Surpresa das boas
Jeep apresenta novo motor flex no Brasil, o Tigershark, que equipa o SUV médio Compass. O propulsor 2.0 gera 166 cavalos de potência e 20,5kgfm de torque
Guarujá (SP) — No ano passado, a Jeep chacoalhou o mercado automotivo, mais precisamente o de SUVs, com o lançamento do Renegade. O utilitário caiu rapidamente no gosto do brasileiro e invadiu as ruas. Mesmo diante de tanto sucesso, um ponto negativo chamava — e ainda chama — a atenção: o motor. Para o pequeno, a montadora americana escolheu o propulsor 1.8 de 136 cavalos (o mesmo utilizado, agora, pela Fiat). Além de fraco, ele é beberrão. No teste feito pelo Veículos, ele fez menos de 8km/l.
Quando a Jeep anunciou a produção de um modelo maior, diversas especulações surgiram,e entre elas a mais difundida era sobre o motor que a montadora utilizaria no veículo. O Compass foi apresentado ao mundo pela primeira vez no Recife (PE), no mês passado. E, diferentemente do irmão menor, o propulsor flex gerou grande expectativa, que foi confirmada durante a apresentação oficial das versões flex, na última semana, no Guarujá, litoral sul paulista.
O motor flex, adaptado no Brasil, permite partidas a frio com 100% de álcool no tanque
Tubarão-Tigre
A discussão no meio automotivo era sobre a Jeep repetir a Fiat (quando optou pelo motor 1.8 na picape Toro — que conta com a mesma plataforma dos dois SUVs) e usar o fraco propulsor do Renegade para equipar o Compass. No entanto, a surpresa foi boa. A montadora optou pelo novíssimo Tigershark, desenvolvido pela equipe americana da FCA e adaptado pela engenharia brasileira para receber etanol, além da gasolina.
O Tigershark 2.0 tem duplo comando de válvulas e duplo variador de fase. O bloco e o cabeçote são de alumínio. Desenvolve 166cv de potência a 6.200rpm e 20,5kgfm de torque a 4.000rpm com etanol e 159cv e 19,9kgfm com gasolina. A transmissão é automática de seis marchas com comandos sequenciais pela alavanca e aletas atrás do volante (a partir da versão Longitude). O motor permite partidas a frio com 100% de álcool no tanque, por meio do sistema HCSS, que aquece o combustível com resistências elétricas. As versões são as mesmas apresentadas no mês passado. A de entrada, Sport (R$ 99,9 mil), a intermediária Longitude (R$ 106,9 mil), e a topo, Limited (R$ 124,9 mil).
Consumo animador
Na apresentação do motor flex, o Veículos testou a topo de linha Limited e pôde verificar a capacidade do Tigershark em trajeto urbano, de rodovia e de serra entre as cidades de Guarujá e Bertioga, ambas no litoral paulista. O primeiro dado, bastante animador, é o consumo. De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), com gasolina o Compass faz 8,1km/l na cidade e 10,5km/l na estrada. Esses números costumam ser mais animadores em vias como as de Brasília. Mas já mostra que ele será mais econômico do que o modelo menor.
Na condução, mais pontos positivos que negativos. A direção elétrica é de uma leveza e precisão excelentes. A suspensão ficou muito bem calibrada. Nem em áreas com piso de calçamento o conforto é comprometido com movimentos bruscos. Além disso, o handling (capacidade de manobras, no caso, de curvas) do modelo é muito bom. A torção da carroceria quase não é percebida pelos ocupantes. O motor é forte e responde dentro do esperado.
Os deslizes, se assim podemos dizer, ficam por conta do isolamento acústico, principalmente pelos ruídos gerados pelo motor. Em 3.500rpm, o propulsor começa a urrar, o que causa um certo incômodo. Outro detalhe é o pequeno delay na resposta do câmbio. Ao pisar no acelerador, o SUV não dispara em seguida, levando microssegundos para realizar a ação, o que é considerado normal em transmissões automáticas e não interfere no bom desenvolvimento do veículo. Adaptado ao tempo de resposta do câmbio, o motorista sente que as saídas, ultrapassagens e retomadas de velocidades são feitas com facilidade.
Segurança
O Compass dispõe de um conjunto de recursos de segurança inéditos em um veículo fabricado em solo brasileiro, incluindo itens avançados, como controle de velocidade adaptativo (ACC), aviso e prevenção de colisão frontal (FCWp), alerta de mudança de faixa (LDW), farol alto automático (AHB), detector de pontos cegos (BSD), até sete airbags, sendo um para os joelhos do motorista e Park Assist. Todos fazem parte do pacote High Tech, exclusivo na topo Limited, ao preço de R$ 9 mil — R$ 4 mil a menos do que na Trailhawk. Segundo o Diretor de Brand da Jeep, Rogério Villaça, a diferença é por causa do valor do IPI (imposto sobre produto industrializado). “A versão diesel tem 25% de IPI, já na flex é 11%, isso no valor total do veículo. Não existe diferença de conteúdo do pacote entre as duas versões”.
Entre os equipamentos de série do SUV, há controle de estabilidade (ESC), que engloba os sistemas eletrônicos anticapotamento (ERM) e de oscilação de reboque (TSC), monitoramento de pressão dos pneus e câmera de estacionamento traseira, apenas para citar os mais importantes. A segurança também aparece em outros detalhes. Desde a versão de entrada, o Compass conta com assinaturas em LED na frente e atrás, luzes diurnas (DRL), faróis de neblina com função cornering (acendem sozinhos do lado em que se vira o volante em manobras ou em baixa velocidade) e luz traseira de neblina.
O repórter viajou a convite da Jeep
Ficha técnica
Motores: 2.0 de 166cv a 6.200rpm e torque de 20,5kgfm a 4.000rpm (e) e 159cv a 6.200rpm e torque
de 19,9kgfm a 4.000rpm (g)
Dimensões: 4.416mm de comprimento; 1.819mm de largura; 1.638mm de altura e 2.636mm de entre-eixos;
Transmissão: automática
de 6 velocidades
Direção: elétrica
Porta-malas: 410 litros
Suspensão: independente
tipo McPherson na dianteira
e na traseira
Pneus: 225/55 R 18
Freios: a disco nas quatro rodas
Consumo: 8,1km/l na cidade
e 10,5km/l na estrada*
*valores calculados pelo Inmetro
Concorrência antenada
Hyundai ix35
Motor: 2.0
Potência máxima: 167cv (e) e 157cv (g)
Torque máximo: 20,6kgfm (e) e 19,2kgfm (g)
Direção: elétrica
Combustível: etanol/gasolina
Transmissão: automática de 6 velocidades
Peso: 1.492kg
Porta-malas: 728 litros
Tamanho (A x L x C): 1.655 x 1.820 x 4.410mm
Preço: a partir de R$ 115,5 mil
Kia Sportage
Motor: 2.0
Potência máxima: 167cv (e) e 156cv (g)
Torque máximo: 20,2kgfm (e) e 18,8kgfm (g)
Direção: elétrica
Combustível: etanol/gasolina
Transmissão: automática de 6 velocidades
Peso: 1.570kg
Porta-malas: 868 litros
Tamanho (A x L x C): 1.665 x 1.855 x 4.480mm
Preço: a partir de R$ 136,4 mil
Mitsubish ASX
Motor: 2.0
Potência máxima: 160cv
Torque máximo: 20,1kgfm
Direção: elétrica
Combustível: gasolina
Transmissão: automática CVT
Peso: 1.385kg
Porta-malas: 409 litros
Tamanho (A x L x C): 1.625 x 1.770 x 4.295mm
Preço: a partir de R$ 102,9 mil
Fonte: Correio Braziliense