Na batalha da última milha, rival brasileira de Uber e 99 aposta no porta-malas

A Sity Inc., que opera em mais de 100 cidades no Brasil, está lançando um serviço de logística para usar o porta-malas dos carros de seus milhares de motoristas para fazer entregas para e-commerces e marketplaces

O empreendedor Fernando Ângelo não esconde de ninguém sua origem no mercado de logística. Ele, durante muito tempo, esteve à frente da Matter Solutions, uma empresa de entrega fracionadas.

Desde 2017, no entanto, ele deixou de lado esse negócio para criar a Sity Inc., um aplicativo de transporte que concorre com Uber e 99, já está presente em mais de 100 cidades no Brasil e conta com mais de 50 mil motoristas cadastrados.

Agora, Ângelo quer voltar a colocar o pé no mercado de entregas. Ele está lançando a Sity Logística, uma divisão da companhia que pretende usar um item ocioso dos motoristas enquanto levam os passageiros de um lado para outro da cidade.

Se Rappi e iFood “recrutam” motociclistas para fazer as entregas e Uber e 99 têm os motoristas para transportar passageiros, Ângelo vai contar com o porta-malas. Isso mesmo, você não leu errado.

“O porta-malas é algo dentro do carro do motorista que nunca é explorado”, afirma Ângelo, ao NeoFeed. “Essa é uma área que nasce dentro da Sity e que tem potencial de se tornar um unicórnio.”

A ideia de Ângelo é diferente do que Uber e 99 já fazem com seus motoristas. No caso de seus rivais internacionais, eles transportam objetos de pessoas físicas.

O modelo da Sity não contempla entregas de pessoas físicas para pessoas físicas. A empresa está negociando acordos com e-commerces e marketplaces para se tornar em um operador logístico de última milha dessas empresas.

O plano é usar Vans ou pequenos caminhões para retirar os produtos desses varejistas e levar para um centro de distribuição da própria Sity, que ficará localizado no centro de São Paulo. De lá, eles vão ser distribuídos para minihubs espalhados nas cidades onde a Sity Logística vai operar.

Pelo aplicativo, os motoristas selecionados para participar do serviço, vão até esses minihubs retirar os produtos. “Não vamos entregar computadores, eletroeletrônicos e produtos de linha branca”, afirma Ângelo. “Queremos atuar com medicamentos não controlados, exames médicos e produtos em geral.”

Com os produtos nas mãos dos motoristas, o aplicativo vai dar prioridade para que ele receba chamadas nas regiões em que precisa fazer as entregas. Elas só podem ser feitas sem os passageiros. A ideia é priorizar os momentos de baixa demanda para esvaziar o porta-malas.

As entregas passam, então, a ser uma nova fonte de renda para os motoristas, além das corridas tradicionais. A remuneração será baseada no tamanho e no peso de cada item transportado. “Era uma demanda dos próprios motoristas”, afirma Ângelo.

A operação logística da Sity vai começar a funcionar em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte até o fim deste ano. Ângelo diz já ter contratos fechados, mas não abre os nomes. O empreendedor afirma também que negocia com os principais varejistas e e-commerces brasileiros o serviço de entrega.

A operação logística da Sity vai começar a funcionar em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte até o fim deste ano

Em 2021, além das três capitais, o objetivo é atuar em mais seis cidades: Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Brasília, Vitória e Salvador, bem como em suas regiões metropolitanas. “É um projeto agressivo, com um ‘fit’ absoluto com o nosso modelo de negócios”, diz Ângelo.

A ideia é crescer através de franquias, aproveitando-se de estruturas de outros operadores logísticos nessas cidades. “Vamos fazer parcerias para que eles usem a bandeira Sity”, afirma Ângelo.

Um mercado quente

Assim como acontece com a briga que trava com Uber e 99, seus rivais na categoria de transporte de passageiros, a Sity vai enfrentar competidores muito maiores e mais capitalizados – a companhia tem investimento de R$ 8 milhões de seu fundador e de um grupo de empreendedores.

Um exemplo é a Loggi, startup que já levantou US$ 295 milhões de investidores como Softbank, GGV, Fifth Wall, Kaszek Ventures, Monashees, Iporanga Ventures, ONEVC, Velt Partners, entre outros.

O plano da startup fundada por Fabien Mendez é ocupar o lugar dos Correios, sendo capaz de entregar qualquer coisa, em qualquer lugar, para qualquer pessoa em um ou dois dias.

Assim como a Sity, que conta com os motoristas de aplicativos para fazer as entregas, a Loggi montou também uma rede de motoqueiros espalhados pelas cidades em que atua, no modelo consagrado por Rappi, iFood e Uber Eats, para fazer as entregas de última milha nas principais cidades do Brasil.

Além desses negócios que adotam o modelo da economia do compartilhamento, grandes operadores logísticos também ganham força nessa área. São exemplos FedEx, UPS ou DHL. Sem contar o fato de que as principais varejistas brasileiras estão estruturando suas próprias operações logísticas.

O Mercado Livre, por exemplo, através do Meli Fund, seu fundo de venture capital, adquiriu uma participação minoritária na Kangu, startup que habita pequenos comércios de bairro interessados em operar como minihubs de produtos comprados via e-commerce. Em troca, esses lojistas recebem uma comissão por cada pacote estocado em suas lojas.

O Magazine Luiza tem investido na formação de uma estrutura própria de entregas na última milha, com o apoio da Logbee, startup de logística comprada em 2018. Hoje, essa rede conta com 4 mil micro transportadores e motoristas. A varejista da família Trajano adquiriu também recentemente a GFL e a SincLog, que aumentam sua capacidade de fazer entregas para sellers.

A estratégia da B2W, dona das marcas Submarino e Americanas.com, passa pela LET’s, plataforma de logística e distribuição que inclui 17 operações no formato de fulfillment, além de alternativas como clique e retire, que envolvem os pontos de venda da Lojas Americanas. Não bastasse isso, a B2W está criando sua própria rede de entregadores no estilo de Rappi e iFood.

E até mesmo a Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, que era considerada a retardatária nessa área, está se mexendo. Em abril deste ano, a companhia comandada por Roberto Fulcherberguer comprou a ASAP Log, empresa de tecnologia que conecta lojas e entregadores.

 

FONTE: NEOFEED

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