Coronavírus: vendas de veículos devem recuar 3%, prevê consultoria

Produção, por sua vez, deve ser reduzida em outros 4% na comparação com 2019

Com medidas obrigatórias de quarentena, concessionárias fechadas e volatilidade extrema no mercado financeiro, o novo coronavírus deverá fazer com que o nível de vendas de veículos leves retorne a patamares pré-2019. É o que prevê a Bright Consulting, consultoria especializada no setor automotivo, em artigo assinado por Paulo Cardamone e Cassio Pagliarini.

De acordo com a dupla, “o grande desafio da cadeia automotiva será o de gerenciar um fluxo de caixa extremamente fragilizado por impactos no suprimento, produção, vendas e distribuição de veículos”. Com esse cenário, explicam os analistas, as vendas de veículos leves devem chegar a 2,61 milhões de unidades em 2020 (- 3% em relação a 2019), mesmo com o resultado previsto de aproximadamente 600 mil unidades do primeiro trimestre, mostrando um aumento de 5% em relação ao mesmo período observado em 2019.

A mesma tendência também deverá ser observada na produção. “Com importações menores por conta da queda das vendas e do câmbio depreciado e exportações reduzidas em função da recessão dos mercados com quem nos relacionamos, estimamos, neste momento, que a produção de veículos leves atinja 2,67 milhões de unidades em 2020, 4% menor em relação a 2019”.

“Na indústria automobilística, as consequências também são multifacetadas e nossas premissas consideram o pico da disseminação do coronavírus nos próximos 30/45 dias e estabilização da propagação no último trimestre de 2020”, acrescentam os especialistas da Bright Consulting.

Entre as informações gerais para o período, o time de especialistas destaca que o mercado financeiro está precificando a depreciação acelerada do câmbio que deve se manter na casa de R$ 4,80 a R$ 5,00 em relação ao dólar por longo período. “O efeito direto é o aumento do custo dos veículos produzidos localmente uma vez que, hoje, o conteúdo importado varia de 30% a 70% do custo variável, por conta do aumento de conteúdo tecnológico no portfólio das montadoras e das decisões de sourcing (fornecimento) externo dos últimos anos”. “Comparativamente à taxa de câmbio de R$ 3,8/US$ de um ano atrás, aumentos de preços entre 10% e 20%, adicionais aos aumentos já aplicados no período, terão que ser repassados ao mercado rapidamente o que irá impactar ainda mais as vendas no varejo”, prevê a Bright Consulting.

Por fim, os analistas da empresa projetam que “a atual realidade de operação à distância deverá trazer, no período pós-crise, reflexões e questionamentos sobre o Modelo Operacional pré-crise, no qual inúmeras reuniões, comitês e grupos de trabalho faziam parte da rotina das empresas para que decisões pudessem ser tomadas. Diferentemente dos movimentos disruptivos relacionados à evolução da conectividade, propulsão e serviços de mobilidade que não deverão sofrer grande ruptura, o Modelo de Distribuição de veículos deverá ser impactado pela aceleração de soluções digitais que possam amenizar os impactos da longevidade da crise e do acesso à rede. O risco associado à sobrevivência das grandes concessionárias cresce exponencialmente”, finaliza o documento da Bright Consulting.

FONTE: Autoo

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