Usados difíceis de vender sofrem desvalorização acima da média
No universo dos carros usados existem dois polos opostos. O dos “filés”, que são os carros mais desejados. Já os “micos” são aqueles que, por vários motivos, não caíram no gosto do mercado, e vendê-los demora, além de ter que baixar bastante o preço.
Vamos começar pela parte boa. Duas marcas japonesas, Toyota e Honda, são “filés” por unanimidade. Mas não é qualquer modelo. Da Toyota, Corolla e Hilux mal entram no salão de uma revenda e já acham um novo dono. A linha Honda também é muito procurada por esses atributos, um pouco menos pelo preço de manutenção, mas que não chega a ser cara. Os modelos bons de mercado são Fit, Civic, City e até o CR-V. As marcas japonesas Nissan e Mitsubishi não participam dessa congregação.
Ainda na linha dos carros fáceis de vender, com liquidez no mercado, estão alguns modelos mais simples e baratos. Mas não é qualquer um que se dá bem nesta seara. Também são unanimidade o Gol, assim como Uno e Palio. Além disso, esses modelos têm baixo custo de manutenção e aguentam o tranco. Apesar de bons de mercado, alguns vendedores falam que unidades muito “peladas” ou malconservadas não têm vez, já que existe uma oferta muito grande, incluindo versões mais bem acabadas e equipadas.
No outro extremo, alguns veículos premium alemães não costumam fazer feio. Os modelos mais procurados são os Audi A1 e Q3, BMW X1 e 320, além dos Mercedes-Benz C180 e C200. Modelos de nicho, como o pequeno smart, não dão muito trabalho para vender. Em alguns casos (raros) um veículo é vendido acima da tabela, como o Audi A1 Sport 1.4 TFSI (com motor de 185cv), que tem poucas unidades disponíveis e muita procura.
Já os carros franceses não ajudam muito na revenda. Da Citroën, C4 e C4 Pallas não são muito procurados. Da Peugeot, até os compactos 206 e 207 não facilitam a vida do vendedor. Se for um 207 sedã ou a picape Hoggar então… A principal dificuldade apontada para essas marcas é o receio quanto ao custo de manutenção. Marca de mais volume, a Renault também não goza de boa fama nas revendas. Com a exceção de Sandero e Logan (o novo!), os demais carros da marca também juntam poeira antes de seguir para uma nova garagem.
De forma geral, os vendedores foram cautelosos sobre os modelos dos quatro fabricantes mais tradicionais (Fiat, Ford, Volkswagen e Chevrolet), e não condenaram nenhum. De acordo com todas as fontes, nesses casos, a liquidez está diretamente ligada ao fato de o vendedor dar um preço condizente com o mercado. Ou seja, se o carro não é nenhum sucesso de vendas, pelo preço certo não vai ficar muito tempo no salão.
“Os chineses têm liquidez próxima de zero”, resume um vendedor de seminovos e usados. Os motivos? Qualidade e segurança duvidosas, além de escassez de concessionárias. O único modelo que tem mercado é o JAC J3, mas ainda assim tem que ter bom preço e conservação. Para os demais, melhor providenciar a igreja e as alianças, que será um longo matrimônio.
Alguns componentes mecânicos são evitados, caso dos câmbios automatizados de uma embreagem, como o Dualogic (da Fiat), I-Motion (da Volkswagen), Easytronic (da Chevrolet) e Easy’R (da Renault), que em alguns casos decepcionam durante o uso do veículo e têm manutenção cara. Na melhor das hipóteses, veículo com esse câmbio é vendido pelo mesmo preço de um manual, mas isso pode levar tempo.
Por Pedro Cerqueira, do Jornal Estado de Minas.