A transformação digital da cadeia automotiva no Brasil
Novo cenário impacta os produtos, a relação com o consumidor e os meios de produção Frost & Sullivan Por Thales Jurado, analista de indústria e mobilidade da Frost & Sullivan O mundo passa por uma era de informação, conectividade e convergência, que acontece de forma rápida e eficiente. O momento de inovação se traduz em novas tecnologias, sistemas de informação, análise de dados e crescente convergência entre diversas indústrias. Dentro do universo automotivo não é diferente. O foco vai cada vez mais além do produto tradicional, se movendo para a oferta de serviços com a inclusão de recursos e tecnologias de última geração. Entre os exemplos estão Auto IoT (Internet das Coisas) com abrangência sobre longas séries de dados, cibersegurança, inteligência artificial, aprendizagem automática, realidade aumentada e condução autônoma. Todos estes avanços têm papel fundamental no posicionamento do conceito “car as a service” (CaaS). Análises de big data, internet das coisas, embeded chips e outras tecnologias conquistam espaço em um setor dominado pelos tradicionais motores a combustão. Além disso, vemos a nova geração utilizando massivamente essas tecnologias. São pessoas que nasceram em um mundo totalmente digital e conectado em que o acesso à informação está a um clique de distância. Grande parte dos materiais e pontos de interesse são facilmente baixados da internet. O acesso a vastas bases de informações está permitindo conhecimento mais amplo do cliente e dos produtos e serviços automotivos. Além disso, esta geração digital também garante a oferta de soluções digitais e mais conectadas nos veículos do futuro. Frequentemente os jovens são ainda mais bem informados sobre os carros do que os próprios vendedores. Com este cenário, a Frost & Sullivan define a transformação digital do mercado automotivo em 5 pilares chave: _________________ CADEIA PRODUTIVA CONECTADA Com isso, a cadeia produtiva interligada consegue ter um estoque conectado que facilita seu gerenciamento, inteligência embarcada que fortalece o monitoramento das partes, possibilidade de trackear os produtos, sensores mais precisos e um supply chain interligado. Todas essas novas tecnologias visam aumentar e eficiência das marcas na sua produção de veículos. Para que essa inovação realmente funcione no futuro é necessário transparência, comunicação, colaboração, flexibilidade e responsividade em toda a cadeia automotiva de suprimentos. É isso que vai garantir melhoria na produtividade, com o ritmo da fábrica norteado pela demanda e aumento da qualidade dos produtos. MANUFATURA AUTOMOTIVA 4.0 A manufatura automotiva 4.0 é uma nova forma de integrar a cadeia para garantir maior flexibilidade, customização, segurança e qualidade. Em suma, é uma maneira de produzir veículos a partir de sistemas inteligentes e recursos de big data que minam os sistemas com informações relevantes para a tomada de decisões precisa e com maior eficiêcia de custos. Esses sistemas podem aumentar a capacidade de personalização da produção sem aumento proporcional dos custos. CARRO CONECTADO Sistemas big data conseguem acumular informações, parâmetros, comportamentos e realizar análises de frequência preditivas e de segurança. Um excelente exemplo disso é a oferta de serviços de segurança e rastreamento de veículos pelas companhias de seguros. Essas soluções podem abastecer uma base de dados. Os hábitos e formas de condução dos motoristas vão nortear o preço do seguro. Em situações de emergência a seguradora poderá ainda atuar ativamente como suporte para oferecer segurança. A Frost & Sullivan ainda espera que o mercado de reposição seja tremendamente impactado com o avanço destas tecnologias. Empresas terão a possibilidade de identificar os problemas reais dos veículos, fazer diagnóstico remoto, agendar horário de atendimento na concessionária, entrar em contato com mecânicos e esclarecer dúvida. Os serviços on demand vão se desenvolver a partir de uma tela touch screen. O carro conectado pode ainda agregar valor para o produto e presentar a vida do motorista com praticidade e facilidade no dia-a-dia. Além de monitorar a vida e a qualidade do automóvel, a tecnologia poderá ainda conectá-lo a serviços de concierge, emmergence call e outros carros na mesma via. Com isso, a condução tende a virar algo mais seguro, prático e intuitivo. NOVO VAREJO Nas vendas de veículos, o movimento para novos formatos de varejo ficou evidente no Brasil. Lojas pop-up, conceito e emblemáticas ganham espaço, como o centro Hyundai Experience na Av. Sumaré (São Paulo) e a casa de show estruturada para o lançamento da Captur da Renault em Oscar Freire. A influência e o impacto da internet também estão mostrando quão importante é se conectar com os consumidores do futuro no início do ciclo de vida da compra. Projetos piloto em concessionarios virtuais são exemplos disso. Entretando, no curto prazo, a Frost & Sullivan acredita que grande parte das compras ainda serão realizados após o contato com o produto em concessionárias, sendo um importante fator influenciador no ciclo de vendas. Porém, a experiência do cliente com a marca e o modelo será intensa e realizada a partir das capacidades do mundo digital. Tomando essa ideia de novos modelos de varejo para o mercado de reposição, as lojas virtuais online e os mercados automotivos são vistos como tendências-chave no Brasil. Uma série de empresas que oferecem peças e serviços de veículos sob demanda estão atualmente reorganizando a estrutura do mercado automotivo. MOBILIDADE COMO SERVIÇO A cadeia automotiva é desafiada a criar novos produtos e serviços mais flexíveis, ágeis, e centrados no cliente. Muitas dessas inovações complementam a mobilidade entre o transporte público e a propriedade de automóveis particulares, criando várias oportunidades. Essas soluções estão se tornando uma alternativa adicional à mobilidade diária. Embora, em alguns casos, complementem a propriedade do veículo. Sinal de substituição da propriedade também são percebidos em algumas regiões. _________________ Os paradigmas do mundo estão em rápida transformação, distante de estruturas tradicinais. Hoje temos gerações que são mais conectadas e aptas às novas tecnologias e querem soluções mais customizadas, on-demand e em tempo real. Há pressão por mudança dentro dos mercados mais tradicionais que, pouco a pouco, aderem a soluções digitais. A internet como grande tendência das últimas décadas está reformulado a maneira de viver, produzir, relacionar-se e até vender. A Frost & Sullivan acredita que, cada vez mais, grandes empresas terão suas lideranças focadas no mundo digital. Tudo isso para que algoritmos, “next generation production”, modelos preditivos sejam melhor instalados por toda a cadeia automotiva. Além disso, análises de big data, industria 4.0, IoT e cibersegurança serão assuntos cada vez mais comuns em diversos modelos de negócio. Por fim, parcerias com fornecedores e outros stakeholders dentro da produção serão chave para melhor eficiência na produção e incremento dos resultados fiscais. A indústria automotiva, influenciada pela digitalização, nunca na história esteve tão perto do consumidor como hoje. Este espaço entre o cliente e empresa será cada vez menor no futuro. Para mais informações sobre esta análise, entre em contato com o time da Frost & Sullivan na América Latina pelo e-mail [email protected]. |
Por Frost & Sullivan – Thales Jurado ** Fonte: INTELOG |