Recife adere ao sistema de compartilhamento de carros
Implantado no Recife há pouco mais de um ano, projeto Carro Leve é o primeiro sistema de compartilhamento de veículos elétricos do Brasil
Da Redação
A partir do exemplo de cidades da China e da Europa, a Secretaria das Cidades do Recife implantou, no final de 2014, o Carro Leve, primeiro sistema de aluguel de carros elétricos do país. A iniciativa compõe o projeto Porto Leve, cujo propósito é estimular o desenvolvimento de soluções para mobilidade.
Similar ao projeto Porto/Bike, outra iniciativa do estado de Pernambuco, o usuário pode ir até uma das cinco estações, retirar o veículo e devolvê-lo, tudo dentro de certo prazo, que gira em torno de uma hora. Os pontos de retirada e devolução são distribuídos predominantemente na região central da capital e conferem praticidade à rotina da população, além de aliviar as emissões de gases poluentes no meio ambiente. Do cadastro ao embarque, o usuário precisa apenas fazer uso do aplicativo do projeto.
Uma alternativa de economia colaborativa no trânsito
Inspirados no conceito de car sharing, popularizado nos Estados Unidos em 2013 durante a crise econômica vivenciada pelo país, três amigos se depararam com uma pergunta: por que não rentabilizar o tempo ocioso dos carros? Consolidado neste princípio, a Fleety surgiu em Curitiba no final de 2014 para viabilizar o aluguel de carros entre usuários privados por meio de uma plataforma online.
Em Curitiba, porém, além de consistir em uma alternativa mais prática aos usuários que não possuem carro e estimular a redução de emissão de gases poluentes pelos automóveis, a proposta revela um caráter colaborativo. As negociações relativas ao valor e a retirada e devolução do veículo são diretas entre motorista e proprietário. Já o processo de locação é feito pelo site ou aplicativo, que categoriza os veículos cadastrados e outros detalhes. “Somos responsáveis pelas questões de segurança na operação. Para o motorista, o Fleety surge como uma oportunidade de ter um carro à mão sem burocracia”, define o Chief Design Officer (CDO) da empresa, Guilherme Nagueva.
A aceitabilidade da ideia na capital paranaense motivou os empreendedores a testarem o sistema também em São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro, este último onde esperam viabilizar a plataforma durante os Jogos Olímpicos. Conforme explica Nagueva, a escolha das cidades baseou-se na diversidade de porte e comportamento da população e perfil do consumidor de cada município. “A expectativa é abranger todo território nacional nos próximos meses e expandir para América Latina até o fim do ano”, ressalta.
Na contramão do atual momento econômico vivenciado pelo país, os resultados do sistema têm superado expectativas. “Ao final de 2015, contávamos com mais de 18 mil usuários e cerca de 2.500 carros cadastrados. Só no primeiro trimestre deste ano, a taxa de crescimento foi maior que de todo ano de 2015”, compara Nagueva. Ele afirma que este modelo de compartilhamento P2P (peer to peer) ainda é escasso no país, sendo maciçamente representado por empresas internacionais como Uber e Airbnb. “Por outro lado, todos temos o hábito de compartilhar algo entre amigos e família. O que propomos é que essa troca vá além da zona de conforto”, pondera.
Por este raciocínio, o principal desafio da Fleety hoje é convencer as pessoas que car sharing é uma opção inteligente e barata de deslocamento, estimulando a migração daqueles que apreciam a ideia para usuários de fato, processo que esbarra em aspectos culturais. “Apesar disso, a receptividade tem sido muito boa e as pessoas têm conseguido aplicar o sistema na rotina e se encaixar em um modelo de mobilidade inteligente”, conclui.
Fonte: Claro & Criativo