Turismo sustenta locação de veículos, mas crise nas montadoras prejudica oferta

O mercado de locação de automóveis apresentou uma recuperação em “V” depois do pior da pandemia e já começou a colher dados positivos, sobretudo diante da sustentação da demanda por turismo doméstico. A procura por parte dos motoristas de aplicativos também voltou com tudo e algumas companhias registram hoje até fila para esses clientes.
O desafio, entretanto, está em administrar a idade da frota com a falta de veículos novos saindo das montadoras, assim como atender toda a demanda do fim do ano, disse o presidente do Conselho Gestor da Associação Brasileiras das Locadoras de Automóveis (ABLA), Paulo Miguel Júnior. “Com a crise, o prazo para entrega de veículos nas montadoras está em até 180 dias. Antes, a espera era no máximo de 30 dias. Os prazos estão muito esticados”, disse durante coletiva de imprensa no XV Fórum do Setor de Locação de Veículos, na terça-feira, dia 3.
Já foi possível ver o aquecimento do setor nas demonstrações de resultados de duas das principais locadoras do País na semana passada. A Localiza registrou lucro líquido de R$ 325,5 milhões no terceiro trimestre, crescimento de 59% na comparação anual. Já a Unidas teve lucro líquido de R$ 124,2 milhões, crescimento de 44,4% em igual base. Nos dois casos, os indicadores foram recordes e vieram sustentados pela forte demanda do turismo doméstico no País.
Segundo Miguel, o cenário de escassez de carros novos no mercado pode fazer clientes não encontrarem carros nas locadoras nas festividades de final de ano, período de forte demanda. “Muitas locadoras tiveram até de vender parte de sua frota para conseguir vencer a crise”, disse. Com as vendas, o setor saiu de uma frota total de 997 mil veículos em dezembro de 2019 para algo próximo a 916 mil veículos em setembro deste ano, apontou a ABLA.
O setor emplacou até setembro 236,195 mil veículos leves (não há dados comparativos até igual período de 2019). A estimativa otimista é fechar o ano de 2020 emplacando apenas 350 mil, contra 540 mil em 2019.
O receio de ficar sem veículos para atender aos clientes fez até as locadoras de menor porte reduzir o serviço prestado aos motoristas por aplicativos, segmento que foi muito castigado por causa da pandemia e agora apresenta até crescimento no valor das locações. “Hoje, algumas locadoras não têm mais veículos para atender a esse mercado e já existe até fila de espera para motoristas de aplicativos”, disse, destacando que as filas são registradas nas locadoras menores. De forma geral, os motoristas por aplicativo respondem por 20% do mercado de locação no País. A frota estimada é de 200 mil veículos.
A dificuldade das montadoras foi apontada como um gargalo do setor de locação no quarto trimestre pelo diretor presidente da Unidas, Luis Fernando Memória Porto. “Sem dúvida, pela demanda que nós temos nos nossos dois negócios de locação e também demanda por carros usados, se tivéssemos mais carros estaríamos crescendo ainda mais e vendendo mais carros no quarto trimestre”, disse o executivo, em teleconferência na semana passada.
Os bancos voltaram a olhar com menos receio para o setor de locação de veículos, depois das incertezas jogadas sobre a demanda no mercado com a pandemia de covid-19. Miguel disse que com a retomada, as instituições financeiras perderam o medo de emprestar recursos para a renovação das frotas. “Hoje tem banco reclamando que tem crédito, mas não tem veículo para ser faturado”, ponderou Miguel.

 

FONTE: DIÁRIO DO SUDOESTE

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