Audi volta ao País em alta dos veículos de luxo
A crise na indústria automobilística, que levou a uma queda de 7% nas vendas totais de automóveis e comerciais leves em 2014 e a demissões de trabalhadores neste início de ano, não atingiu o mercado de luxo. O segmento de carros premium cresceu 18% em relação a 2013 e deve seguir em trajetória de alta, enquanto para as vendas totais a expectativa é de estagnação.
Foram vendidos no País 55.841 modelos de luxo no ano passado, frente a 47.335 em 2013, quando o crescimento tinha sido ainda mais forte em relação ao ano anterior, de 39%. Os números incluem carros das marcas Audi, BMW, Mercedes-Benz – as três alemãs que representam 70% das vendas do segmento -, além de Land Rover, Volvo, Mini, Porsche, Jaguar e Lexus.
A participação dos automóveis premium no mercado brasileiro é inferior a 2%, mas com tendência de alta, dada as condições macroeconômicas do País e o crescimento da classe média. “O mercado premium no Brasil ainda é pouco desenvolvido, mas deve crescer muito nos próximos anos, seguindo o crescimento da classe média local”, disse ao Estado o vice-presidente mundial de vendas da Audi, Luca de Meo.
Potencial. O executivo avalia que há espaço para o crescimento local desse mercado e cita o exemplo da China, onde a fatia dos automóveis premium é de 9% a 10%. “O Brasil é a quinta economia do mundo, a classe média vai triplicar nos próximos anos e os dados de 2014 já são resultado desse crescimento”, afirma De Meo. “Todas as empresas têm esse sentimento, por isso há tantas fábricas sendo instaladas no País.”
Em sua primeira visita ao Brasil desde que assumiu o cargo, em setembro de 2012, De Meo, que já trabalhou na Renault, na Toyota, na Fiat e na Volkswagen, considera o Brasil de hoje muito diferente daquele de quase dez anos atrás, quando a marca fechou a fábrica que havia sido inaugurada em São José dos Pinhais (PR), em 1999.
Ele conta que, há dois anos, quando o grupo avaliava se deveria voltar ou não ao Brasil como fabricante, havia muita desconfiança no mercado em relação à marca. “Não sei o que ocorreu no passado, pois ainda não trabalhava na Audi, mas sei que hoje nossa decisão é para o longo prazo, é para sempre.”
A Audi vai inaugurar sua fábrica no segundo semestre e a produção do A3 começará em setembro. No próximo ano entrará em linha o utilitário-esportivo Q3. Serão produzidos na mesma fábrica onde o antigo A3 foi feito no passado – cuja linha de montagem sucumbiu ao fraco mercado -, em parceria com a Volkswagen, dona da Audi.
As principais concorrentes também marcam presença como fabricantes. A BMW inaugurou sua fábrica em Araquari (SC) em outubro. A Mercedes-Benz e a Land Rover iniciam operações em 2016. Juntas, as quatro marcas vão investir cerca de R$ 2,3 bilhões nas fábricas e terão capacidade para produzir 106 mil veículos ao ano.
Número um. Sozinha, a Audi cresceu 68% no ano passado, com vendas de 12.488 veículos, atrás da BMW, que vendeu 15.044 unidades, 11% mais na comparação com 2013. Um ano antes, a Audi era quarta no ranking local.
“Nosso objetivo é ser a número um no Brasil até 2020, ano em que também esperamos ser a líder global no segmento de luxo”, afirma De Meo. Para este ano, a marca espera vendas acima de 15 mil unidades no mercado brasileiro.
Globalmente, a Audi também está atrás da BMW, com 1,74 milhão de carros vendidos em 2014, ante 1,81 milhão da concorrente. A Mercedes vendeu 1,65 milhão de unidades. A diferença da segunda colocada para a líder diminuiu de 80 mil para 71 mil unidades em 2014.
“Com os números do ano passado, o Brasil está na lista dos 20 maiores mercados da Audi, mas deve chegar aos ‘top 10′ em breve, ou seja, o País fará parte da liga dos campeões”, afirma o vice-presidente mundial da Audi. Com a produção local, ressalta ele, o País também passa a ter maior importância dentro da corporação.
Expansão. A Audi tem atualmente 11 fábricas na Alemanha, Hungria, Bélgica, China, Índia, Indonésia, Eslováquia, Espanha e Rússia. Além do Brasil, está construindo uma subsidiária no México, a ser inaugurada em 2016, intensificando assim o processo de globalização da marca. Pela primeira vez, os mercados fora da Europa compraram mais carros da Audi, com 51% das vendas da marca no ano passado.
Os carros que serão feitos no Brasil serão os mesmos de outros países. “O consumidor brasileiro vai ter o mesmo produto vendido na Alemanha, na França ou na Espanha”, cita De Meo. “Claro que não somos estúpidos e faremos as adaptações que o mercado local exige, como o motor flex.”
O presidente da Audi do Brasil, Jörg Hofmann, ressalta que a marca criou um centro de treinamento para concessionárias e engenharia em São Paulo. A rede de revendas da marca, hoje com 40 lojas, terá dez inaugurações neste ano. “Chegaremos em 2017 com 67 lojas.”
Fonte: O Estado de São Paulo