Desamparados, vendedores de carros buscam soluções para fechar negócios na quarentena
As vendas de veículos usados caíram 90,3% em uma semana depois do surto de coronavírus.
A informação foi confirmada com exclusividade pela Fenauto à Autoesporte. O decreto para fechar as concessionárias, a parada do Detran, o cancelamento de feirões para evitar aglomerações e a esperada recessão na economia são as razões para a queda.
Muitas empresas irão perder dinheiro com essa situação, mas os vendedores também serão muito impactados. Alfredo Ricardo trabalha na Griffe Motors, uma revenda multimarcas de carros zero km e usados que fica na avenida Ibirapuera, na cidade de São Paulo. É vendedor há 25 anos.
“Eu parei dia 19 de março. Eu cheguei para trabalhar e me falaram que eu estava no grupo de risco, já que eu tenho mais de 60 anos. Fui embora antes mesmo do almoço e estou parado”, afirma.
Alfredo não fez nenhuma venda desde então. “O que eu trouxe de trabalho para casa não consegui finalizar. Não fiz nenhuma venda. Na verdade, perdi duas que já estavam quase finalizadas. Os clientes desistiram. Se a gente nunca tinha passado por um período de guerra, já descobri que é desse jeito”.
Os vendedores ainda não sabem quando irão voltar para a loja.
A situação é parecida para Fábio Mattos, vendedor de carros novos e seminovos há 23 anos. Ele trabalha para a Hyundai, também em uma loja de São Paulo. “Para quem já comprou, estamos entregando de guincho na residência do cliente. Nunca vivi algo parecido. No setor, já tivemos muitas crises graves, mas parar tudo desse jeito, é a primeira vez”.
Mattos está em casa desde o dia 20 de março e também não conseguiu vender nenhum carro na última semana do mês. “A única venda que acontece é para empresas e locadoras: as vendas diretas”, afirma.
A loja de Fábio dobrou a comissão para as vendas online e desenvolveu uma arte para todos os vendedores mandarem aos clientes. A loja de Fábio tem previsão para voltar no próximo dia 7. “Não tem nada definido, estamos sem rumo”.
Uma solução?
Patrícia Fragozo foi a única entrevistada a conseguir vender durante a quarentena, 4 carros via venda direta. Com 23 anos de experiência, ela trabalha na Fiat Amazonas em São Paulo apenas com carros novos. A estretégia? Anunciar em sites conhecidos de compra e venda.
“Nós paramos no dia 20 de março, portas fechadas. Mas a cada dois dias eu vou para a concessionária responder os anúncios que fiz. Se precisar avaliar um carro, a gente marca na casa do cliente. Eu não consigo fechar carro de estoque, o faturamento da Amazonas não está funcionando. Só venda direta da fábrica, meu departamento”, afirma.
Patrícia dá dicas para quem quer começar. “Tem menos prejuízo quem anuncia. Um canal virtual dá trabalho: eu faço as fotos, um texto legal, tenho que responder os clientes, mas esse é o meu diferencial”, afirma.
FONTE: Auto Esporte