Setor de locação de veículos: resultados positivos e desafios em 2024
Setor de locação de veículos: resultados positivos e desafios em 2024
O setor de locação de veículos no Brasil projeta encerrar 2024 com resultados sólidos, apesar dos desafios econômicos. Segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), o ano deve registrar a aquisição de 620 mil veículos novos, um aumento de 5% em comparação com 2023, quando o setor comprou 590.870 unidades. Essa expansão reforça a relevância das locadoras, que absorvem mais de 25% das vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil nos últimos três anos.
A frota total das locadoras deverá alcançar 1,65 milhão de veículos até o fim de 2024, crescendo 5,1% em relação ao ano anterior. O presidente da Abla, Marco Aurélio Nazaré, destaca que o setor foca em renovação para reduzir custos de manutenção e enfrentar a depreciação dos seminovos, ainda que o aumento das taxas de juros dificulte investimentos na ampliação da frota. “A tendência é reduzir a idade média da frota, o que também melhora a experiência do cliente e os custos operacionais”, afirmou Nazaré.
Atualmente, a idade média da frota está em 17,8 meses, uma melhoria significativa em relação aos 27,4 meses observados no pico da crise da pandemia, em 2021, mas ainda distante dos 14,9 meses de 2019.
Crescimento do carro por assinatura
Um dos segmentos que mais cresce é o de carro por assinatura. A modalidade deve registrar aumento de 44% em 2024, alcançando 180 mil veículos, o que representa 20% da frota de longo prazo. Nazaré explicou que a adesão a esse modelo é impulsionada pelo preço elevado dos veículos novos e pelas condições financeiras oferecidas pelas montadoras para o carro zero. “Com o carro mais caro, muitas pessoas migram para o carro por assinatura, que oferece flexibilidade e custo-benefício”, avaliou.
Essa expansão também reflete mudanças metodológicas na classificação da frota, que redistribuíram veículos anteriormente registrados em outras categorias. Mesmo assim, o segmento apresenta crescimento consistente, reforçando seu papel no portfólio das locadoras.
Desafios do mercado de seminovos
A depreciação dos carros seminovos ainda é uma preocupação para o setor. Segundo Nazaré, o problema, causado por descontos no carro zero para atrair compradores, começa a estabilizar, mas depende do aumento do poder de compra do consumidor para ser resolvido. “A renda baixa favorece o seminovo, mas o subsídio ao carro zero cria uma competição que afeta os preços do usado”, explicou.
Para enfrentar essa situação, as locadoras têm priorizado a aquisição de veículos populares, que possuem maior rotatividade no mercado de revenda. Essa estratégia ajuda a mitigar os impactos da depreciação e a manter a competitividade no segmento.
Segmento de aluguel por diária cresce modestamente
O modelo tradicional de aluguel por diária (RAC) deve apresentar um aumento de 2,1% no número de diárias em 2024. O crescimento mais tímido reflete o impacto do preço elevado dos veículos novos sobre o valor das diárias, que se tornam menos acessíveis para consumidores com renda comprimida. “O preço elevado das diárias reprime a demanda, tornando esse segmento menos dinâmico em comparação a outros”, destacou Nazaré.
A Abla enfatiza a importância do setor de locação para a economia brasileira. Locadoras não apenas movimentam a indústria automotiva, como também viabilizam soluções de mobilidade para empresas, governos e consumidores. “Mais pessoas e organizações estão percebendo que é mais inteligente pagar pelo uso do veículo do que assumir os custos e a gestão de uma frota própria”, pontuou Nazaré.
Perspectivas para 2025
Embora os resultados de 2024 sejam positivos, as locadoras já sinalizam cautela para 2025. A continuidade de juros elevados pode limitar novos investimentos no setor, levando a um foco ainda maior na renovação de frotas existentes.
O setor de locação de veículos segue como um pilar da mobilidade no Brasil, mostrando resiliência diante de desafios econômicos e capacidade de adaptação às demandas do mercado. A aposta em tecnologia, sustentabilidade e modelos de negócio flexíveis deve continuar impulsionando o segmento nos próximos anos.
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