Aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical para voarem comercialmente

Aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical estão em processo de certificação e poderão voar comercialmente, se tudo der certo, até mesmo em 2025

Por Emerson Granemann*

Você já deve ter se perguntado: afinal, quando os tais eVTOLs, as aeronaves elétricas que decolam e pousam na vertical, popularmente conhecidos como “carros voadores”, poderão ser vistos nos céus?

Do fim da década passada até agora, mais de 300 empresas projetaram mais de 800 modelos diferentes destas aeronaves. Desde aqueles mais “malucos”, de pessoas arriscando a vida em voos clandestinos, longe de qualquer fiscalização, até os mais confiáveis. No YouTube é bem comum ver estes vídeos. Só que nessa profusão de projetos, atualmente menos de 30 empresas no mundo vêm recebendo de fato recursos financeiros robustos para avançar na construção dos modelos e, principalmente, nos processos de certificação das aeronaves, que podem durar anos. Ou seja, muitas startups — e aventureiros — estão ficando pelo caminho.

A realidade é que, por mais inovadora que possa ser o modelo e a ousadia dos seus criadores, estamos falando de um novo tipo de aeronave. E para voar com segurança, ela tem que se enquadrar na regulação tradicional na aviação. É importante reconhecer que a comunidade regulatória internacional do setor vem debatendo muito este novo modal de transporte, procurado entender o quão é inovadora esta solução de mobilidade e com isso fazendo os devidos ajustes relacionados aos processos de certificação.

Vale lembrar que o eVTOL não é um helicóptero, nem avião, nem muito menos um drone gigante.

Alguns países do Oriente Médio e a China têm avançado um pouco mais neste processo regulatório. Por sua vez, Estados Unidos, Europa e o Brasil têm caminhado a passos mais lentos, mas com o devido cuidado para não barrar a tecnologia, ao mesmo tempo em que se garante a segurança futura das operações.

Enquanto isso, as expectativas econômicas sobre este setor voam alto. Segundo a Mordor Intelligence, o valor do mercado de Mobilidade Aérea Urbana no mundo deve saltar de US$ 4,45 bilhões em 2025 para US$ 56,21 bilhões em 2035. Neste mercado, 12 mil contratos de pré-venda de aeronaves já foram assinados, sendo que a líder em vendas é a brasileira Eve Air Mobility, do grupo Embraer, com quase 3 mil cartas de intenção de compra.

Além da questão regulatória das aeronaves, temos a necessidade da definição de regras para a construção e homologação dos vertiportos que, diferentemente dos heliportos, funcionarão como “mini-aeroportos”. Temos também como desafio a fabricação de baterias elétricas robustas que garantam segurança nas operações e mais autonomia de voo.

Com a projeção de um crescimento muito grande do tráfego à baixa altitude, dos eVTOLs, helicópteros e drones, o controle do espaço aéreo será digitalizado, e a definição das rotas será feita com auxílio da Inteligência Artificial, pois será impossível ter disponível milhares de controladores para fazer este trabalho como é feito hoje em dia.

Outros desafios são a segurança cibernética que impeça hackers de assumirem o controle do voo, treinamento de pilotos, formação do pessoal da manutenção das aeronaves e que existam as empresas que vão fazer esta operação. Além das companhias aéreas, as terrestres com certeza vão colocar como opções de deslocamento o uso do “carro voador”.

Mas afinal, vamos responder à pergunta do início do texto ou não?

Na China, já há operação comercial com eVTOLs da EHang, mas em um mercado fechado e com regras diferentes do Ocidente. Na Europa e Estados Unidos temos alguns modelos, como Joby, Archer e Vertical Aerospace, em processo adiantado de certificação, sendo possível projetar o início dos voos comerciais para 2026 – há a possibilidade da Archer voar ainda em 2025 nos Emirados Árabes Unidos. No Brasil, a Eve está testando seu protótipo de engenharia e construindo o protótipo para certificação. A previsão da companhia é iniciar as operações em 2027.

*Emerson Granemann é fundador e CEO da MundoGEO, que organiza a Expo eVTOL, primeira feira do Brasil dedicada aos “carros voadores”.

 

Aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical estão em processo de certificação e poderão voar comercialmente, se tudo der certo, até mesmo em 2025

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress
Receba as últimas notícias

Assine a nossa news gratuitamente.
Mantenha-se atualizado com
as notícias mais relevantes diretamente em seu e-mail.