Para 55% dos brasileiros que usam Uber, ter um carro é dispensável

Estudo mostra o que consumidores esperam das novas tecnologias

Ainda que as montadoras insistam em não admitir, o consumidor brasileiro dá sinais de que a sua vontade de ter um automóvel já não é mais a mesma. Entre as pessoas que usam serviços de transporte individual como Uber e 99, 55% dispensam a necessidade de ter carro próprio. Este número cresce para 62% quando são avaliados os mais jovens, das gerações X e, principalmente, Y. Estas são algumas das conclusões do Global Automotive Study feito pela Deloitte para avaliar os novos hábitos e o interesse do consumidor por novas tecnologias. A pesquisa foi realizada em 2016 com mais de 20 mil pessoas globalmente, cerca de 1,2 mil delas no Brasil.

“O smartphone é bem mais barato do que o carro. Especialmente para os mais jovens, o veículo próprio é uma dor de cabeça. Ainda assim, isso não é uma ameaça ao negócio das montadoras no curto ou no médio prazo. Até porque existe uma frota de veículos que será demandada por estas plataformas de transporte”, pondera Carlos Ayub, sócio da consultoria especializado em indústria automotiva. Ele lembra que, segundo o levantamento, 64% dos brasileiros nunca ou quase nunca usam serviços como o Uber, que normalmente são oferecidos em grandes centros urbanos. Dessa forma, ter um automóvel continua sendo solução importante para uma série de consumidores, aponta.

De qualquer forma, Ayub avalia que o interesse emergente no Brasil por usar serviços de locomoção no lugar de ter um automóvel já provoca uma mudança de paradigma na indústria automotiva. “Pela primeira vez as empresas começam a pensar em outros modelos de negócio focados em serviços”, diz.

CLIENTE MAIS EXIGENTE

Outra conclusão do levantamento da Deloitte é que o consumidor está menos disposto a investir em opcionais tecnológicos para o carro. Na edição anterior da pesquisa, realizada em 2014, os entrevistados apontaram que poderiam gastar até R$ 5.951 em itens adicionais para o carro. No levantamento atual este valor cai para R$ 1.995. Ayub avalia que, em parte, a diminuição é explicada pela crise econômica, que reduziu o poder de compra.

Há ainda outra razão, diz: “Os consumidores estão cada vez mais familiarizados com as novas tecnologias. Há dois anos eles investiriam em uma novidade que tivesse acabado de ser apresentada, mas agora eles esperam que este recurso seja de série.” Em resumo, com smartphones poderosos nas mãos, aumenta também o nível de exigência com os recursos que um carro básico deve oferecer.

O consultor aponta que os dispositivos de segurança estão entre os itens mais valorizados no Brasil, destacando tecnologias como frenagem automática de emergência, bloqueio de funções do carro em situações de condução perigosa e chamada automática de emergência em caso de acidente. Segundo Ayub, o brasileiro tem expectativas mais altas em relação ao carro autônomo do que consumidores de outros países, como Estados Unidos e Canadá. “Recursos de assistência à direção mais avançados já oferecidos no mercado nacional são altamente percebidos pelo consumidor.”

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