CEO da Nissan diz não ter dúvidas sobre crescimento do Brasil
O brasileiro Carlos Ghosn, CEO mundial do grupo Renault Nissan declarou em coletiva na tarde desta terça-feira (15), após inauguração de nova fábrica em Resende, no Sul do estado do Rio de Janeiro, que está otimista que acredita que não será difícil para a marca atingir a meta de 5% no mercado automobilístico. Ele crê ainda que o Brasil irá retomar o patamar de crescimento de 3%.
“Não temos dúvida sobre o crescimento do mercado brasileiro. Estamos investindo para os próximos dez anos, não nos próximos seis meses. O potencial, sem discussão, é mais perto de 5% do que 2% atuais. Não estamos contando com o crescimento em dois anos, 2014 e 2015. Acreditamos que haverá crescimento muito pequeno. Mas estamos tão pequenos, que podemos continuar a crescer apesar disso”, explicou.
Para atingir esse número, o CEO acrescentou que a estratégia da Nissan é introduzir carros que correspondem a cada segmento no mercado. “É baseado em quatro produtos, não é com o March sozinho que vamos conseguir. O potencial do Brasil é grande no automobilismo. São 175 veículos para cada mil habitantes no Brasil. Temos o Versa, o Centra e a Pick Up Truck”, declarou Goshn.
Ainda de acordo com ele, a Nissan tem como objetivo atingir ainda 80 % de fornecedores locais na fábrica de Resende. Segundo ele, essa meta foi estipulada para 2016. No entanto, Ghosn, não quis comentar sobre fornecedores em particular, ao ser questionado se a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) com sede na região, poderia se tornar uma fornecedora de aço.
“Hoje são 60%, o objetivo é 80%. A maior oportunidade são as peças para motores. A localização é um imperativo importante. Nós estamos tentando tudo para localizar, mas só se for com patamar de qualidade. Nós temos fornecedores mundiais e a maioria está presente no Brasil. Ninguém quer o risco de câmbio, de importar em euro e dólar e vender em real. Localização é o objetivo de cada montadora. A importação vai diminuir porque queremos produzir para cada região, mas a exportação não”, explicou.
Ele declarou ainda que a troca de serviços entre as fábricas de Resende e Paraná não está descartada. “Nosso raciocínio não é fabricar Nissan ou Renault. Cada fábrica pertence a uma montadora. A troca de serviço pode ser feita. O que queremos é o máximo do mercado brasileiro. A troca de fabricação continua. Resende é Nissan e Renault é Paraná”, afirmou Ghosn.
Imposto sobre Produtos Industrializados
Para Ghosn, a redução ou não do IPI não afetará os planos de crescimento dos carros da Nissan. Ele criticou, no entanto, a quantidade de tributos do Brasil. Ele acrescentou ainda que a Aliança cobre 80% do território brasileiro e que observou que Rio/São Paulo estão perdendo marketing share, enquanto o nordeste progride.
“O incentivo tem efeito de curto prazo. Daqui a um ano, não tem efeito. Acho que o Brasil é o campeão no mundo de tributação sobre carro. Não conheço nenhum outro país com 45% de taxas. Claro que se houver redução na carga tributária, vai acelerar o crescimento. Para atingir 400/500 carros por mil habitantes é normal dentro do patamar do Brasil. O prazo depende da política econômica dos governos. Se o governo não investir em infraestrutura, será um problema. Isso faz parte das coisas que vão ajudar no desenvolvimento”, afirmou.
Carro elétrico
A fabricação do modelo Leaf, o carro elétrico da Nissan, foi outro assunto comentado na coletiva. Ele afirmou que não tem planos em curto prazo para lançar o carro no Brasil ou de fabricá-lo em Resende porque, segundo Ghosn, não há condições de produzi-lo.
“Falta condições pra produzir. Já falamos com autoridades locais e estaduais porque a não ser que haja a venda de 50 mil por ano, haveria prejuízo. Abaixo desse número é muito difícil produzir sem prejuízo. Atualmente ele é produzido em três países: Japão, Estados Unidos e Inglaterra. Vamos ver a nova legislação, parece que vai ter, mas pra produzir localmente, tem que atingir 50 mil”, completou.
Por Cristiane Cardoso, do autoesporte.