VW faz acordo de R$ 560 milhões por conta do "dieselgate" nos EUA
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Friso Gentsch/EFE
Novo acordo tira mais um obstáculo do caminho da VW para limpar sua imagem; custos, porém, já superam os R$ 50 bilhões e podem duplicar
Em mais um capítulo da “novela” da fraude com motores a diesel, a Volkswagen concordou em pagar US$ 175 milhões (R$ 560 milhões) aos advogados que representam 475.000 proprietários de veículos que violam as regras ambientais dos Estados Unidos, duas pessoas informadas sobre o acordo disseram nesta sexta-feira (14).
Em agosto, os advogados da ação de classe propuseram o valor de US$ 332,5 milhões (pouco mais de R$ 1 bilhão), considerando taxas e custos do processo de US$ 10 bilhões (R$ 32 bilhões) que a Volkswagen enfrenta, e que dá aos proprietários americanos de carros com motores poluentes de 2 litros a diesel a capacidade de ter o valor de compra ressarcido pela fabricante.
Este novo acordo significa que a VW já concordou em gastar até US$ 16,7 bilhões (R$ 53,5 bilhões) para compensar os proprietários norte-americanos e ainda cobrir multas estaduais, federais e de lojistas.
As novas contas
Os US$ 175 milhões incluem honorários advocatícios e outros custos do processo, apontam as fontes, que falaram sob condição de anonimato. Contatados, advogados dos proprietários de veículos e um porta-voz da Volkswagen não quiseram comentar.
Na próxima terça-feira, o juiz distrital Charles Breyer deverá realizar uma audiência em San Francisco, para julgar o acordo proposto em junho aos proprietários de veículos. Este poderá ser o maior acordo de recompra de automóveis da história dos Estados Unidos.
A VW se comprometeu a gastar até US$ 10 bilhões para comprar de volta os veículos e compensar os proprietários. Ele também pode oferecer a correção dos motores, se os órgãos reguladores aprovarem.
Segundo datas anunciadas no último mês, os reguladores poderão aprovar os procedimentos para algumas unidades de modelos 2015 a diesel já no próximo mês.
Além disso, a VW concordou em pagar até US$ 1,21 bilhão (quase R$ 4 bilhões) para compensar os concessionários da marca nos EUA, mais de US$ 600 milhões (quase R$ 2 bilhões) para 44 estados norte-americanos, gastar US$ 2 bilhões (R$ 6,5 bilhões) com a promoção de veículos de emissão zero e de infra-estrutura para carros verdes, além de outros US$ 2,7 bilhões (R$ 8,6 bilhões) para compensar a poluição provocada por seus motores a diesel.
Este acordo também tira um outro obstáculo do caminho, uma vez que a segunda maior montadora do mundo (atrás, novamente, da Toyota) tenta resolver todas as reivindicações pendentes de um escândalo que interrompeu a sua atividade global, manchou sua reputação e levou à demissão de seu presidente no ano passado.
Indefinição sobre carros de luxo
A fabricante ainda enfrenta a possibilidade de ser multada em bilhões de dólares pelo Departamento de Justiça norte-americano na investigação criminal sobre o escândalo, que deve definir o destino de veículos de maiores dimensões que não eram parte do acordo inicial de US$ 10 bilhões.
Investigações e discussões contínuas incluem o destino de cerca de 85.000 carros de luxo com motores acima de 3,0 litros das marcas Porsche, Audi e VW que também superaram as normas de emissão nos EUA, e se deve oferecer uma compensação adicional aos proprietários destes modelos.
O início de tudo
Em Setembro de 2015, a VW admitiu ter usado um sofisticado programa integrado a seus carros para burlar testes de emissões do escapamento, com milhões de veículos afetados no mundo. A fraude permitia que veículos vendidos nos EUA desde 2009 emitissem até 40 vezes mais poluentes que o permitido legalmente.