam 41,2% do total registrado em Pernambuco. Só este ano, já foram 591 mortes, sendo 23 de crianças.
Wilson da Silva Carvalho, de 16 anos, pilota desde menino motos no município sertanejo de Manari, a 372 quilômetros de Recife. No dia 3 de outubro, ele trafegava por uma rodovia federal, quando bateu em um caminhão, que fugiu sem prestar socorro. Wilson foi levado para o setor de traumas do Hospital da Restauração, a maior emergência da capital. Teve fraturas na bacia e na perna.
“De moto, não quero saber nunca mais na vida”, disse o estudante, que ganhava dinheiro consertando motos.
Fonte: Portal do Trânsito