Veículos autônomos podem replicar sucesso de smartphones
A gerente de fundos Elizabeth Soon está em busca de seu terceiro momento de sucesso. Se a sua ideia mais recente tiver tanto êxito quanto as duas primeiras, os investidores devem começar a voltar a atenção para as fornecedoras de carros autônomos.
Até hoje, os momentos de clareza de investimento de Soon em quase uma década na PineBridge Investments Asia foram relacionados ao smartphone — em ambos os casos ela detectou tendências não descobertas destinadas ao sucesso.
Ela não coloca seu interesse recente exatamente na mesma categoria, mas afirma que a iminente revolução dos automóveis poderá ser uma oportunidade crucial para os investidores.
“Acreditamos que os carros sem motoristas serão realidade”, disse Soon, que se interessa particularmente pelo setor de componentes, que terá uma importância cada vez maior à medida que a direção se tornar progressivamente mais automatizada.
“Quando as coisas se desenvolverem, essa área crescerá fortemente.”
Ela pontua que os investidores poderão precisar de paciência com um setor que poderá levar 15 anos para se desenvolver.
Soon e sua equipe estão acostumados à abordagem de longo prazo, às vezes analisando as empresas durante vários anos, estudando os balanços em busca de retornos consistentes sobre o capital e investimento de capital prudente, especialmente em pesquisa e desenvolvimento.
A comparação com os smartphones parece adequada para uma gerente cujas ideias sobre o setor compensaram tanto.
A primeira delas foi a compreensão de que versões mais baratas desses aparelhos tecnológicos, antes caros, acabariam chegando às mãos dos consumidores comuns. A segunda veio alguns anos depois, quando a filha de Soon usava um desses aparelhos na hora do jantar.
“Minha filha estava postando tudo o que comia no Facebook”, disse Soon. “Eu passei por turistas que estavam usando tablets para tirar fotos e aquilo me fez pensar, o que acontece se usarmos mais nossos telefones e tablets para tirar fotos e menos câmeras digitais?”
Em ambos os casos, Soon e sua equipe se concentraram em empresas que poderiam tirar proveito da tendência por meio de um componente ou produto específico.
As ações da fabricante de componentes para celulares AAC Technologies Holdings, que tem sede em Shenzhen, na China, se multiplicaram por nove desde o fim de 2007, quando o fundo de baixa capitalização de Soon revelou que possuía ativos da empresa, segundo dados compilados pela Bloomberg, os mais recentes deles de 30 de junho.
O fundo mantinha papéis da fabricante de lentes óticas taiwanesa Largan Precision no início de junho de 2016 e a empresa subiu mais de 60 por cento desde então. Soon preferiu não discutir nomes específicos de seu portfólio.
O PineBridge Asia ex Japan Small Cap Equity Fund, com cerca de US$ 152 milhões em ativos, acumula alta de 13 por cento neste ano, superando 97 por cento de seus pares em um grupo de mais de 100 fundos, segundo dados compilados pela Bloomberg. E ao longo de cinco anos, o fundo superou 90 por cento de seus pares.
Recentemente, o fundo investiu na Guangzhou Automobile Group, a fabricante de veículos chinesa que está tentando entrar no mercado dos EUA, mostram dados compilados pela Bloomberg.
A GAC informou em janeiro que planeja abrir um centro avançado de pesquisa e desenvolvimento no Vale do Silício no primeiro semestre deste ano para acelerar a pesquisa sobre carros conectados e identificar alvos de aquisição que ajudarão a companhia a desenvolver tecnologias avançadas.
As ações da GAC avançaram e atingiram um recorde em 15 de março.
Por Eric Lam e Narae Kim, da Bloomberg.