Localiza conseguirá desenrolar compra da Unidas no Cade? Leia análise

Proposta da Localiza para o Cade

 

A Localiza (RENT3) sugeriu ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que estaria disposta a vender a marca Unidas (LCAM3), se for necessário, para conseguir a aprovação do órgão regulador em relação ao plano de incorporar a locadora concorrente ao seu negócio. A decisão sobre a fusão das duas companhias precisa sair até o dia 6 de janeiro.

A Localiza também ofereceu vender algo próximo de 30 mil carros, que corresponde a cerca de 6,5% da frota combinada, para obter o parecer favorável do Cade. A fusão tem causado desconforto às concorrentes do mercado, com a Movida (MOVI3) entrando como “terceiro interessado” no processo, no qual também participam as locadoras Fleetzil, do Grupo Volkswagen, a Ouro Verde e a Ald Automotive, todas demonstrando preocupações com os documentos enviados ao Cade.

A venda da marca Unidas significaria vender as lojas e a bandeira para um concorrente ou um novo player, juntamente com uma parte da frota.

O processo no Cade já se alonga há algum tempo. Por se tratar de uma operação complexa, com a Superintendência-Geral do Cade tendo, em setembro, recomendado remédios que foram considerados menos amargos do que o esperado. Entre os principais, estão o desinvestimento de frotas e agências em municípios e aeroportos com sobreposição entre Unidas e Localiza. A renúncia da utilização de uma das plataformas de comparação de preço. Além da permissão da entrada da Vanguard no país. Controladores canadenses da Unidas que têm um acordo que impede a entrada de suas marcas no Brasil.

O tema vem gerando intensos debates no Cade e críticas das concorrentes. Uma vez que a Localiza e a Unidas são, respectivamente, a primeira e a segunda maiores locadoras do país. Na visão da Movida, a terceira maior empresa do setor no Brasil, a operação deveria ser reprovada. E os remédios aplicados são praticamente inexistentes. Não sanando os problemas que serão criados a partir da concentração de mercado, como elevação de preço ao cliente final. E também o poder excessivo na aquisição de veículos por parte da nova empresa.

A Localiza não concorda com essa visão.

Segundo o diretor de Finanças e de Relações com Investidores da companhia, as baixas barreiras de entrada do setor justificam a possibilidade da fusão. Ele cita como exemplo a recente criação da JV entre Cosan e Porto Seguro. Empresa lançada para operar no setor de aluguel de carros.

Vemos a fusão como muito provável, levando em consideração que nunca houve uma sinalização de reprovação total. No entanto, podemos esperar remédios mais contundentes do que os que foram previamente divulgados.

Localiza disposta a vender a marca Unidas

Felipe Bevilacqua

economia.uol.com.br

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