E quando os carros com descontos acabarem?

O programa de incentivos fiscais do governo federal que permitiu a venda de carros com descontos de até R$ 120 mil foi encerrado. Mas parte do estoque desses veículos ainda está disponível nas concessionárias este mês, o que manterá o ritmo de vendas ainda acelerado em julho. Depois disso, os preços voltarão a subir, o que poderá voltar a elevar a ociosidade nas fábricas.

Os recursos públicos para essa finalidade, que somaram R$ 800 milhões só para automóveis e comerciais leves, esgotaram-se em menos de um mês. E houve uma corrida às lojas e uma concentração de vendas nos últimos dias do mês passado.

Em 30 de junho foram licenciados 27 mil veículos num único dia, um volume recorde, que equivale a quase três vezes a média diária dos últimos meses. Nesse mesmo dia, foram vendidas 79 mil unidades. Esses veículos foram emplacados no primeiro dia útil de julho, o que ajudará o setor a registrar bons resultados ainda este mês.

No início de junho foram liberados R$ 500 milhões. Quando o dinheiro acabou, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que liberou os recursos por meio de créditos tributários para as montadoras, recebeu solicitações adicionais de R$ 270 milhões que não puderam ser autorizadas por exceder o limite inicial.

O governo liberou, então, mais R$ 300 milhões diante da pressão do setor, que, na primeira fase, havia deixado de atender às locadoras, que respondem por 50% do mercado.

Numa entrevista no início da semana passada, o presidente da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, disse que, em julho, as vendas continuarão em ritmo acelerado porque o estoque da rede de concessionários ainda terá carros com descontos, que variaram entre 1,6% e 11,6%, o equivalente a abatimentos entre R$ 8 mil a R$ 10 mil. As montadoras também fizeram promoções por conta própria, para veículos fora do programa.

Tanto Possobom como o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, disseram esperar que o fim do programa de incentivos coincida com o início de um período de queda nas taxas de juros, o que ajudaria a compensar a elevação nos preços. É o mesmo raciocínio que o governo fez quando lançou o programa.

Se isso não acontecer é possível que a indústria volte a ter que paralisar as fábricas por meio de férias coletivas. Ao mesmo tempo, o segundo semestre costuma ser bom para esse setor, com aumento de demanda por consumidores que buscam lançamentos e mudança de linha dos carros.

Na véspera da liberação da segunda parte de recursos, a Volks anunciou paralisações em suas fábricas.

Previstas para agosto, as paradas técnicas foram antecipadas pela necessidade de, em alguns casos, reduzir o ritmo, segundo Possobom.  Segundo a Anfavea, no mês passado, cinco fábricas chegaram a parar.

Com essas paralisações, provocadas pela alta dos estoques de carros, a produção de veículos caiu 7,1% em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado e 17% em relação a maio, num total de 189,2 mil unidades.

A retração no mercado externo provocou a queda de produção. Importantes mercados, como Chile e Colômbia, têm registrado queda de demanda por questões econômicas internas. Soma-se a isso a crise na Argentina, principal destino dos carros exportados.

A exportação caiu 22% em junho em relação ao mesmo mês do ano passado, num total de 36,6 mil veículos.

No semestre, a queda foi de 7,7%, com 227,2 mil unidades.

Além do programa de incentivos, a Anfavea também comemorou a aprovação do texto da reforma tributária pela Câmara dos Deputados. A entidade estima que as montadoras, cuja receita anual é de R$ 350 bilhões, gastam hoje 1,2% do faturamento (R$ 4,2 bilhões) somente com a administração da burocracia tributária. A reforma atrairá investimentos e permitirá que os recursos gastos com burocracia sejam revertidos em treinamento de pessoal e em pesquisa e desenvolvimento, segundo Leite.

A indústria automobilística terá, por outro lado, que enfrentar os efeitos da reforma tributária nos preços dos carros. No caso do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), por exemplo, a alíquota hoje é de 23% para carros de luxo. Enquanto nos de entrada, mais baratos, é de 5%. O equilíbrio de alíquotas poderá fazer subir o preço de um ou outro tipo de veículo.

Passada a fase dos incentivos fiscais para a compra de carros, um novo programa federal vem por aí. Trata-se da segunda fase do chamado Rota 2030. O programa trará, como uma das principais novidades, a decisão do governo a respeito do Imposto de Importação (II) para carros 100% elétricos.

Grandes fabricantes locais defendem a suspensão imediata da isenção do II para modelos 100% elétricos, em vigor desde 2015.

Já as montadoras chinesas que começam a se instalar no país pedem mais tempo com o benefício.

Outra novidade da segunda fase do Rota 2030 será uma nova medição de emissões. Até aqui, o nível de emissões de um veículo levava em conta apenas o que sai do escapamento. Agora entrará um novo conceito, conhecido como “do poço à roda”, que mede emissões desde a origem da energia usada, seja petróleo, biocombustíveis, como o etanol, ou energia elétrica. O anúncio dessas mudanças será entre o fim deste mês e o início do próximo.

Fonte: valor.globo.com

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