O fim do estepe – e suas consequências
Aqui vai uma ótima notícia para quem detesta trocar pneu: o fim do estepe está cada vez mais próximo. Há anos as montadoras sonham em acabar com a roda sobressalente nos automóveis de passeio, fruto de uma necessidade de reduzir peso (e baixar o consumo) e melhorar o aproveitamento de espaço na área do porta-malas.
Hoje, há quatro tecnologias que substituem o pneu reserva tradicional. A primeira são os compact spares, ou temporários, projetados só para essa função. Mais estreitos, eles prejudicam todo o conjunto se forem usados regularmente e não têm a mesma durabilidade, além de estarem limitados a rodar a uma velocidade menor, em geral 80 km/h.
A segunda é o kit de reparo, constituído de selante líquido e compressor, que acompanha alguns modelos importados, mas também pode ser comprado em lojas especializadas. A terceira é o pneu seal, dotado de uma película interna de selante, que veda automaticamente o furo.
Por fim, há o run-flat, o mais conhecido e mais utilizado por montadoras que não querem usar estepe. Ele é capaz de rodar vazio por distância e velocidade máximas pré-determinadas (a recomendação em geral é andar a até 80 km/h por no máximo 200 km quando furado). Esse pneu tem um reforço de borracha rígida em suas laterais, o que faz com que ele fique apoiado sobre elas em caso de perda total de pressão.
Entre as vantagens do run-flat está a possibilidade de dispensar totalmente o estepe. Eles também funcionam mesmo com perfurações ou cortes maiores que 5 mm, situação em que os selantes já não funcionam. “Os run-flat também lidam relativamente bem com danos na região dos ombros e flancos”, explica Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental.
Ainda há a questão ambiental. “Um veículo que aposenta o estepe deixa de carregar, ao longo de toda a vida útil, peso extra que aumenta o consumo de combustível e, consequentemente, a emissão de poluentes. Para se ter ideia, um estepe de roda aro 17 pesa no mínimo 20 kg”, diz Marcio Fonseca Filho, gerente sênior de peças e logística do BMW Group Brasil, fabricante que aplica a tecnologia em todos os modelos, exceto na linha de esportivos M.
Mas nada é perfeito. O run-flat tem dois problemas: conforto menor (afinal, ele é bem mais rígido) e preço maior – ele pode custar mais do que o dobro da sua versão comum.
Por Luís Perez, da Revista Quatro Rodas.