Renault testa veículos elétricos em frotas

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De Valor Econômico

O Brasil ainda vai permanecer um mercado de teste para os carros elétricos da Renault por pelo menos três anos. Antes desse prazo, esses veículos com emissão zero de poluentes – e que começam a ser vistos com mais frequência nas ruas países da Europa – não devem ser vendidos aos consumidores brasileiros, prevê Denis Barbier, diretor das operações nas Américas da montadora francesa.
A Renault começou a vender seus carros totalmente elétricos para empresas no Brasil há cerca de um ano. Até o momento, 88 veículos, entre os modelos Zoe (compacto), Twizy e o furgão Kangoo Z.E, estão sendo utilizados por companhias como CPFL, Itaipu, Fedex e Natura. “Estamos em uma primeira fase de testes nos principais países da América Latina. Nosso objetivo inicial são as frotas institucionais. Não vamos partir ainda para a conquista do público em geral”, disse Barbier ao Valor.
O negócio ainda é incipiente, mas o Brasil já representa o maior mercado dos carros 100% elétricos da marca na América Latina, onde foram vendidas quase 240 unidades em países como México, Colômbia, Argentina e Uruguai. Barbier prefere não fazer previsões em relação ao volume de vendas, mas diz que existe na região “importante potencial de evolução” do mercado de carros elétricos.
Para eles chegarem até o consumidor latino-americano, é necessário desenvolver infraestrutura para recarregar as baterias e também estimular financeiramente a aquisição desses veículos. Ou seja, o apoio governamental é fundamental para dar impulso ao negócio dos carros elétricos, como já ocorre nos mercados onde há expansão mais acentuada, afirma o executivo.
Na França, o governo concede aos particulares um bônus de € 6,3 mil (R$ 18,4 mil) na compra de um carro elétrico. A bateria, que custa caro e tem forte impacto no preço total, não é comprada e sim alugada por cerca de € 80 mensais. Uma lei adotada em julho visa favorecer, por meio de financiamentos privados que terão benefícios fiscais, a instalação até 2030 de 7 milhões de tomadas para recarregar os veículos (são 10 mil hoje na França, a metade em Paris e seus arredores).
O compacto hatch Zoé custa na França € 21,9 mil. Com o bônus, o carro sai por € 15,6 mil. No Brasil, o modelo é vendido às empresas por € 60 mil. Além dos impostos está incluído o preço da bateria, já que não existe o sistema de aluguel.
Na Noruega, onde os carros elétricos já representam 20% da frota total, o governo foi além dos incentivos financeiros e concedeu também facilidades no cotidiano do motorista: possibilidade de circular nos corredores de ônibus e estacionamentos gratuitos para os veículos com zero emissão.
“Os governos da América Latina estão progressivamente tomando consciência da vantagem dos carros elétricos”, afirma Barbier, que diz estar “confiante” em relação ao fato de que o mercado “deve se desenvolver muito rápido” na região.
Mas, mesmo na Europa, o principal mercado dos carros elétricos da Renault, as vendas estão abaixo do previsto no lançamento do programa, em 2012, onde já foram investidos mais de € 4 bilhões.
Isso levou Carlos Ghosn, presidente da Renault, a adiar de 2016 para 2020 o objetivo de que os carros elétricos atinjam 10% do mercado na Europa. Na França, eles representam 0,6% da frota. Há 36 mil unidades no país e a Renault vendeu a metade desse volume.
“O mercado tem dificuldades para decolar”, reconhece Ziad Dagher, da direção comercial dos carros elétricos da marca. Mesmo com as ajudas governamentais. A rede ainda limitada de tomadas para “reabastecer” desanima compradores. A autonomia do carro também é outro fator. A Zoe, por exemplo, percorre até 150 Km antes de ser recarregada.
A Renault está trabalhando atualmente para aumentar a autonomia da bateria para no mínimo 200 Km, conta Béatrice Fouchet, responsável pelos veículos zero emissão da marca. O objetivo é ter baterias com mais tecnologias a preços menores. A rede de tomadas para recarregá-las deve ser ampliada progressivamente.
Com a melhora futura das facilidades de utilização e a preocupação cada vez maior com questões ambientais, a Renault acredita que o mercado vai se expandir a um ritmo mais acentuado. Para Barbier, deve ocorrer com os carros elétricos o mesmo que aconteceu com os celulares, ou seja, no início eles eram bem mais caros e havia menos antenas para captar o sinal.
A Renault vendeu, até o momento, 47 mil veículos desse tipo no mundo (14 mil Zoe). No ano passado, foram 19 mil unidades. A Aliança Renault- Nissan totaliza 182 mil carros elétricos vendidos.
Na França, metade das vendas são para empresas ou instituições. Entre elas, o castelo de Versalhes, que achou mais ecológico (e silencioso para os turistas) ter carros elétricos circulando por parque. O modelo Twizy ganhou até um modelo decorado com o emblema do golfinho, símbolo do filho do rei que sucederá ao trono, e que atrai a curiosidade dos visitantes.
Fonte: ABLA

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