Oferta limitada: como locadoras driblam as dificuldades do mercado
O setor de locação colocou em prática a palavra inovação durante o último ano.
Com a chegada da pandemia, muitas empresas tiveram de acelerar a digitalização dos negócios e desmistificar alguns receios dos brasileiros que não tinham o costume de locar um automóvel. Em meio a essas mudanças, o segmento enfrentou renovação e manutenção nas frotas e no quadro de colaboradores, além de encarar o fechamento de montadoras.
De acordo com o Anuário Brasileiro do Setor de Locação de Veículos 2021, divulgado pela Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), o ano de 2020 registrou números positivos em relação ao faturamento, chegando a R$ 17,6 bilhões – crescimento de 15,2% se comparado com 2018 (R$15,2 bilhões), mas declínio de 19,2% em relação ao resultado em 2019.
De acordo com Paulo Miguel Júnior, presidente da Abla, é justificável tal movimento ainda estar aquecido dentro do nicho. “Existe o turismo regional. Antes da pandemia, havia um movimento ocorrendo a partir dos aeroportos, mas esse deslocamento de avião parou de ocorrer e passou para o rodoviário. As pessoas estão viajando mais de carro do que de avião ou ônibus. Os viajantes procuram um transporte mais individualizado”, declarou.Quando avaliada a linha do tempo do ano passado, desde o início da pandemia, o presidente da entidade relembra como as empresas buscaram se adequar a cada um dos momentos. “Tivemos uma baixa movimentação nos primeiros meses de crise, mas as pessoas ainda precisavam se locomover e não se sentiam à vontade nos meios de transportes. As locadoras se tornaram uma alternativa acessível”, comenta.
O estudo mostra, ainda, que o Brasil tem à disposição 1.007.221 veículos, divididos entre as categorias: Terceirização (52%), voltada a aluguéis de longa duração para empresas privadas e públicas; Aluguel Diário (20%), para viagens a lazer, negócios ou substituição de veículos próprios; Aplicativos (20%), para motoristas que trabalham com ferramentas de transporte compartilhado; e Assinaturas (8%), que diz respeito à locação de longo prazo.
BALANÇO DO ANO
Segundo dados fornecidos pelo Kayak, com exclusividade para o Brasilturis Jornal, a capital paulista lidera o ranking das cidades mais buscadas para locação de veículos. Logo depois, vêm o Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). Outras capitais compõem o top 10, com Curitiba (PR) em quarto lugar, seguida por Belo Horizonte (MG); Brasília (DF); Fortaleza (CE); Porto Alegre (RS); Florianópolis (SC) e Salvador (BA).
O ranking é bem semelhante ao de 2019, exceto por Florianópolis (SC) que não aparecia entre os mais procurados para locação e dava lugar a Goiânia (GO). O destino catarinense vem chamando a atenção dos turistas de maneira crescente durante a pandemia, com a ascensão do turismo doméstico aliada aos investimentos realizados pela cidade.
Miguel Junior avalia que, neste primeiro semestre, o segmento de locação se mostrou ainda bem aquecido e que a taxa de ocupação das locadoras supera o esperado. No entanto, por mais que haja alta demanda, muitas locadoras enfrentam problemas relacionados à frota, visto que o mercado está com problemas ocasionados pela escassez de insumos resultante da pandemia. A previsão é que este percalço resulte no cumprimento de 50% da meta de aquisição de 800 mil carros ao longo deste ano.
Novas projeções da entidade que representa as locadoras vão ao encontro das estatísticas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em junho, foram quase 167 mil unidades produzidas, o que representa retração de 13,4% em relação ao mês de maio.
“O mercado está aquecido e o varejo está funcionando bem, mas faltam semicondutores. A previsão é que isso só se normalize no segundo semestre de 2022, o que pode prejudicar o Turismo no final do ano, já que existe o risco de as empresas não terem oferta para atender a todos os viajantes”, analisa.
Este cenário ficou ainda mais conturbado após o grande movimento de venda de automóveis por parte das locadoras no início da pandemia, conforme pontua o presidente da Abla. Com a paralisação quase total das atividades turísticas, após o anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS) que elevou a disseminação do novo coronavírus ao status de pandemia, muitos clientes devolveram os veículos. As empresas, por sua vez, enfrentaram dificuldades para estacionar esses veículos que retornaram às bases.
“Algumas locadoras chegaram a alugar espaços para guardar parte dos automóveis, mas a venda dos veículos chegou como uma boa opção. O que as empresas não contavam era com essa dificuldade na produção. Para se ter uma ideia, estamos no meio do ano de 2021 e ainda há pedidos referentes a novembro e dezembro do ano passado que não foram entregues ainda”, cita.
Neste primeiro semestre, as locadoras investiram na compra de mais 180 mil veículos, número que Miguel Júnior avalia como baixo. “Estamos com uma frota já envelhecida e há veículos que não têm condição de rodar. Alguns carros precisam ser trocados e esse número não é necessariamente uma adição. Ao contrário do que deve ocorrer com a indústria hoteleira, pode ser que não haja tanta disponibilidade para locação neste segundo semestre. Por isso o recomendado é fazer a reserva o quanto antes”, comenta.
Segundo relatório produzido e divulgado pelo banco Santander, a falta de automóveis vai pesar no crescimento da frota, mas tende a sustentar as margens EBITDA no nicho de seminovos. Isso significa que, apesar dos problemas referentes às montadoras, a expectativa é que o setor cresça por meio da diversificação dos negócios realizada pelas grandes empresas que atuam no mercado brasileiro.
Paulo Henrique Pires, diretor de Vendas da Localiza, ressalta que o desafio relacionado à falta de semicondutores para a produção de carros é global e vai afetar os clientes, mas destaca que a empresa permanecerá com um diálogo aberto e transparente junto às montadoras. “A Localiza possui 289.193 veículos, na divisão de Aluguel de Carros, para atender às necessidades de mobilidade de seus clientes em todo Brasil. Temos um planejamento estruturado e de longo prazo visando entender as dinâmicas que influenciam essa operação, como demandas sazonais, períodos e locais específicos da retirada”, detalha.
Pires reforça que o preço de locação é dinâmico e leva em consideração diversos fatores, incluindo a disponibilidade de carros na frota. “Independentemente do cenário, orientamos todos os nossos clientes a se programarem para férias e feriados prolongados, uma vez que são datas de alta demanda para todos os negócios que se relacionam com o setor de turismo”, aconselha.
MODELO DE ASSINATURA
Miguel Junior destaca como o setor investe constantemente em tecnologia e inovação, buscando driblar a crise. Em meio a este cenário, houve o desenvolvimento acentuado do modelo conhecido como aluguel por assinatura. De acordo com dados fornecidos pela Abla, 80 mil veículos já estão destinados a este perfil de negócios e a previsão é que essa participação dobre no médio prazo. “Muitas pessoas venderam seus carros ou já entenderam que pagar pelo uso é mais inteligente do que pela posse. Isso aumentou a demanda das locadoras”, conta.
O executivo contou que, para o mercado entenda se este movimento é vantajoso ou não, basta ele analisar quanto o cliente vai rodar, quanto seu carro deprecia ano a ano e qual é o custo com manutenção, seguro, documentação e emplacamento. “Pela assinatura, você não tem essa dor de cabeça. O motorista vai à unidade e escolhe o veículo com todos os acessórios. No final, ele devolve e nem precisa se preocupar com venda. É uma jornada muito mais tranquila, resolvendo questões burocráticas e econômicas”, defende.
O amplo portfólio da empresa é outro benefício destacado pelo presidente da Abla. “A locação de veículo te dá a oportunidade de escolher o automóvel que melhor se adéqua ao seu perfil. Não precisa usar o mesmo carro o tempo todo. Dependendo do evento ou da viagem, o cliente pode escolher luxo ou econômico. Há essa variedade”, complementa.
No entanto, assim como o receio com a cultura do aluguel, os brasileiros ainda dão prioridade à posse dos bens. Esta é a visão de Elizabeth Wada, coordenadora de pós-graduação Stricto Sensu em Hospitalidade da Universidade Anhembi Morumbi, que avalia como o desenvolvimento da economia brasileira, em conjunto com a ascensão da nova classe média, no começo do milênio, destacou a essa cultura do “ter”.
“Houve um reforço de diversas imagens e conotações. A primeira coisa que a pessoa quer ter é um carro para parar de andar de ônibus e também quer viajar de avião. Tudo foi proporcionado no momento em que isso se deu. O turismo rodoviário entrou em um contexto de atividades desprezadas e a comunicação de massa acabou prestigiando isso. Hoje, ainda há resíduos desse comportamento. Não é algo especificamente contra esse mercado, mas com o ‘viajar de ônibus’”, analisa.
O presidente da Abla concorda com a coordenadora e avalia que este posicionamento do “vou ter, vou personalizar, é meu” tende a cair nos próximos anos. A posse está arraigada no seio brasileiro e a partir do momento que deixar de ser um status, a parte mais colaborativa e do compartilhamento cresce”, estima.
Elizabeth complementa que este é um movimento notável entre indivíduos da geração millennial e Miguel Junior sente que a projeção é o alavancamento contínuo com essa visão menos ligada à posse. “Hoje, as pessoas olham para o participativo e a locação de carros vem nesse sentido. Você não precisa ter um carro, mas ter um automóvel à disposição. É isso o que as locadoras oferecem: portfólio variável que atende a todos os gostos e bolsos”, diz o executivo.
CARTÃO DE MOBILIDADE
No mercado internacional, algumas empresas precisaram se reinventar e não deixar que a crise mundial – tanto da pandemia de covid-19 quanto relacionada aos problemas com as montadoras – afetasse drasticamente a operação e o faturamento. A Mobility, por exemplo, utilizou seu know how para direcionar as ofertas de produtos ao mercado nacional.
“Não acreditávamos que a retomada do setor levaria 16 meses, mas que ela seria gradual. Assim que entendemos o cenário pandêmico, fizemos cortes na mão de obra e focamos na sobrevivência do caixa, por isso, passamos a ver o mercado do Brasil sob uma ótica diferente. Sentimos a demanda crescer para viagens de até 300 quilômetros, bem como o interesse em locações por assinatura”, declara Oskar Kedor, CEO da Mobility.
A empresa, que possui parceria com cerca de 30 locadoras dentro e fora do Brasil, oferece mais de 500 veículos locados neste formato. Diante do potencial de desenvolvimento do nicho, Kedor chama a atenção para a seguradora Porto Seguro e para a Caoa, já que ambas estão investindo no mercado de locações. “A Porto Seguros já conta com 10 mil carros para aluguel, oferecendo conforto e facilidade. Eles retiram o veículo e devolvem na casa do cliente sempre que for preciso realizar manutenção. É importante ressaltar que estamos falando da quarta maior locadora do País”, evidencia.
A respeito das mudanças tecnológicas desenvolvidas por conta da pandemia, o CEO da Mobility complementa que as locadoras estão se especializando em digitalizar os processos, mas ainda não pensam de forma digital e não olham para o longo prazo. “O ideal seria termos um cartão de mobilidade, com pagamento mensal que se adequasse a realidade de cada usuário. Por exemplo, com facilidade para o Uber, 99, Cabify, patinetes elétricos e outros dispositivos de mobilidade durante a semana, além de um banco de créditos para uso nos fins de semana. Isso é algo que ainda não existe no mercado, mas que está se desenhando, visando o mínimo de fricção possível na experiência do usuário”, aponta.
Um dos grandes destaques da Mobility é a aposta no setor de hospitalidade. “Temos um grande número de agentes de viagens que confiam em nós e estamos recebendo um retorno bem positivo, oferecendo tanto a locação de veículos quanto reservas hoteleiras. Nossa matéria-prima é a mobilidade e eu tenho certeza que este mercado vai crescer muito”, declara.
Além disso, a empresa firmou uma parceria com o Turismo da Suíça, oferecendo descontos de 10% nas tarifas para o destino até o dia 31 de agosto deste ano. A união visa desmistificar o conceito de que o Turismo no país europeu é caro, em um momento que ele figura pela primeira vez entre os três principais destinos buscados por brasileiros, ficando apenas atrás dos Estados Unidos e do México. O crescimento deve-se à recente abertura da Suíça para viajantes vacinados.
“Os Estados Unidos vencem a disputa com grande vantagem, agora, principalmente para estadas mais longas em destinos na Flórida, Califórnia e na região da Nova Inglaterra. Com as tarifas mais altas por conta da escassez de veículos, a dica é garimpar. Na Suíça, a procura é tamanha que em breve faltará carro. Além dos 10% de desconto, estamos oferecendo parcelamento em até dez vezes sem juros”, salienta.
Outra locadora com expertise internacional – e que anseia pela reabertura das fronteiras – é a alemã Sixt Rent a Car. A empresa, que trabalha prioritariamente com os Estados Unidos, comemora o fato de ter mantido as operações durante todos esses meses, sempre com bom faturamento. De acordo com Jaqueline Chaves, gerente de Vendas no Brasil, a rede permaneceu em um bom patamar e firme, apesar da correria e das medidas drásticas que foram necessárias, incluindo redução na operação, no trabalho nas lojas, na frota e na mão de obra.
“Compramos a Advantage Rent a Car em cima da hora, em 2020, e acreditamos que a expansão será forte quando as fronteiras reabrirem. O mercado doméstico norte -americano já está muito aquecido, porque, assim como no Brasil, houve o aumento do turismo doméstico e a locação acompanha este movimento. O crescimento já ocorre”, comenta a executiva.
Os problemas referentes ao impacto da falta de peças e insumos para a entrega de novos veículos também afetam a empresa alemã e, segundo a executiva, o impacto será direcionado ao cliente final. “O mercado é regulável e, neste momento, isso se dará no preço. Haverá bastante dificuldade em encontrar veículos, então a locação vai encarecer. Não tem outra solução. Não tem como diminuir a oferta de voos ou hospedagem e as locadoras terão que se adaptar a esta demanda”, analisa.
Em relação às inovações implementadas, a Sixt já estava à frente e contava com ferramentas e recursos que auxiliaram no cenário pandêmico. Uma dessas facilidades é o aluguel de carro sem contato com atendente, serviço oferecido pela empresa há mais de cinco anos. “Você busca seu carro e dirige. Isso cresceu muito, principalmente porque os meios convencionais causam receio”, defende.
O aluguel por assinatura também já fazia parte do portfólio da Sixt cerca de dois anos antes do início da pandemia. Intitulado “Mobility is a Service”, o serviço permite ao motorista trocar de carro à vontade. “As pessoas não tinham carro e precisavam se locomover. Na pandemia, isso virou sinônimo de economia. Então, focamos em campanhas, adequações de produto e flexibilidade. A empresa conseguiu se fortalecer e se transformar”, detalha a profissional, que aponta que 80% dos carros disponíveis migraram para o modelo por assinatura.
Após a aposentadoria de Erich Sixt, ex-CEO do grupo – e a chegada de Alexander Sixt e Konstantin Sixt, seus filhos à gestão da empresa -, muitas coisas mudaram internamente na empresa, conforme afirma Jaqueline. “É o mesmo logo, a mesma comunicação e o mesmo organismo, mas funciona diferente, de um modo mais ágil em tomar decisões e em reagir. Inovações tecnológicas já eram parte do DNA da Sixt, o mundo já caminhava para isso”, observa.
Atualmente, a Sixt desenvolve um novo site para os agentes de viagens. O portal estava previsto para estrear no primeiro semestre de 2020, mas teve seu lançamento interrompido pela pandemia. “Nesta nova plataforma, o agente poderá emitir e editar suas reservas, efetuar o pagamento em moeda local, visualizar comissões, gerenciar sua produtividade, entre outras funcionalidades. Tudo isso em uma ferramenta moderna, de fácil acesso, em português e com versão mobile, o que facilita ainda mais a venda para o agente, uma vez que ele conseguirá trabalhar sem precisar de auxílio externo, de maneira rápida, segura e eficaz. Nossa expectativa é que o número de vendas cresça e que a Sixt não seja só mais uma opção, mas a principal escolha do cliente e do agente de viagens”, estima Jaqueline.
INOVAÇÕES BRASILEIRAS
Assim como o turismo como um todo, o segmento está crescendo de forma gradual. Esta é a visão de Pires, da Localiza. O executivo afirma que este movimento é notado desde o final do ano passado, com as pessoas priorizando as viagens de carro como principal alternativa de mobilidade, segundo ele. “O turismo doméstico veio para ficar. O brasileiro está percebendo cada vez mais o potencial turístico do País e os seus milhares de destinos que ainda são pouco explorados. E o avanço da vacinação tem deixado o turista ainda mais seguro para viajar. Estamos otimistas com a retomada no Brasil”, complementa.
Jamyl Jarrus, diretor executivo, comercial e de Marketing da Movida, concorda com esta visão e completa: “As pessoas voltaram a atenção às locações de carros por conta da redução de malha aérea ou medo de transporte coletivo. Produtos como os carros por assinatura, modelo no qual a Movida é precursora no Brasil, por exemplo, ficaram muito fortalecidos”.
Outra grande empresa que sente esse movimento, sobretudo motivado pelas viagens de curta distância, é a Unidas. De acordo com Paulo Chequetti, diretor comercial de Rent a Car, as locadoras se tornaram uma ótima opção para garantir o conforto e a segurança. “Sabemos que os viajantes possuem demandas específicas e oferecemos soluções personalizadas a esses consumidores”, declara.
Quando o assunto é inovação, a Localiza conta com um setor específico: o Localiza Labs. Trata-se de um laboratório de informações e dados que acelerou soluções de mobilidade para qualificar ainda mais a experiência dos clientes. “Durante a pandemia, lançamos o Localiza Meoo, carro por assinatura com uma jornada 100% digital; ampliamos o Localiza Pass, solução de abertura automática de cancelas, para todo Brasil; e aumentamos de 14 para 45 o número de agências com o Localiza Fast, tecnologia de jornada on-line da reserva à retirada do carro, que pode ser aberto com um clique no celular”, relembra.
Uma das novidades mais recentes da rede é o Localiza Zarp, bandeira dedicada exclusivamente aos motoristas de aplicativo. “Os usuários contam com uma experiência inteiramente digital e atendimento customizado, além de agências e recursos dedicados a esse público”, conta o diretor de Vendas. Sobre o programa de assinatura, Pires reforça o detrimento da posse, que justifica a expansão deste modal.
“O carro por assinatura, conectado e que permite gestão inteiramente online, possibilita que o cliente tenha um veículo zero quilômetro e participe de um clube exclusivo de benefícios. Isso tudo sem ter a dor de cabeça da posse de um carro, como compra, venda, depreciação, seguro, manutenção entre outros. Estamos com uma carteira robusta de clientes e acreditamos que essa é uma tendência crescente mundial, não só entre os brasileiros”, explica.
Esse modelo de negócios já fazia parte do portfólio da Unidas desde fevereiro de 2019, quando a empresa lançou o Unidas Mensal Mais. De acordo com Carlos Sarquis, diretor de Rent a Car da empresa, este já era um produto visado para o brasileiro antes da pandemia. “Com este produto, o cliente passa a ter um carro disponível em cada canto do País e a todo momento. É um serviço prático, econômico e sem burocracia”, explica.
O serviço também teve crescimento significativo na Movida, conforme destaca Jarrus. “Os nossos serviços Mensal Flex Movida e o Zero Quilômetro têm crescido de forma consistente durante a pandemia”, conta o profissional, que observa, ainda, o movimento de locação no segmento corporativo. “Temos percebido que as empresas têm ofertado veículos de locação aos seus funcionários para fazer pontes entre Rio-São Paulo ou São Paulo-Curitiba, por exemplo, aumentando o nosso tempo médio de locação”, afirma.
A Movida também implementou, durante 2020, o Web Check-in, ferramenta que reduz a permanência do usuário na loja da locadora de 15 para 5 minutos, já que adianta todos os processos para reserva do veículo online. Em relação ao check out, os tablets utilizados antes da crise biossanitária, se tornaram ainda mais relevantes. “Ao chegar na loja, o cliente já tem o número da placa do veículo, reduzindo o período de permanência e, consequentemente, o contato. Já tínhamos um protocolo rígido de limpeza e, no momento da entrega, passamos a realizar uma esterilização dos carros nos principais pontos de contato, além de deixarmos álcool em gel para que os usuários fiquem mais seguros”, reforça.
Assim como a Localiza, a Unidas também lançou uma solução para livrar os motoristas das longas filas de pedágios e dos estacionamentos: o Unidas Pass. A tecnologia, resultado de uma parceria com a Veloe, permite o pagamento automático e está disponível para os clientes de aluguel de carros em todas as unidades da rede em nível nacional. O Unidas Pass está disponível na modalidade sob demanda, com cobranças mediante o uso. Para usufruir da facilidade, o cliente só precisa certificar que o veículo alugado dispõe do Unidas Pass. “O motorista não precisa se preocupar com cadastros e outras burocracias, basta ativar o serviço e começar a usar”, destaca Sarquis.
O futuro das inovações por parte dessas empresas deve acompanhar o cenário, que ainda enfrenta algumas instabilidades por conta da pandemia. O Localiza Labs, por exemplo, tem sua equipe dedicada a pensar e criar soluções de mobilidade diariamente. “Teremos sempre novidades para compartilhar com os leitores do Brasilturis Jornal”, comenta Pires.
SUSTENTABILIDADE
A preocupação com o meio ambiente faz parte do DNA da Unidas, que se comprometeu a neutralizar as suas emissões de carbono até 2028. Com o lançamento do programa Carbono Neutro, a empresa visa investir em incentivos para o uso de veículos elétricos e dar preferência ao uso de etanol em detrimento da gasolina.
Em março deste ano, a Localiza entrou para a história como a primeira brasileira do segmento a reportar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) no GHG Protocol, compensando 100% das emissões de carbono referentes a 2019 – cerca de 19.540 toneladas de CO2 equivalente. Dentro de sua estratégia de ESG, a Localiza assumiu o compromisso de protocolar suas emissões no GHG Protocol anualmente.
A neutralização se refere às emissões relacionadas à movimentação de frota corporativa, ar condicionado, energia elétrica, transporte de carros entre montadoras, agências e lojas, entre outros. Essa iniciativa acompanha a evolução da Localiza no cumprimento do Pacto Global da ONU, do qual a companhia é signatária desde 2017.
Além de neutralizar suas emissões, a Localiza contribui ainda para a diminuição das emissões de GEE de sua operação ao abastecer toda sua frota com etanol, adotar energia solar em parte de suas agências e lojas e substituir equipamentos de alto consumo de energia por outros mais econômicos.
A Movida acredita que mobilidade é uma pauta essencial na criação de uma sociedade integrada e justa. Sob este aspecto, entre as metas da empresa no curto, médio e longo prazo estão a manutenção de uma frota jovem, com menor emissão de gases de efeito estufa e mais segurança no trânsito, e o aluguel de carro como uma alternativa, impulsionando uma mudança cultural do uso em detrimento da posse. A empresa também se comprometeu a ser carbono zero até 2030 e carbono positivo em 2040, direcionando suas atividades para as frentes de mitigação, neutralização e adaptação.
Nesse sentido, a empresa segue investindo em veículos elétricos e na democratização do acesso a essa tecnologia, ainda pouco difundida no País. “Temos 70 unidades de carros elétricos entre o Rio de Janeiro e São Paulo, porque são as cidades com melhor infraestrutura, mas seguimos levantando essa bandeira da sustentabilidade e queremos ampliar a oferta para outras localidades”, pontua Jarrus.
O setor de locação colocou em prática a palavra inovação durante o último ano.
Fonte: brasilturis.com.br