Prioridades: jovem brasileiro não quer carro próprio
A crise econômica aliada a novos hábitos de vida e consumo tem provocado uma queda significativa no volume de carteiras de habilitação emitidas no Brasil. Entre 2013 e 2015, a quantidade de novos habilitados no país caiu pela metade (53%). Houve redução em todas as faixas etárias, especialmente na de 22 a 30 anos, que chegou a 62%, e na de 31 a 40 anos, também na casa dos 60%, segundo dados do IBGE. O setor de autoescolas culpa a recessão econômica, mas os números também revelam que o carro como objeto de desejo está perdendo espaço em tempos de crescente preocupação com o meio ambiente e de relações cada vez mais restritas aos smartphones.
Atualmente, o estudo Global Automotive Consumer Study: Future of Automotive Technologies revelou que 62% do jovens das gerações Y e Z utilizam serviços de compartilhamento (como Uber e Cabify) e consideram dispensável a compra de um carro no futuro. Analisando a amostra geral de brasileiros, 55% questionam a necessidade de ter seus próprios carros.
Em contrapartida, a mesma pesquisa mostrou que a maioria dos brasileiros (64%), afirma que quase nunca utilizam serviços de compartilhamento de veículos. Isso porque nosso País é muito grande e esses serviços só estão disponíveis nos grandes centros urbanos. “Mas é interessante perceber que 43% dos jovens que participaram do estudo utilizam esse serviço pelo menos uma vez por semana”, aponta Reynaldo Saad, sócio-líder da área de Bens de Consumo e Produtos Industriais da Deloitte Brasil.
Além disso, serviços como aluguel de carros estão cada vez mais comuns. No Brasil, segundo o mesmo estudo, a prática cresceu cerca de 31% nos últimos 3 anos. Outra alternativa, também, são os transportes públicos, que vêm se expandindo cada vez mais.
Os jovens mostram estar cada vez mais inclinados a abrir mão de ter a propriedade de um carro, preferindo vivenciar esse movimento do compartilhamento, o que é um indicativo muito importante da tendência futura de consumo. Cabe à indústria automotiva acompanhar muito de perto essa nova realidade.