Exclusivo: startup que compartilha carros atenderá pequenos empreendedores
A moObie irá além das pessoas físicas e colocará donos de pequenas frotas em seu aplicativo de compartilhamento de automóveis no segundo semestre de 2020
Diversas startups apostam no compartilhamento para transformar a mobilidade urbana – e uma delas está de olho também nos pequenos empreendedores do ramo.
A moObie une donos de carros ociosos a usuários que buscam um veículo para dar apenas alguns dias de passeio. Agora, a startup está pilotando a entrada dos microlocadores em seu aplicativo – aqueles que têm até dez carros no estoque.
A nova frente será uma das estratégias para manter o alto crescimento da moObie, que quintuplicou de tamanho no último ano.
Ideia de negócio da mo0bie: carros compartilhados
A moObie foi criada por Tamy Lin em maio de 2017. A ideia de negócio veio de uma das primeiras experiências de trabalho da empreendedora: ela ajudou a criar um plano diretor para a mobilidade de passageiros no Departamento de Estradas e Rodagem de São Paulo.
Depois, Lin trabalhou no mundo executivo. Passou por um estágio de verão na sede do Google, nos Estados Unidos, e em multinacionais como Boston Consulting Group, Smiles e Telefônica/Vivo. “Quando decidi empreender, foi natural escolher o setor de mobilidade”, diz.
Lin foi estudar modelos de compartilhamento de automóveis nos Estados Unidos e na Europa. Acabou fugindo da frota própria e apostou em um modelo chamado de peer to peer, ou “de pessoa para pessoa” (P2P). É o formato adotado também pelas americanas Getaround e Turo.
A moObie conecta donos de carros ociosos a usuários que querem alugá-los por alguns dias por meio de um aplicativo. Com o formato, a startup causa impacto econômico e social sem a necessidade de gerir um exército de automóveis. “Geramos renda familiar adicional, mas não colocamos mais veículos no mercado. São 55 milhões de automóveis no Brasil, mas eles passam 90% do tempo parados”, diz a empreendedora.
Do lado de quem usa os carros, a moObie concorre com locadoras e outras startups do ramo, como a Turbi. A moObie diz ter como diferenciais sobre locadoras comuns oferecer um aluguel de carro específico, e não apenas de uma categoria; dar acesso a avaliações; e não exigir caução, um dinheiro depositado para cobrir possíveis inadimplências.
Do lado de quem é dono dos automóveis, a moObie afirma só ter concorrentes quando eles precisam dirigir – o que abrange desde startups como BlaBlaCar até gigantes como 99 e Uber.
A moObie cobra 30% de comissão do locador sobre o valor de cada diária obtida, além de uma taxa fixa de R$ 10 por diária cobrada do cliente final. É preciso alugar no mínimo uma diária. O tíquete médio vai de R$ 120 a R$ 130. A maioria das pessoas aluga carros para feriados e finais de semana, com duas ou três diárias.
A moObie tem hoje mais de 550 mil usuários cadastrados, entre locadores e usuários finais. São mais de 55 mil veículos na frota da startup.
Estratégia de crescimento: pequenos empreendedores
Até o momento, a moObie conecta apenas pessoas físicas. Mas a startup de mobilidade está fazendo um piloto com 40 a 50 pequenos empreendedores para inseri-los no negócio.
Batizado de Balcão Virtual, o piloto permite que microlocadoras de automóvel cadastrem seus veículos na moObie.
Segundo Lin, existem 10 mil locadoras no país e boa parte tem menos de 10 carros. “Não vale a pena que essas empresas consigam um ponto comercial e contratem funcionários. Vemos muita sinergia: podemos oferecer sistemas de gestão de reservas, mecanismos antifraude, meios de pagamento, digitalização dos documentos, assistência 24 horas por dia e emissão de seguros”, diz. Os ganhos mensais com a moObie seriam de 4% sobre o valor do carro compartilhado, que vai de R$ 40 mil a R$ 50 mil.
O Balcão Virtual deve ser inserido na startup no segundo semestre deste ano. Será uma das chaves para garantir as altas taxas de crescimento da moObie. A startup quintuplicou de tamanho em 2019 e espera repetir a proporção em 2020.