Concessionárias reabrem, mas faltam clientes

Concessionárias de carros voltaram a funcionar de forma parcial hoje, porém procura por parte de compradores ainda está fraca

Após mais de dois meses com as portas fechadas, hoje as concessionárias e lojas independentes puderam voltar a funcionar na cidade de São Paulo. Ao meio-dia, o gerente de vendas da autorizada Chevrolet Nova, na zona sul da cidade, George Willyan Lopes de Almeida, voltou a fazer atendimento presencial após 75 dias. A abertura no meio do dia foi uma escolha. A prefeitura determinou que os estabelecimentos operem de portas abertas por apenas quatro horas. Além disso, entre outras medidas de segurança, a abertura e fechamento devem ser feitos fora do horário de pico. Assim, as lojas não devem abrir antes das 10h e devem fechar antes das 17h.

Até o início da tarde, o gerente contabilizava pouco movimento presencial. “Está mais fraco que os outros dias”, afirmou, referindo-se ao período em que o comércio de automóveis esteve fechado. Nos últimos dois meses, as vendas foram realizadas pela internet. E muitos lojistas se surpreenderam com os bons resultados de maio, após um abril desastroso.

Na região dos Jardins, o diretor da concessionária Kia Stern, Walter Raucci, também optou por abrir as portas ao meio-dia. Mas, da mesma forma, apenas constatou movimento fraco. “Tem muita gente perguntando, mas ainda não há movimento”, disse. Raucci estima que há uma demanda reprimida, que estava à esperada da normalização de mercado.  “Não vai ser como antes, mas as vendas devem engrenar.”

Associação das concessionárias está confiante

O presidente da Fenabrave, entidade que congrega as associações das concessionárias, Alarico Assumpção Júnior, está confiante com a retomada gradual das atividades. Ele diz que a entidade pediu à prefeitura a abertura total (sem a limitação de horários, por exemplo), mas se mostrou satisfeito com a liberação parcial. Questionado pela reportagem a dar uma nota para a sua satisfação, considerando o que pediu à prefeitura e o que recebeu, ele diz que daria um “7,5”.

De acordo com ele, a cidade de São Paulo tem 377 concessionárias. Elas representam 5,2% das autorizadas de todo o País (7.300 lojas), mas respondem por 7,5% das vendas totais. Durante o período em que a abertura estava proibida, no entanto, as vendas na capital representaram somente 0,4% do total verificado no Brasil.

Embora boa parte das montadoras ainda esteja com produção interrompida, o presidente da Fenabrave garante que não há desabastecimento da rede autorizada. “No ritmo de vendas atual, há estoque para 90 dias”, afirma.

Quanto aos preços de carros novos, Almeida, da Chevrolet Nova, diz que ainda tem estoque de carros adquiridos antes do aumento feito pela montadora, em março. Há, portanto, ofertas a preços antigos.

Preço de usados pode cair

Já no que diz respeito a usados e seminovos, o presidente da Fenabrave avalia que os preços podem cair. De acordo com ele, as locadoras de automóveis colocaram muitos veículos seminovos para revenda. Na maioria dos casos, são veículos que estavam sendo alugados por motoristas de aplicativos. Com a queda da demanda do serviço, por causa do isolamento social, muitos profissionais acabaram devolvendo os veículos. Como resultado, segundo Alarico Júnior, isso acabou gerando “mais oferta do que demanda” no mercado.

O maior problema apontado pelo executivo, no entanto, é a escassez de crédito. Com a insegurança no futuro da economia gerada pela crise sanitária, os bancos estão recusando a maior parte dos pedidos de financiamento. Segundo Alarico Júnior, “65% das vendas precisam de financiamento, mas a aprovação está difícil”. “Antes da crise, a cada dez pedidos de crédito, sete eram concedidos. Logo após a crise, a concessão caiu para três”, afirma. No mês passado, ele diz que a média ficou em 5,6 autorizações para cada dez pedidos.

‘Troca com troco’

A Auto Avaliar – plataforma de comércio de veículos usados e seminovos que presta serviços para concessionárias – também detectou queda nos preços dos usados, motivada pela retração da economia. “Em alguns casos, o consumidor busca fazer dinheiro com o automóvel que possui numa transação com um veículo mais barato”, afirma José Rinaldo Caporal, CEO da empresa. Essa modalidade é conhecida como “troca com troco”.

Por causa do mercado de usados e seminovos bem abastecido, o vice-presidente comercial da empresa, Daniel Nino, diz que o lojista pode desvalorizar um usado, em cerca de 8%. Mas ele avalia que essa desvalorização é passageira. “O carro usado é resiliente na crise, e já há lojistas pagando melhor.”

FONTE: ESTADÃO

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