Céu de brigadeiro para o setor automotivo 

Após quatro anos de caos automotivo, Brasil entra em céu de brigadeiro

Por: Raphael Galante*

O ano de 2019 se encerrou e deixou gostinho de: “quero mais”. As vendas de automóveis cresceram pelo terceiro ano consecutivo, o crédito disparou e o humor do consumidor está lá em cima. As perspectivas para 2020 são as melhores possíveis!

Caros leitores, digníssimas leitoras: o ano de 2019 encerrou e, usando a máxima de Churchill: “entre mortos e feridos, todos sobreviveram”.

Foram mais de 2,66 milhões de unidades vendidas, um crescimento de 7,7% sobre o ano de 2018, quando tivemos 2,47 milhões de carros vendidos.

Esse foi o melhor resultado dos últimos cinco anos!

Mas 2019 encerrou com volume de vendas bem inferior ao que foi registrado em 2009 (dez anos antes), quando tivemos quase 3 milhões de carros vendidos. E ainda estamos bem longe para alcançarmos o nosso recorde histórico que foi o ano de 2012 com 3,63 milhões de carros vendidos.

Talvez em 2024 a gente chegue lá…

 

Mas o que motivou esse bom resultado do setor? Quem foi que se destacou em 2019?

Se fossemos fazer um TOP 3 de bons acontecimentos do setor teríamos:

1. Crédito

Estamos ainda esperando a boa vontade do Banco Central em condensar as informações de crédito para veículos, mas o que temos? Até novembro tivemos a concessão de mais de 146 bilhões de Reais para a compra do veículo.

Nunca se liberou tanto dinheiro para financiar carros. O consolidado do ano deverá encerrar com volume próximo a R$ 161 bilhões, o que dará um crescimento de 28% sobre o ano de 2018 (R$ 125,4 bilhões).

E o melhor de tudo é que a perspectiva é de que o crédito continue tão farto como foi em 2019, com FORTE tendência de juros decrescente (em janeiro era de 1,62% a.m e deveremos ter em dezembro uma taxa de 1,35% a.m.); e dilatação dos prazos de financiamentos (passamos de 43 em janeiro para 45 meses em dezembro).

2. Vendas diretas – Locadoras e PCD:

O mercado de veículos para PCD cresceu demais no ano passado. As montadoras viram que o nicho se tornou uma parte importante do seu negócio – e estão tentando reposicionar os seus veículos (mesmo que tenham que “depená-los”) para atender a esse universo que vem crescendo.

Um exemplo mega positivo (para o público PCD) foi a sexagenária Volkswagen colocar o seu novo carro (T-Cross) para esse público. Ele está vendendo mais que pãozinho quente!

Outro nicho que “bombou” foi o da compra de carros pelas locadoras (vulgo Localiza; Unidas e o resto). Elas foram às compras num ritmo insano. Se o estagiário aqui manjasse dos paranauês do mercado financeiro, compraria papéis da empresa por 1-2 anos antes da invertida que vai chegar até elas.

3. CAOA Chery

O Dr. Carlos Alberto de Oliveira Andrade (CAOA) ganhou o nosso singelo prêmio: “Percy Jackson e o Ladrão de Rios” (a analogia aqui é com os “RAIOS”). Ele, que criou as marcas Renault e Hyundai no Brasil (além de ter ajudado muito a FORD – a Subaru é “café com leite”), vem construindo uma nova marca que é a CAOA Chery. De fato, ele vem usando o seu jeito “trator de ser” e, com isso, a Chery vai passando por cima de todo mundo!

A marca cresceu quase 135% neste ano. Se em 2018 a Chery era a 18º marca mais vendida, em 2019 chegou à 14º posição. Neste ano, com certeza ela tem chance de ser a 11º marca mais vendida, desbancando marcas como: Mitsubishi, Peugeot, Citroen, Audi, Kia, Land Rover, BMW e Volvo. Ela ficará atrás apenas das marcas de grandes volumes e pode até entrar na briga do TOP 10.

Menções honrosas

O grupo FCA (Fiat e Jeep) com crescimento de 15%; a Citroen com o seu Cactus e crescimento de 30%, e a GM, que cresceu pouco mais de 9%, mas é umas das montadoras que melhor consegue lançar um carro novo no mercado – basta ver que mesmo com o seu Onix Sedan “incendiário” ela teve um resultado fenomenal!

Mas, o que devemos esperar para 2020?

A partir dessa dúvida, pedimos ao Quorum Brasil que fizesse um raio-x do que os consumidores estão procurando para este ano.

O que encontramos?

· 60% dos proprietários, pretendem trocar de veículo este ano;

· 72% por um carro novo, mas para as mulheres esse percentual é de 55%;

· 62% estão procurando um veículo Sedan ou SUV;

· 21% se preocupa no valor de revenda do carro, ou seja, a grande maioria (quase 80%) quer um carro no qual ele tenha prazer em possuir o veículo;

· Os altos investimentos chamaram atenção. Somados, 38% dos entrevistados pretendem investir mais de R$56.000,00 em seu próximo carro.

Em resumo: após quatro anos de “caos automotivo”, estamos entrando em céu de brigadeiro! O cenário tenderá a ser um dos melhores para o setor!

 

Fonte: InfoMoney

Raphael Galante*
É economista, trabalha no setor automotivo há 14 anos e atua como consultor na Oikonomia Consultoria Automotiva.

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