Conheça as 3 lições que grandes empresas tiraram da pandemia

Em evento organizado pela XP, os CEOs da MRV, Magazine Luiza, Microsoft e Unidas explicam o que fizeram para passar pela parte mais difícil da crise

Lojas fechadas, queda abrupta da confiança do consumidor, aumento do desemprego e desaceleração econômica. Essas são apenas algumas das consequências negativas que a pandemia da covid-19 trouxe aos negócios. Para algumas empresas, porém, a frustração se transformou em oportunidade de fazer algo diferente e acelerar o que já planejavam. Este foi o caso da construtora MRV, da varejista Magazine Luiza, da empresa de tecnologia Microsoft e da locadora de veículos Unidas, todas grandes companhias e líderes em seus mercados.

Em evento organizado pela XP Inc., os CEOs dessas quatro empresas compartilharam ações feitas e aprendizados coletados nesses últimos quatro meses de 2020. De tudo que falaram, ficam três principais temas: transformação digital, capacidade de adaptação e responsabilidade socioambiental. Confira o que eles falaram sobre cada um deles.

1. Transformação digital

A crise do coronavírus obrigou comerciantes do Brasil inteiro a fechar as portas. Mesmo quem poderia funcionar por ser considerado serviço essencial só podia receber clientes na porta do estabelecimento. Nesse cenário, quem pôde oferecer serviços e produtos pela internet se sobressaiu. As vendas on-line saltaram 81% no mundo durante a pandemia e no Brasil não muito foi diferente.

A Magazine Luiza por exemplo nadou de braçada. Não apenas expandiu seu serviço de marketplace, plataforma aberta para outros varejistas venderem, como também acelerou o lançamento de seu serviço de entrega de compras de supermercado em meio ao caos da pandemia.

“A empresa estava preparada neste momento. Já era uma empresa super digitalizada e tivemos muita facilidade em migrar do off-line para o on-line e por isso tivemos aumento de faturamento”, explica Frederico Trajano, CEO da Magazine Luiza.

Todo o investimento feito na digitalização da empresa foi bem aproveitado e a ajudou no aumento de 77% do lucro no 1º trimestre. Mesmo durante a pandemia, as vendas aumentaram: 7% de crescimento em abril na comparação anual e 46% de crescimento em maio até dia 20.

A MRV também se beneficiou da plataforma de venda de imóveis. “Muitas pessoas que não podiam ir ao estande de venda compraram digitalmente um imóvel. Mais de 50% das vendas foram feitas pela plataforma digital no período, que se tornou uma grande ferramenta para enfrentamento da crise. Ficamos assustados no primeiro momento, mas felizes com resultado”, conta Rubens Menin, presidente da construtora e incorporadora.

Mas nem todo mundo estava pronto para receber, vender e pagar pela rede. Foi nisso que a Microsoft se concentrou. A demanda por tecnologia aumentou e a covid acelerou uma migração para a nuvem, para o digital em função do trabalho remoto e, segundo a presidente da empresa de tecnologia no Brasil, Tania Cosentino, a preocupação foi garantir que todas as empresas tivessem acesso aos serviços digitais. Neste período, habilitou empresas para trabalho remoto, telemedicina, educação a distância e outros com tecnologia.

“Agora precisamos fazer com que o uso da tecnologia seja incorporado para o uso dos negócios. Vemos aqui três empresas que ficaram positivas na crise em função da maturidade digital. Como permitir que todas as indústrias transformem seus negócios, reduzam custos, diminuam emissões de CO2 e melhorem a experiência para clientes, pacientes e estudantes? Quando conseguirmos fazer isso estaremos avançando”, diz Tania.

2. Capacidade de adaptação

A Unidas nasceu e cresceu como uma locadora de veículos para pessoas que não têm carro poderem viajar ou trabalhar. Ganhou fama com a ascensão dos motoristas de aplicativo e também soube explorar bem o mercado de comercialização de veículos usados e seminovos. O que nunca passou pelos planos do presidente da empresa, Luis Fernando Porto, foi que ele enfrentaria uma pandemia que dizimaria a maior parte de suas receitas do dia para a noite.

O negócio de vendas de carro teve uma desenvoltura forte no processo de venda e entrega de veículos na casa do cliente. Todos os negócios e empresas precisam investir em seus canais digitais”, conta o executivo no evento.

Além disso, a empresa passou a oferecer pacotes promocionais de desconto para profissionais que atuam na linha de frente do combate ao coronavírus, como os de saúde e segurança. Além de garantir alguma receita, ainda ajudavam esses trabalhadores a evitarem transporte público. Para motoristas de aplicativos também reduziu custos para ajuda-los a passar pela crise.

“Atuamos em varias frentes para, no momento que tiver carro sobrando, ajudar a mobilidade do Brasil. Acreditamos que isso pode se intensificar agora porque as pessoas vão usar carro em detrimento de transporte público para evitar aglomerações”, explica.

3. Lucro não é o principal indicador

Um tema recorrente nas discussões de negócios e investimentos hoje é o ESG (sigla para ambiental, social e de governança corporativa). Na prática a pandemia elevou o senso de solidariedade e responsabilidade social de todos, inclusive de empresas.

“Ficou claro no Brasil que o resultado a qualquer custo não é sustentável, não é mais aceito lucro a qualquer custo, e sim trazer propósito aos negócios e ter impacto social e ambiental positivo. Há uma pressão dos ‘stakeholders’”, afirma Tânia, da Microsoft.

Uma frente de atuação é ampliar a diversidade – de raça, gênero e minorias em geral – no quadro interno de funcionários e fornecedores. Outra, mais especificamente na luta pela igualdade de gênero é investir mais em startups fundadas por mulheres.

Empreendedoras acessam menos de 3% do venture capital mundial. A mulher empoderada endereça questão social e traz excelência ao ambiente de negócios”, comenta a executiva.

Na questão social, Frederico Trajano, da Magazine Luiza, lembra que mais de 50% de sua força de trabalho já é feminina, mas ele está ciente que é preciso aumentar a presença de mulheres, negros e outras minorias nos cargos mais altos da companhia.

“Aquilo que mais me orgulha é termos uma das marcas reconhecidamente mais transformadoras da pandemia. Marcas que lidaram bem com a companhia do lado ESG e do consumidor final”, diz.

Ele conta que entre as ações que a empresa fez durante a pandemia está a doação de dinheiro ao SUS, o desenvolvimento de uma funcionalidade em seu aplicativo para as mulheres denunciarem casos de violência doméstica e o compromisso de não demitir. “Estamos na verdade é contratando 2 mil pessoas para atender o crescimento no e-commerce e call center”.

A empresa também assumiu no começo do ano o compromisso de se tornar uma empresa do Sistema B, que segue práticas responsáveis de gestão.

Rubens Menin, da MRV, conta que a empresa está atuando via Fundação MRV, para onde vai 1% do lucro da empresa e outro 1% doado pelos executivos de alto escalão. Ele destaca a questão da desigualdade de renda que deve se intensificar com a pandemia. A empresa, contudo, tem um desafio constante de fiscalizar seus fornecedores e terceirizados para não cair em listas de trabalho análogo à escravidão, o que já aconteceu no passado.

FONTE: VALOR INVESTE

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