Mercado de carro usado em BH reage na crise
Depois de um 2015 de resultados desastrosos para o setor automotivo, com as vendas de veículos voltando aos níveis de 2007, concessionárias de Belo Horizonte apostam nos carros usados para o reaquecimento do setor. Empresários afirmam que a procura por seminovos com até três anos de uso cresceu 30% em janeiro.
Dados da Federação Nacional das Associações de Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) apontam que, somente em 2015, foram comercializadas 4 milhões de unidades de veículos seminovos contra 3 milhões em 2014: um crescimento de 33%.
Especialistas destacam que, com o ambiente de incerteza e o risco de aumento do desemprego batendo à porta, a opção pelos financiamentos longos tende a cair.
Dessa forma, automóveis que já sofreram desvalorização de preços, mas estão conservados e com baixa quilometragem, acabam se tornando uma opção atraente para o mercado.
O gerente da área de seminovos da Big Usados Banzai, Gilson Lemos, afirma que carros com até 40 mil quilômetros rodados têm sido cada vez mais procurados.
“O nosso aproveitamento do fluxo de loja está crescendo, com uma taxa de conversão de 60%. Em média, a cada dez clientes que visitam a loja, seis compram um usado, principalmente veículos com menos de três anos”.
Na internet, a procura por usados também é crescente. O gerente do portal de vendas on-line Seminovos BH, Nimai Dasa, explica que recebe mais de um milhão de visitas mensais no site.
“Temos cerca de 24 mil veículos à venda, metade de lojistas e metade de pessoas físicas”.
Apesar de terem desempenhos diferentes de acordo com o quadro econômico, os segmentos de veículos novos e usados estão diretamente ligados. O estoque de veículos seminovos precisa ser alimentado para continuar existindo, conforme explica o presidente da Fenauto, Ilídio Gonçalves dos Santos.
“Para que seminovos estejam à disposição no mercado, precisamos de ter carros zero sendo vendidos também. Não sabemos até quando teremos esse abastecimento de carros com novos. Precisamos de recuperar a confiança dos consumidores, afinal, se não houver garantia do emprego, como as compras vão se manter?”, questiona.
O gerente de Relações Institucionais e Inteligência de Mercado da Cetip, Marcos Lavoratto, destaca que a diferença de preços entre veículos novos e usados também ficou maior nos últimos dois anos.
“No mercado de novos houve uma retirada dos incentivos em janeiro de 2014, com a volta parcial do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Em 2015, tivemos a volta completa desse tributo. Com isso, o veículo novo ficou relativamente mais caro do que o veículo usado”.
Por Raul Mariano, do Hoje em Dia.