CAMINHÕES ELÉTRICOS SÃO A POLÊMICA DA VEZ NA BRIGA ENTRE OS BILIONÁRIOS ELON MUSK E BILL GATES
Já imaginou uma briga entre o Batman e o Homem de Ferro? Com as devidas proporções, é mais ou menos isso que está acontecendo nos últimos meses entre dois dos homens mais ricos do planeta.
No capítulo mais recente das rusgas, o sul-africano Elon Musk rebateu as declarações de Bill Gates, que questionou a viabilidade de caminhões elétricos serem a principal solução para o futuro do transporte de cargas. “Ele não faz ideia”, escreveu Musk em sua conta pessoal no Twitter, ao responder o comentário de um usuário da rede social.
Em agosto, o fundador da Microsoft escreveu em seu blog pessoal sobre o desenvolvimento de veículos elétricos e afirmou que será necessário pensar em outra alternativa para cobrir longas distâncias na logística da distribuição de mercadorias. “A eletrificação provavelmente nunca será uma solução prática para veículos de 18 rodas, navios de carga e jatos de passageiros”, comentou Gates.
Para justificar essa posição, ele explicou que a necessidade de utilizar um conjunto poderoso de baterias elétricas capaz de dar conta de mover um veículo carregado com toneladas de produtos seria economicamente inviável. “A eletrificação funciona quando você precisa cobrir distâncias curtas, mas precisaremos de uma solução diferente para os veículos pesados que realizam longos trajetos”, afirmou o bilionário americano.
Obviamente, Elon Musk não ficou nada satisfeto com os comentários. Em 2017, ele apresentou o projeto batizado de Semi, com o desenvolvimento de um caminhão elétrico com quatro motores independentes no eixo traseiro. Cada um deles é responsável por gerar cerca de 258 cv, totalizando 1.302 cv de potência máxima. O veículo poderá carregar cerca de 36 toneladas de carga e tem expectativa de entrar na linha de montagem nos próximos meses.
Se Bill Gates é cético em relação ao futuro dos caminhões elétricos para cobrir grandes distâncias, analistas afirmam que esse mercado estará aquecido com a entrada de fabricantes interessadas em desenvolver veículos de grande movidos a eletricidade. Segunda a consultoria Wood Mackenzie, a expectativa é que 54 mil unidades de caminhões elétricos sejam produzidos nos Estados Unidos em 2025.
Montadoras tradicionais também estão desenvolvendo projetos para caminhões movidos a energia alternativa. Recentemente, a Mercedes- Benz divulgou o GenH2, que utilizará uma bateria elétrica combinada a células de combustível de hidrogênio. Com previsão de lançamento para o final desta década, o caminhão terá cerca de 1 mil quilômetros de autonomia — uma versão para realizar transportes em distâncias mais curtas e que utilizará baterias elétricas entrará em produção a partir de 2024.
Mais um capítulo
Nos últimos meses, Bill Gates e Elon Musk andaram se estranhando. Em julho, o fundador da Microsoft criticou a postura do bilionário sul-africano em relação à pandemia de Covid-19. Crítico das medidas de distanciamento social, Musk subestimou a gravidade da doença quando os primeiros casos começaram a explodir no Ocidente. Ele afirmou que o pânico em relação ao novo coronavírus era algo “idiota”.
Em entrevista à rede americana CNBC em julho, Gates afirmou que o dono da Tesla não tem conhecimentos sobre saúde pública e deveria levar em conta o grande alcance de suas declarações. “Ele faz um ótimo carro elétrico e seus foguetes funcionam bem, então ele pode falar sobre esses assuntos, mas espero que não se confunda com áreas em que não está envolvido”, disse.
Ainda em 2020, outro episódio marcou a rivalidade entre os magnatas da tecnologia. Após o fundador da Microsoft ter optado por um Porsche Taycan como seu primeiro veículo elétrico, Musk se mostrou insatisfeito. “Minhas conversas com Gates têm sido decepcionantes, para ser honesto”, escreveu no Twitter.
Sem se preocupar com as declarações, Bill Gates elogiou o projeto elétrico da Porsche e disse que estava bastante satisfeito com o desempenho do veículo.
Gates é o segundo homem mais rico do mundo, com US$ 111 bilhões de fortuna, de acordo com a revista americana Forbes. Já Elon Musk ocupa a quinta colocação no ranking, com US$ 95,7 bilhões. Em conversão direta, o dinheiro somado da dupla equivale a pouco mais de R$ 1 trilhão, ou quase 1/7 do PIB brasileiro em 2019. Deu para entender o tamanho da briga?