CEO da Stellantis América Latina detalha futuros investimentos da “supermontadora”

O Antonio Filosa, presidente da Stellantis América Latina,ressalta que os SUVs são o segmento que mais cresce no mercado, então, é importante ocupar essa fatia, que não para de crescer.   CEO da Stellantis América Latina detalha futuros investimentos da “supermontadora”

 

Em entrevista virtual com jornalistas especializados de várias partes do Brasil, com a participação do jornal A Crítica representando pelo editor do caderno de automóveis Enrico Feitosa, o italiano Antonio Filosa, presidente da Stellantis América Latina, a “supermontadora” que surgiu da união da Fiat Chrysler com a Peugeot Citroën, detalhou os futuros investimentos da empresa no continente. Logo no início, ele abordou a questão dos carros elétricos e como solucionar a questão do abastecimento de energia para esses veículos na América Latina.

“Há quatro tipologias de infraestruturas, uma é a infraestrutura doméstica, ou seja, o proprietário de veículo elétrico terá a possibilidade de adquirir o carregador e colocar na própria garagem, permitindo uma carga durante 9 horas noturnas, quando a energia costuma ser mais barata. A segunda é a infraestrutura pública, quando os países investem em carga pública para os futuros carros elétricos”, destacou Antonio Filosa.

Ele explica que a terceira é a semipública, quando alguns empreendedores definem oferecer espaço a uma carga de cabos elétricos ou híbridos nas empresas durante o funcionamento dos seus respectivos estabelecimentos. “A quarta tipologia e a qual já começa a ser agilizada com alguns parceiros será a implantação da primeira rede com mais ou menos 200 “charging stations” até o fim deste ano”, revelou.

O CEO da Stellantis completa que também está trabalhando com outros parceiros para poder unir quem decidirá adquirir um carro elétrico ao núcleo familiar, tendo uma charging station na própria casa. “Somente a combinação dessas quatro infraestruturas viabiliza a utilização de carros elétricos ou híbridos de forma eficiente. Depender de uma ou de outra limita muito o raio de ação e a liberdade individual dos proprietários de carros elétricos, pois, como sabemos, esses veículos têm uma autonomia limitada, podendo chegar, nos melhores casos, a 400 quilômetros rodados”, lembrou.

Motores e ações para minimizar a pandemia

Ainda durante a entrevista, ele lembrou que a Stellantis tem muito mais marcas, não somente as conhecidas Peugeot e Citroën, como outras fora do Brasil. “Uma empresa como a FCA, que comercializava mais ou menos 500 mil veículos na região e com o crescimento das marcas da FCA e juntando também o bom papel que a Peugeot e Citroën, sobretudo na Argentina e no Chile e demais países, estamos chegando a mais ou menos 800 mil veículos”, revelou.

O presidente do grupo para a América Latina acrescenta que o volume de motorizações aumentou muito. “A verdade é que a gente introduziu algumas motorizações, como os motores turbo, os aspirados 1.0 e 1.3, mas temos volumes no mercado que requerem o 1.8. Por isso, estamos continuando com essa tecnologia e no momento não temos planos de upgrade, pois temos essa demanda na Argentina e até no Brasil, apesar de estar caindo”, pontuou.

Sobre o papel social da “supermontadora” no começo da pandemia da Covid-19, Antonio Filosa informa que o grupo decidiu dividir um pouco, levando em consideração a capacidade de cada fábrica, para decidir o que ela faria para ela mesma e para o entorno. “Investimos e ainda está funcionando em um hospital de campanha no Paraná e, em Goiânia (GO), também construímos e ele funcionou durante um período, depois interromperam e agora voltou a funcionar”, informou.

Ele completa que o grupo também construiu outro hospital de campanha em Córdoba, na Argentina, e, em Campo Largo (PR), converteu uma parte do processo de produção que usava impressoras 3D para fazer face shields. “Essa fabricação contínua e toda ela é doada para hospitais”, relatou.

Outras marcas do grupo

A respeito das outras marcas famosas da Stellantis em escala mundial, o CEO ressaltou que o grupo tem a sorte de possuir muitas armas e pode escolher com quais competir em determinados mercados para criar a maior satisfação possível aos clientes. “Peugeot e Citroën são marcas que, quando falamos da América Latina, basicamente, são transversais a todos os mercados. A Fiat Mobile atinge muitos mercados, assim como a Peugeot 208 neste continente”, exemplificou.

Antonio Filosa acrescenta que a Fiat neste ano, pela primeira vez na história, tem chances reais de ser a marca líder na América Latina, não somente no Brasil, onde já foi algumas vezes e neste ano também, mas da América Latina como um todo, excluindo o México. “A Jeep está se afirmando como a marca líder do continente, mas uma vez excluindo o México, na área das SUVs. A Peugeot e Citroën são marcas muito fortes na Argentina, no Chile e em outros países da América Latina”, ressaltou.

Já Opel, Alfa Romeo e Dodge, neste momento, estão competindo em mercados específicos, como a DS na Argentina e depois vão para o Chile, a Opel foi lançada no Chile e tem alguns projetos de expansão em outros mercados menores. “A Alfa Romeo está disponível para alguns importadores, estamos testando os mercados onde os níveis de risco que a gente cobre são menores, para ver se tem uma possibilidade maior”, argumentou o CEO.

Neste momento, conforme ele, o grupo não enxerga algo praticamente possível no Brasil para a Alfa Romeo ou para a Opel. “Todas essas marcas são muito cobiçadas, qualquer pessoa que gosta de carro é apaixonada pela Alfa Romeo. Mas, transformar emoções em negócios, precisa de muitas certezas, por isso, estamos tentando acumular certezas e confiança por meio de marketing forte fora dos mercados maiores que poderiam chegar a conquistas maiores, mas também estão associados a riscos mais relevantes, por isso, vamos pilotando dessa forma essas demais marcas”, pontuou.

Crise dos semicondutores

Em relação à crise dos semicondutores, o presidente da Stellanis América Latina garantiu que se trata de uma filha da pandemia. “O mundo automotivo representa uma fatia menor dos volumes de negócios dos fornecedores. Neste momento, eles são muito mais dedicados ao volume e desenvolvimento de outros setores, como o dos eletroeletrônicos”, disse.

Ele explica que os semicondutores que essas empresas desenvolvem para o setor eletroeletrônico são gerações mais avançadas dos utilizados pelo setor automotivo. “Com tudo isso, e também por efeito da pandemia, o setor automotivo teve uma incrível queda de volumes em escala mundial, enquanto, em contrapartida, os eletroeletrônicos tiveram um aumento de volume”, ressaltou.

Na avaliação do CEO, tudo isso gerou um desbalanceamento da cadeia de supply entre os setores em si. “Ficou clara a dependência global das montadoras devido aos poucos players, quase todos localizados na Ásia. Quais são as possíveis saídas? No momento, estamos monitorando diariamente, em caráter local e global, a situação e, dessa forma, trabalhar para mitigar os efeitos, usando várias alavancas”, pontuou.

A outra saída, conforme ele, é diminuir a dependência desses poucos players da Ásia e desenvolver outras fontes fora dos países asiáticos. “Já tem alguns países que estão postulando para desenvolver indústrias locais de semicondutores em concorrência à indústria asiática, mas isso é um plano de longo prazo. Até lá, o que precisamos é dedicar muito esforço e energia para trabalhar junto com os fornecedores diretos para acelerar a produção deles dedicada ao setor automotivo”, analisou.

Antonio Filosa revela que, neste período, as montadoras buscam reduzir os distúrbios no abastecimento e na produção. “Neste momento, isso é reativo e a parte proativa e preventiva começa quando definimos estratégias para diminuir a dependência dos players asiáticos”, assegurou.

Investimentos

Sobre os investimentos do grupo, ele recorda que a FCA formulou um plano de investimentos na região de 2018 até 2025, em conjunto com os seus fornecedores, de R$ 16 bilhões. “Neste momento, estamos em uma fase bem avançada desse plano, pois já lançamos no mercado o novo Strada, da Fiat, o Novo Compass, da Jeep, e a Nova Toro, da Fiat”, enumerou.

Além disso, continuou o CEO da Stallantis, foi construída a nova fábrica de motores turbos e desenvolvida uma nova transmissão automática. “Estamos prestes a lançar o primeiro SUV da Fiat, que anunciamos de forma inédita na final do BBB, assim como o segundo SUV da Fiat, que vai chegar no próximo ano e temos uma série de atividades relacionadas com a marca Fiat, assim como o lançamento do novo SUV produzido pela Jeep local, o Comander”, detalhou.

Antonio Filosa assegura que esses muitos lançamentos, inclusive uma fábrica nova de motores, representam uma parte importante desse plano de investimento bilionário. “Além disso, teremos outras intervenções importantes de produtos e novos lançamentos, obviamente, estamos monitorando, mês a mês, para verificar se será necessário um pequeno ajuste, mas, no momento, não vejo nada de dramático que deva ser feito”, garantiu.

Ele também revelou que será lançado um novo modelo em uma das duas marcas francesas, Peugeot ou Citroën, que será produzido na fábrica de Porto Real. “O que falta de fazer e lançar até 2025 está sendo monitorado e não vejo neste momento grandes desvios. Nós estamos confirmando os lançamentos que temos até o fim de 2021 e na primeira metade de 2022, que são modelos da Jeep, Fiat, de uma das duas marcas francesas, além de algumas tecnologias que já foram lançadas em alguns carros e que serão expandidas para outros”, elencou.

Novidades da Peugeot

A respeito das novidades da Peugeot, o CEO lembra que a montadora vive um momento diferente em alguns mercados. “A marca sempre foi muito respeitada e é muito forte, principalmente, na Argentina, onde inclusive está crescendo desde o ano passado de forma robusta. Depois que foi lançada no Chile, a Peugeot continua crescendo e hoje está perto de 5,5% em um mercado aberto que recebe marcas de veículos de todo o mundo e tem um nível de concorrência muito elevado”, comparou.

Para ele, mesmo assim, a marca do grupo é a que mais vende no Chile, sendo uma das poucas que cresceram este ano junto com as marcas asiáticas. “A Peugeot também apresentou crescimento na Colômbia e em várias partes do mercado andino. No Brasil, usamos o termo de injustiçada, pois passou por uma forte contração da demanda e a familiaridade do cliente brasileiro com a marca caiu”, admitiu.

O presidente revela como essa familiaridade do cliente será reativada: com comunicação. “Nós já estamos investindo nisso, além do investimento em algumas séries especiais, como a série Sky Walker, e com produto, como a chegada do 208. No começo, teve um pouco impacto no mercado, ficando aquém do esperado, mas agora está em franca recuperação”, assegurou.

Antonio Filosa concorda que o motor 1.6 não dá conta do recado, mas permite uma boa dirigibilidade, seja em ambiente urbano, seja em ambiente não urbano. “Porém, estamos estudando a implantação do motor turbo, é um tecnologia que temos e que pode funcionar muito bem, obviamente precisa de investimento, de custos adicionais. Vamos trazer também modelos novos, o 3008 será lançado no fim de junho e o 208, modelo elétrico, será feito no segundo semestre”, garantiu.

O CEO da Stellantis ressalta que é assim que a Peugeot vai reconquistar o consumidor brasileiro. “Gosto de lembrar que alguns modelos da marca são carros de destaque em outros países da América Latina e também em outros continentes. O Peugeot 208 é o carro do ano na Europa e o lançamento do 3008 na Europa foi um sucesso, assim como o lançamento do novo 2008 em alguns mercados da América Latina, como no Chile”, lembrou.

Liderança da Fiat

Antonio Filosa acrescenta que a liderança da Fiat no mercado brasileiro na verdade começou a se estabelecer antes da crise dos semicondutores. “Desde agosto do ano passado, a Fiat só perdeu um mês de liderança. As dificuldades recentes dos nossos competidores fizeram aumentar o leque das oportunidades que a gente pegou. Desde o fim do ano passado, o bom lançamento da Strada, assim como o crescimento de outros produtos nos outorgaram a liderança”, afirmou.

Ele revela que, não é que não ser líder para o grupo signifique perder o sono, mas é algo que nos orgulha muito. “É um privilégio e queremos continuar nessa posição. Então, a crise dos semicondutores nos ajudou, mas também perdemos produção por causa dela, porém, outros perderam mais. Não precisávamos conquistar algo que já tínhamos conquistado, pelo menos no segundo semestre do ano passado”, disse.

Para continuar líder, conforme o presidente, a Fiat vai investir em lançamento de produtos vencedores ou pelo enriquecimento da linha de produção com tecnologias novas, como o Fiat B-SUV, que está no forno e tem quase 300 mil possíveis entusiastas da marca inscritos para sugerir o nome definitivo. “Isso claramente nos dá a possibilidade de despontar ainda mais nesta corrida. Depois chega outro modelo, que é o segundo SUV, então, com dois modelos, a marca ocupa um espaço onde não tinha nada”, lembrou.

O italiano ressalta que os SUVs são o segmento que mais cresce no mercado, então, é importante ocupar essa fatia, que não para de crescer. “Agora, estamos nela com dois modelos e me parece que o lançamento inédito na final do BBB do Fiat B-SUV atraiu muita atenção positiva com 300 mil decidindo o nome, o que nos deixa esperançosos com o mercado que esse carro terá. A ideia é continuar lançando produtos inovadores e que ganhem o coração e o entusiasmo dos clientes que já temos e os que queremos conquistar, crescendo nossa participação no mercado”, avisou.

Carros por assinatura

Encerrando a entrevista, ele explicou o programa de carros por assinatura da Fiat, que começou como piloto em algumas cidades do Brasil, sobretudo na Região Sul e em São Paulo (SP), abraçando algumas concessionárias escolhidas.

“Ele está indo muito bem, nós temos resultados que são de 13% a 15% superiores ao esperado, estamos tendo muita procura por vários modelos, muitas compras”, informou.

O CEO explica que o grupo está aprendendo nas capitais onde o programa foi implantado. “Temos muitas demandas de outras concessionárias e isso demonstra o interesse elevado pelo programa. Também temos interesse em incluir a Citroën e a Peugeot, mas, no momento, apenas a Fiat e a Jeep estão participando, mas, quando for consolidado o piloto, definiremos a estratégia de expansão, abrangendo as marcas francesas”, revelou.

Sobre a rede de revendas, ele completa que, neste momento, o objetivo é crescer com a rede Peugeot e Citroën, principalmente, em algumas cidades que foram pontuadas como alvos ideais e onde essas duas marcas francesas não existem ainda. “Nessas cidades pequenas e médias, a Fiat é muito forte e, em alguns casos, a Jeep é muito forte. Por isso, para essas localidades estamos estudando a possibilidade de oferecer aos mesmos representantes da antiga FCA abrirem lojas para as marcas francesas da Stellantis”, finalizou.

Fonte: A Crítica Net

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