Dia Nacional do Fusca: confira a história e algumas fotos raras do Besouro

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Se você for uma pessoa minimamente atenta, percebeu que durante seu deslocamento de hoje que havia (ou haverá, se ainda não saiu de casa) mais Fuscas que o normal na rua. Se der sorte (ou azar, porque também tem gente que não gosta do modelo) vai até “esbarrar” com uma fusqueata por aí. É que hoje, dia 20 de janeiro, é comemorado o Dia Nacional do Fusca, e muitos proprietários do modelo, até aquele que não o tem como carro principal, o levam para dar uma voltinha. A data de hoje não tem qualquer vínculo com a história do modelo, diferente do Dia Mundial do Fusca, comemorado em 22 de junho, dia que, em 1934, foi assinado o contrato entre seu criador Ferdinand Porsche e o Conselho da Indústria Automotiva Alemã (RDA) que deu início ao desenvolvimento do modelo.

Já no dia 24 de fevereiro de 1936 os três primeiros protótipos do veículo foram apresentados aos membros da RDA em Berlim, incluindo um conversível. De 22 de outubro a 22 de dezembro daquele ano, cada protótipo percorreu 50 mil quilômetros de testes. No ano seguinte foram construídos 30 veículos para serem submetidos a longos testes de resistência, que juntos percorreram 2,4 milhões de quilômetros. Os testes resultaram em aperfeiçoamentos que deram origem à série 38, que agora trazia janela traseira bipartida, estribos e para-choques. A série 38 foi apresentada em três variações: sedã, sedã como teto solar e conversível. O motor já era o boxer, com 986cm³ de cilindrada e 24cv de potência. O veículo pesava 750 quilos.

GUERRA Porém, com o início da Segunda Grande Guerra, o Fusca precisou se alistar nas Forças Armadas alemãs e ir para o combate. O modelo de linhas suaves se transforma em jipes e até veículo anfíbio. Terminada a guerra, com a derrota da Alemanha, em 1945 o governo militar britânico passa administrar a fábrica e ordena a produção de 20 mil sedãs, sendo que em dezembro a produção em série foi iniciada, fechando o ano com 55 veículos construídos.

No ano seguinte a fabricação chega a 10 mil modelos e em 1947 os primeiros Fuscas já são exportados para os Países Baixos. Em 1948 já são 25 mil fabricados e, após um ano, o modelo ganha a América, com duas unidades partindo dos Países Baixos. Neste ano já eram mais de 50 mil Fuscas fabricados. Em 1º de junho foi apresentado o modelo-exportação, mais bem acabado que o modelo padrão, e o Cabriolet produzido pela Karmann. Em 1950 passou a ser oferecido o sedã com teto dobrável e em 1951 o modelo já era exportado para 29 países e atinge a produção de 250 mil unidades. Em 1952 o modelo-exportação recebe quebra-vento, transmissão sincronizada e rodas de 15 polegadas. No ano seguinte, mais uma mudança importante, o vidro traseiro deixa de ser bipartido e passa a ser oval e maior.

A essa altura o modelo era exportado para 86 países e chegou às 500 mil unidades produzidas. No ano de 1955, quando recebeu lanternas traseiras, o Fusca alcança a marca de 1 milhão de unidades. Em 1957 o modelo ganha vidro traseiro maior e novo painel de instrumentos. Dois anos depois o modelo-exportação já tem motor 1.200cm³ de cilindrada de 34cv, câmbio de 4 marchas e, junto com o modelo padrão, luzes de direção no lugar das setas e porta-malas maior. Em 1965 o modelo standard passa a trazer o motor 1.2 e o de exportação ganha motor 1.3 de 40cv que no ano seguinte já seria oferecido para o Fusca padrão, quando também foi lançada a opção do motor 1.5 de 44cv.

Em 1967 ele se torna mais seguro, com coluna de direção que não invade o habitáculo em caso de acidente e cintos de três pontos. O modelo passa a ser oferecido com câmbio automático. Já em 1972, a Volkswagen alcança a marca dos 15 milhões de Fuscas produzidos, superando o Ford T. Somente na Alemanha eram cinco fábricas produzindo o modelo: Wolfsburg, Hannover, Kassel, Braunschweig e Emden. A essa altura, com a chegada de novos concorrentes, a marca já vinha considerando a introdução de novos modelos. Em 1974 ele deixa de ser fabricado em Wolfsburge (a matriz) e quatro anos depois a última fábrica da Volkswagen na Alemanha, de Emden, deixa de produzir o modelo. Para atender a demanda europeia restava a fabrica na Bélgica. A nova façanha do modelo foi alcançada no México, em 1981, com a marca de 20 milhões de unidades produzidas. Foi esse país que encerrou a produção do Fusca em 2003.

No Brasil
O Volkswagen Sedan, nome de batismo do Fusca, começou a ser montado no Brasil em 1950 por uma empresa chamada Brasmotor. Em 1953 a Volkswagen se estabeleceu por aqui e assumiu a montagem do carrinho. Mas o modelo só passou a ser fabricado de fato em terras brasileiras em 1959. A motorização adotada foi a 1.2 litro de 30cv. No ano seguinte as lendárias setas “bananinha” deixaram de ser usadas. E não estranhe se não encontrar o marcador de combustível em modelos anteriores a 1961, ano em que o carro também ganhou novas lanternas.

Em 1963 o Besouro recebeu lavadores automáticos do para brisa. A água saia por uma peça cromada, apelidada de “brucutu”, frequentemente furtada pelos jovens e transformado em um anel. O teto solar foi um opcional oferecido em 1965. O item não fez sucesso porque o veículo ficou sendo popularmente chamado de “Cornowagen”. Houve até quem mandou fechar o teto. Nesse mesmo ano foi lançado uma versão para lá de espartana que ficou conhecida como “pé-de-boi”. Ambas as versões já não estariam à disposição no ano seguinte, o que tornou esses modelos, se originais, bem valorizados por colecionadores.

O motor 1.3 litro, que rendia 38cv, foi inserido em 1967, mesmo ano em que foi adotado o sistema elétrico de 12 volts. Em 1970 o modelo ganhou mais fôlego com a opção do propulsor de 1.5 litro, de 44cv. O Fuscão, como ficou sendo chamado, oferecia como opcional freios a disco nas rodas dianteiras. Por fora o carrinho recebeu leves retoques: lanternas e para choques maiores e saídas de ar no capô traseiro. Por dentro a principal mudança foi o acabamento do painel imitando madeira.

BIZORRÃO Quem esperava por um desempenho melhor foi atendido em 1974, com a chegada do propulsor 1.6 litro que, com dois carburadores, rendia 54cv. O modelo foi chamado de Bizorrão. Para ganhar mais esportividade, o capô traseiro trazia um adorno de plástico rodas menores (aro 14) e mais largas, como se usava na época. O painel também ganhou novos instrumentos: volante esportivo, conta giros e bancos anatômicos. Com exceção das novas rodas, o traje esportivo não foi oferecido no ano seguinte, mas o motor 1.6 de fato substituiu o 1.5.

FAFÁ Uma versão mais bem acabada do motor 1.3, chamada 1300 L, foi lançada em 1975. A principal mudança de 1978 foi no bocal do tanque, que foi transferido de dentro do porta malas para a lateral do veículo. Outra mudança, as novas lanterna adotadas em 1979, renderam mais um apelido para o Fusca. Por terem as lanternas maiores, os modelos 1600 e 1300 L eram chamados de Fafá (de Belém), mudança que depois seria aplicada em todas as versões. Em 1980 chegou ao mercado o primeiro Fusca a álcool.

A versão 1300GL , de 1982, estreou um painel mais moderno, feito em plástico e elementos retangulares. Ela trazia como novidade os desembaçadores traseiros, apoios de cabeça e uma borracha protetora no para choque. No ano de 1983 só foram oferecidos aos clientes modelos 1300. Já no ano seguinte foi adotada apenas a nova motorização 1600. Foi também em 1984 que o modelo passou a ser chamado oficialmente de Fusca pela VW.

DOIS FINS Em 1986 o modelo deixou de ser fabricado, voltando ao mercado em 1993 por causa dos benefícios fiscais concedidos aos veículos classificados como populares. Sem mudanças na carroceria e motor, o modelo recebeu apenas algumas atualizações como cinto de três pontos de série, para-brisa laminado, pneus radiais e catalisador. Nessa geração os para choques eram pintados na cor do carro e o escapamento tinha saída simples. Mas em 1996 o modelo subiu de vez no telhado e não foi mais fabricado por aqui.

Por Pedro Cerqueira, do Jornal Estado de Minas.

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