Papel das Locadoras para redução dos estoques
De Valor Econômico
Mesmo com a aguardada reação do mercado, as montadoras devem manter, pelo menos nos próximos meses, o ciclo de ajustes de produção porque precisam equilibrar os estoques. A avaliação foi feita ontem por Luiz Moan, presidente da Anfavea, a entidade que abriga a indústria nacional de veículos, após participar de seminário no qual voltou a projetar um segundo semestre melhor do que foi o primeiro nas vendas de carros.
Em períodos de estoques elevados, cresce ainda mais a importância do setor de locação de veículos, que como um todo é hoje o principal comprador de automóveis no Brasil. Trata-se portanto da principal válvula de escape das montadoras, segundo a ABLA (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis). “É preciso que as montadoras criem condições de vendas dentro da realidade das locadoras, para assim utilizar efetivamente e com mais ênfase esse importante canal para o escoamento dos seus estoques”, diz Paulo Nemer, presidente do conselho nacional da ABLA.
Segundo Paulo Nemer, cerca de 30% do total de 530 mil veículos do setor são renovados por ano. A média de idade dos automóveis disponíveis para aluguel gira em torno de 17,5 meses. Apesar da alta dos estoques, que chegou ao equivalente a 45 dias de vendas no fim do mês passado, a demanda das locadoras ajudou para que o registro de carros novos não fosse ainda pior no primeiro semestre do ano.
Moan, da Anfavea, e outros dirigentes da indústria de veículos participaram de seminário promovido pela agência Autodata no parque tecnológico de Sorocaba (SP), para discutir as tendências do mercado até o fim deste ano.
Há expectativa de que o setor comece uma reação depois dos fracos resultados nos seis primeiros meses do ano, período no qual as vendas caíram 7,6% e a produção de veículos registrou quase 17% de baixa.
Superado um primeiro semestre marcado pelo excesso de feriados e pela paralisia do consumo durante a Copa do Mundo, há quem brinque nas rodas de executivos do setor que o ano começou na semana passada, na segunda-feira seguinte à final entre Alemanha e Argentina no Maracanã.
A previsão mais otimista foi traçada por Marcos Munhoz, vice-presidente da General Motors, que aposta na possibilidade de um crescimento ao redor de 2% nos emplacamentos do segundo semestre, comparativamente a igual período de 2013. “Com menos feriados e distrações, as vendas podem ficar parecidas ou até mesmo melhor [do que a segunda metade do ano passado”, disse Munhoz em sua participação no evento.
Como, sazonalmente, o segundo semestre costuma ser mais aquecido do que o primeiro, há confiança na indústria de que o período mais crítico da crise tenha ficado para trás. O otimismo também se sustenta no calendário comercial mais favorável, já que as concessionárias terão oito dias úteis a mais de venda em relação ao primeiro semestre do ano.
Fontes: ABLA